Por Roberta Manreza, Nós, do Papo de Mãe, já gravamos um programa sobre um tema que preocupa muito as mães e os pais de bebês: “Com quem deixar meu filho?” Acaba a licença-maternidade e a mulher precisa voltar para o trabalho. Foram meses com o filho recém-nascido sob os seus cuidados, no aconchego do lar, sendo amamentado e agora é hora de escolher alguém ou alguma creche para substituí-la. Decisão difícil, né? Doída mesmo. Só quem já passou por isso é que sabe. Para cada família surge uma solução diferente. Não existe uma só possiblidade, são várias. E não existe a melhor ou a mais correta, existe, sim, a mais indicada para o seu caso, a que vai funcionar melhor para você. O ideal é ter uma conversa entre os responsáveis pela criança, avaliando os prós e os contras das opções. Tem gente que pode contar com os avós para tomar conta do neto, tem gente que opta por uma babá ou vizinha ficar com a criança ou ainda, outra alternativa, é colocá-la em uma escolinha. Mas agora, com a Juliana crescida, com 13 anos, a minha dúvida é outra. Os dilemas nunca acabam, viu? Os filhos vão crescendo e os problemas mudando. Tenho que trabalhar e como faço? Com quem deixar a minha adolescente? Comigo acontece assim: meu trabalho muitas vezes coincide com o horário em que ela está na escola e ou em atividades extras. Mas isso não acontece sempre. Tenho muitas reuniões que acabam se estendendo e a partir de certo horário, não tem mais ninguém em casa. Resultado: a Juliana precisa ficar sozinha. Minha mãe é médica, os horários dela são ainda piores do que os meus. Meu marido também chega tarde. Volta e meia quem ajuda é a outra avó da Juliana, a Mari, minha sogra. Parece uma questão boba quando analisamos o assunto no Brasil. Sabemos que muitas crianças no país ficam sozinhas em casa e ainda acumulam tarefas: cuidam dos irmãos mais novos, cozinham, lavam, passam e arrumam a casa. Fui pesquisar sobre o assunto. A lei diz que deixar uma criança sozinha em casa é crime de abandono de incapaz com pena de seis meses a três anos de detenção. Mas a partir de que idade a lei permite que a criança fique sozinha?
Pela lei, apenas aos 16 anos a pessoa é capaz de praticar por conta própria alguns atos da vida civil. Criança fora da escola também é crime. Lógico que lei é lei, mas são várias questões sociais e fica complicado julgar. Mas conheço muitos adolescentes, com boas condições financeiras, que já estão ficando sozinhos em casa antes de completarem 16 anos. Pais que precisam trabalhar, pais que têm compromissos sociais ou ainda pais que precisam se ausentar por algumas horinhas rápidas e não veem problema nisso. Lógico, quando falamos de uma criança pequena a recomendação é nunca deixá-las sem a supervisão de um adulto. Os riscos são inúmeros. Não estamos discutindo isso. Mas e o que dizem os especialistas em relação aos adolescentes? Fui pesquisar também. A Juliana tem me pedido bastante para ficar sozinha em casa, mais uma conquista da idade para ela. Mas no caso da Juliana, vejo dois agravantes. Uma é o fato de ela ser filha única e estar o tempo toda sozinha e outra é a questão da segurança. Viver numa cidade como São Paulo, com altos índices de violência, nos deixa com medo. Especialistas afirmam que eles devem ser acompanhados de perto até os 14 anos, para evitar acidentes domésticos ou lesões não intencionais – principal causa de morte de crianças entre um e 14 anos. Mas será que precisamos mesmo esperar até lá? Não é isso que vemos na prática. Pesquisadores mostram que até os 14 anos de idade, a maioria dos adolescentes não é suficientemente madura para ficar sem a supervisão de um adulto, mesmo por um curto período de tempo. Segundo eles, os pais podem até confiar nos filhos, achar que eles já são totalmente capazes, que obedecem regras, que já têm autonomia suficiente para isso, mas é fato que até esta idade ainda podem existir muitos riscos. As crianças mais velhas até são capazes de se entreter com suas atividades sem causar problemas, mas será que elas são capazes ainda de lidar com uma emergência doméstica? Como vocês fazem? Juliana tenha paciência! Adolescentes, uma dica: quando vocês não tiverem com quem ficar, abusem das amigas e amigos com pais que trabalham em casa. Como vocês já devem saber, a Mariana é minha amiga de infância. Como minha mãe, neurologista, se dividia entre o Hospital das Clínicas e o consultório, adorava passar as tardes, depois da escola, na casa da Mariana. Ela morava perto do colégio e fazer os trabalhos de grupo lá era uma delícia. A Mara, mãe da Mariana, que é socióloga, montou o escritório dela no anexo. Sabe aquela coisa de ter mãe em casa para fazer o lanchinho da tarde? Então, pode ser uma boa saída. Rsrsrsrs. Assista ao Papo de Mãe – Com quem deixar meu filho. http://www.papodemae.com.br/2011/01/01/com-quem-deixar-meu-filho/ |