UNICEF: 77 milhões de recém-nascidos não recebem leite materno na 1ª hora de vida

Roberta Manreza Publicado em 03/08/2016, às 00h00 - Atualizado às 11h44

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3 de agosto de 2016


UNICEF

Atrasar o aleitamento materno aumenta o risco de morte de recém-nascidos em até 80%

Cerca de 77 milhões de recém-nascidos – ou um a cada dois – não são amamentados em sua primeira hora de vida, sendo privados de nutrientes e anticorpos e do contato corporal com suas mães que são essenciais para protegê-los de doenças e da morte, disse o UNICEF.

“Fazer o bebê esperar muito tempo pelo primeiro contato crucial com sua mãe fora do útero diminui a chance de sobrevivência do recém-nascido, limita a produção de leite e reduz a probabilidade da amamentação exclusiva”, disse France Bégin, assessora sênior de Nutrição do UNICEF. “Se todos os bebês fossem alimentados com nada além de leite materno desde o momento do seu nascimento até os 6 meses de idade, mais de 800 mil vidas seriam salvas a cada ano”.

Dados do UNICEF mostram que os progressos para se ter um número maior de recém-nascidos amamentados em sua primeira hora de vida têm sido lentos nos últimos 15 anos. Na África ao sul do Saara, por exemplo, onde as taxas de mortalidade de menores de 5 anos são as mais altas de todo o mundo, o aleitamento materno precoce cresceu apenas 10 pontos percentuais desde o ano 2000 na África Oriental e Meridional e permaneceu sem mudanças na África Ocidental e Central.

Mesmo na Ásia Meridional, onde as taxas de iniciação precoce de aleitamento materno triplicaram – de 16%, em 2000, para 45%, em 2015 –, o aumento está longe de ser suficiente: 21 milhões de recém-nascidos ainda têm de esperar tempo demais antes de ser amamentados.

Quanto mais se atrasa o início da amamentação, maior é o risco de morte no primeiro mês de vida. Atrasar o aleitamento materno entre 2 e 23 horas após o nascimento aumenta em 40% o risco de morte nos primeiros 28 dias de vida. Atrasá-lo por 24 horas ou mais aumenta esse risco em 80%.

“O leite materno é a primeira vacina do bebê, a primeira e melhor proteção que recebe contra as doenças”, disse France Bégin. “Com os recém-nascidos respondendo por quase metade de todas as mortes de crianças com menos de 5 anos, o aleitamento materno precoce pode fazer a diferença entre a vida e a morte”.

A análise do UNICEF mostra que as mulheres não estão recebendo a ajuda de que necessitam para iniciar o aleitamento materno imediatamente após o nascimento, mesmo quando um médico, enfermeiro ou parteira assiste o parto. No Oriente Médio e Norte da África e na Ásia Meridional, por exemplo, as mulheres que dão à luz com auxílio de uma parteira qualificada estão menos propensas a iniciar o aleitamento materno na primeira hora após o parto se comparadas àquelas que dão à luz com o apoio de parteiras não qualificadas ou familiares.

Alimentar os bebês com outros líquidos ou alimentos é outra razão para atrasar o aleitamento materno precoce. Em muitos países, é costume alimentar o bebê com fórmula infantil, leite de vaca ou água com açúcar nos três primeiros dias de vida. Quase metade de todos os recém-nascidos são alimentados com esses líquidos. Quando os bebês recebem alternativas menos nutritivas do que o leite materno, eles mamam com menos frequência, fazendo com sejam mais difíceis para as mães o início e a continuidade do aleitamento.

Globalmente, somente 43% dos bebês com menos de 6 meses de idade são amamentados exclusivamente. Bebês que não são amamentados têm 14 vezes mais probabilidade de morrer do que aqueles que são alimentados apenas com leite materno

No entanto, qualquer quantidade de leite materno reduz o risco de morte para a criança. Bebês que não recebem nenhum leite materno têm sete vezes mais chance de morrer de infecções do que aqueles que receberam pelo menos alguma quantidade de leite materno nos seus seis primeiros meses de vida.

Sobre o UNICEF – O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promove os direitos e o bem-estar de cada criança em tudo o que faz. Com seus parceiros, trabalha em 190 países e territórios para transformar esse compromisso em ações concretas que beneficiem todas as crianças, em qualquer parte do mundo, concentrando especialmente seus esforços para chegar às crianças mais vulneráveis e excluídas.

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