13 de abril de 2014
Meu vôo hoje de SP a Recife dava um conto. Então vou contar…Congonhas, 5 da tarde. O movimento lembra o terminal rodoviário do Tietê, em véspera de feriado. O aeroporto não suporta mais o movimento. O funcionário da cia aérea me informa que só tem auto-atendimento…vou então pra fila dos computadores ( e logo penso…”se fosse meu pai acho que ia desistir do embarque”).
Despacho a mala. Antes de chegar ao portão 7, previsto para o embarque, paro para uma coca e um pão de queijo mirrado – 10 reais! É, preço de aeroporto pré copa…..Na hora do embarque, no portão 7 (oba, é túnel), o sistema de som avisa: “Srs passageiros, o voo 1612 mudou para o portão 19” (ah, não, é ônibus)…Desce escada rolante, fila enorme. Os funcionários gritam em vão as ordens “primeiro a fileira da janela, agora, a do meio”…..com fones nos ouvidos, a maioria dos passageiros nem escuta nada.Ao entrar no ônibus, rumo ao avião, me lembro de meu filho quando fomos embarcar pra Fortaleza: ao entrar no ônibus, ele ficou decepcionado – Puxa, mamãe, você disse que a gente ia de avião…. Rumo ao Rio, apenas água e amendoim, “mas pode pagar com cartão de crédito” avisa a aeromoça.Escala no Rio, ar condicionado desligado, mas quem vai pro Recife deve ficar no avião. “Afinal é só uma hora de escala”. Avião no ar novamente e começa o serviço de bordo. A moça da minha frente pede a sopa. “Senhora temos a sopa mas não temos o copo pra tomar a sopa”. “Então quero um chocolate”. “Chocolate tem no cardápio mas não tem no avião. Pagamento com cartão de crédito, débito não aceitamos. E se for pagar em dinheiro é bom que seja trocado porque não temos troco”….Eu já estava com medo da aeromoça (que, aliás, não pode mais ser chamada de aeromoça, né? É comissária de bordo). Tratei logo de pegar 10 reais – deu pro amendoim!!! Quando tudo parecia mais tranquilo, veio um aviso: “Atenção senhores passageiros. Algum médico a bordo? Temos uma passageira passando mal”.Só me faltava essa. Como jornalista eu ajudaria, no máximo, fazendo uma matéria. Mas rezei pra que não fosse nada grave. Pouso apoteótico, com direito a ambulância e tudo.Ufa, enfim estou no Recife (falar “em” Recife é errado, né?). A brisa e o cheirinho do mar compensam….amanhã tem trabalho por aqui!*Ainda sobre o post anterior, esqueci de um detalhe: durante escala no Rio, quando os novos passageiros embarcaram, uma senhora entrou no avião e veio me perguntar: “O moça, esse avião aqui vai pra onde? É Recife, mesmo?”. Até eu fiquei na dúvida….Agora sim: o conto da volta. Cenas emocionantes da vida como ela é…. Lá vai: (é longo, tá?).Chegou a hora de voltar a SP, depois de menos de 24 horas no Recife (a trabalho). Vou para o aeroporto com bastante antecedência. Pilotando a Van, o motorista Carlos – que havia tido os óculos roubados pela manhã ( eu estava correndo um sério risco já que ele fez questão de dizer que, sem os óculos, não enxergava direito.)Na chegada ao aeroporto, vejo aquele bando de gente gritando, com camiseta de time vermelho e preto. Logo penso no Flamengo, mas me lembro que estou em Pernambuco e, muito entendida em futebol, pergunto ao Carlos:-“Que time é este?”-“É o Sport Club do Recife, ganhou ontem do Ceará em Fortaleza, é o campeão do campeonato nordestino, a senhora não viu?”.– Não, moço, eu estava no avião vindo pra cá…Eram duas da tarde. Meu vôo sairia às 4. O time do Sport ia chegar às 7 da noite!!! E a torcida animada, com bandeiras e cantante, já lotava o aeroporto. Ao entrar, reparo no número grande de policiais. Seria por causa da torcida? Penso que é exagero. São muitos policiais, cada grupo com fardas diferentes, alguns parecem até do exército, estão armados. Meu Deus, deve ter acontecido algo grave. Como jornalista é jornalista mesmo quando não está trabalhando, fui lá perguntar, né?– Policial, por que tudo isso? Aconteceu o que? É só por causa da torcida?– Não, senhora, hoje estamos fazendo aqui uma comemoração. No subsolo tem uma exposição e nossa banda vai tocar….Uma mistura e tanto.De um lado, torcedores cantando o hino do Sport e, de outro, a bandinha da polícia tocando de tudo, de Vila Lobos a Luiz Gonzaga. Ainda bem que cheguei cedo, afinal o aeroporto estava animado, né? Faço hora, vejo as lojinhas. Nenhuma tem saia de chita. E a minha filha queria tanto uma….Quando reparo que a fila da Cia. aérea está quilométrica, decido encarar logo para fazer check in e despachar minha mala. Minha tendinite no braço não permite que carregue peso….A fila. A fila dá um conto à parte. Se você chegou até aqui no meu texto, não pode perder o que vem a seguir.A fila não anda. A toda hora funcionários passam gritando número de vôos chamando passageiros para sair da fila. A fila não anda. Tenho pouca bateria no celular. O jeito é bater papo na fila (com os poucos que não estão teclando no celular ou de fone no ouvido). Dona Ana me conta que vai pra Salvador. O cara de trás comenta que teve problema no aeroporto da Argentina e de Brasilia. Dona Ana, pernambucana, me conta que tem 2 filhas, um neto e vai pra Bahia visitá-los. Dona Ana está emocionada. Ela torce pro Sport, o time dela foi campeão. Ela começa a cantar o hino do time pra mim. Então me lembro que vou gravar um Programa Papo de Mãe com mães fanáticas por futebol.– Dona Ana, a senhora vai ter que ir no meu programa!– Não posso, filha (ufa, ela me chamou de filha…todo mundo deu pra me chamar de senhora de repente…tudo bem que ja passei dos 40…mas…), vou pra Bahia.– Então vou gravar um vídeo com a senhora com meu celular.– Vixe, então peraí que vou passar um batom.O vídeo ficou uma graça. Dona Ana, toda maquiada, contou que tem um time em cada Estado, cantou hinos (olha eu trabalhando de novo) e mandou até recado pros torcedores na copa (vejam o vídeo, em breve, no Papo de Mãe). Assim que terminei de gravar o vídeo ( o povo em volta achando que eu era doida e a dona Ana mais ainda), escuto da funcionária:-Tem na fila passageiro do vôo 1149 com destino a SP e escala em Brasília?– Opa, é o meu. Eu, sou eu!– Senhora (PQP, quando você começa a ser chamada só de senhora é um marco na sua vida, sabe? Agora já me acostumei….) o seu vôo vai atrasar 3 horas. Sendo assim a senhora vai perder a conexão em Brasilia, às 20h, para o aeroporto de Congonhas, então vamos arrumar lugar em outro vôo. Já no balcão, agora e um rapaz que me dá as opções:– A senhora pode ficar neste vôo que vai atrasar 3 horas, chegar em Brasilia à uma da manhã e pegar a conexão às sete da manhã para Congonhas ou mudar para o vôo que sai daqui às 18h e vai direto pra SP, chegando às 21h30 em Cumbica.Pensamento rápido: Passar a madrugada no aeroporto de Brasilia e chegar em Congonhas, onde está a P…. do meu carro ou chegar em Cumbica e ir de ônibus da Gol até Congonhas para pegar a P…. do meu carro??? Fiquei com a opção 2. Ou seja, voltar pra SP de avião + ônibus.A torcida continua animada…os policiais continuam tocando….. Uma coisa boa que surgiu nos aeroportos são as torres (super concorridas) com tomadas para carregar o celular. Logo arrumo uma tomada. Fico lá em pé uns 20 minutos segurando o celular na mão até carregar um pouquinho. Pensou que ia ter lugar pra sentar, né???? ha ha há.Vixe, já escrevi um monte e ainda nem entrei no avião. Mas tudo bem…O FB é meu mesmo…lê quem quer…(dizem que na internet tem que ser texto curto, mas não estou preocupada…nada como a liberdade de expressão). Bom, hora de ir pro embarque. Tudo mal sinalizado (redundância?). Sobre os lanchinhos: quem inventou que comida de aeroporto é pão de queijo com refrigerante??? Poxa, podia melhorar, né?Já dentro do avião. Vou pro meu lugar, no corredor, faço tudo direitinho. Vôo lotado. Fecho os olhos, estou cansada. E então alguém diz…-Senhora!(ai, senhora, de novo, é comigo….)– Oi? – Nosso vôo está atrasado porque um casal se recusa a viajar se não sentar junto, a senhora pode trocar de lugar e sentar no meio lá atrás?((ter cara de boazinha é um pé no saco!!!))Lá fui eu pro meu novo lugar…ia dormir mesmo…. É quando, num sono profundo, eu escuto:-Atenção senhores passageiros…..tivemos um problema no equipamento….no equipamento…..(PQP esse avião vai cair ou vai fazer pouso de emergência. Ele vai falar no equipamento de trem de pouso…)– No equipamento de serviço de lanches pagos!!!Não dava pra ele ter dito ” tivemos um problema no carrinho do lanche” ???? Como diria o Zé Simão, ele tucanou o carrinho e quase provocou um infarte em metade dos passageiros!!!!.Pois é. Agora nem lanche pago, nem amendoim. Sem direito a nada durante 3 horas e meia. Ah, mas eu tinha trazido um lanchinho na mochila!!!Pousamos em Cumbica (ufa, pelo menos pousou, né?). Vou procurar o ônibus lá fora. 10 da noite. Fila gigante pra pegar o busão pra Congonhas. Consigo um dos últimos lugares. Mais 40 minutos de viagem. Cheguei. Por sorte tinha tirado uma foto do lugar onde havia deixado o carro…não ia lembrar nunca….Em casa, à meia noite. Crianças acordadas para beijar a mamãe. Delícia. Enfim, esta foi minha saga de 30 horas SP-PE-SPAgora, não vou resistir: “Imagina na Copa”!!!!!!!!Obrigada aos que dedicaram seu tempo para me ler ate aqui.beijosMariana Kotscho