ESG é um termo que em tradução significa boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa
Thaissa Alvarenga* Publicado em 18/12/2021, às 07h00
Neste final de ano, tive a oportunidade de participar como palestrante do TEDx Leblon.
Ver o tema inclusão fazendo parte do TEDx, com pessoas com síndrome de Down protagonizando transformações foi emocionante.
Em um dos intervalos conheci o Marcus Maida, Advogado e consultor empresarial e TEDx speaker. e conversamos sobre as sinergias no que se refere a esta letra S.
ESG, como explicado acima, é um termo que em tradução significa boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa.
Apesar de ser um tema da “moda”, não é novo. Surgiu em dezembro de 2004 em uma publicação patrocinada pela ONU junto com uma série de instituições financeiras internacionais, o WHO CARES WINS.
Só por aí, já conseguimos identificar que o “pano de fundo” é o econômico.
É bem verdade que as empresas finalmente estão acordando para as questões ambientais, até porque, sentimos na pele os efeitos do aquecimento global e todos os dias vemos notícias e mais notícias sobre inundações, ciclones e outros tantos desastres naturais que assolam o Brasil e o mundo.
As questões de governança também estão sendo desenvolvidas, afinal, administrar bem uma empresa é questão de sobrevivência do negócio, ainda mais num mercado cada vez mais competitivo e globalizado.
Lutas sobre diversidade e equidade dentro das corporações são travadas a muitos anos, e, enfim estamos vendo um resultado positivo, mesmo que ainda tímido, mas o social deve ser visto mais do que esta promoção necessária.
Aliás, ESG não pode ser visto como um check list:
Plantei uma árvore - Check!
Paguei os impostos - Check!
Mulher preta na direção - Check!
Empresas que pensam e fazem assim estão praticando o greenwashing.
No fim elas ludibriam o mercado e os consumidores.
ESG são práticas consistentes e muitas vezes sobrepostas e essencialmente continuadas.
Se trouxemos o social para o centro, vamos verificar isso com mais exatidão.
O social deve ser compreendido como um todo. Visto de um micro para um macrocosmo.
Desde a contratação de capital humano local até o pagamento de uma remuneração digna. Não é o cumprimento da "cota" para PCD, é a capacitação destas pessoas, o desenvolvimento social de suas famílias.
Não é atoa que o termo "social" do ESG vem em muitas vezes precedido do termo "responsabilidade".
A responsabilidade social não se resume a filantropia. E mais uma vez, insisto, são práticas consistentes e continuadas.
Minha mãe dizia: "Filho, dê o peixe para quem tem fome, mas também ensine a pescar, pois quando você faltar ele não vai passar mais fome e ainda vai poder contribuir com os outros, quer seja dando o peixe quer seja ensinando a pescar." Saudosa mamãe.
Por fim, minha proposta é de transpormos o limite do social estabelecido.
Como empreendedora social, mãe de três crianças e o mais velho, Francisco, com síndrome de Down, concordo perfeitamente com a fala do Marcus Maida.
Na prática falar de inclusão não é apenas cobrar que a equipe da escola seja obrigada a receber crianças com deficiências, transtornos ou atrasos no desenvolvimento, mas sim ter uma equipe capacitada.
Ou pensar que no mundo corporativo as empresas estão sendo inclusivas por cumprirem a lei de cotas (Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91). O que trás a real essência do S do conceito ESG é experienciar as diferenças e pluralidade de cada ser humano.
Primeiro existe uma pessoa, que tem um nome, desejos, emoções, medo. Não somos definidos por isso, mas da forma que convivemos e trocamos com cada pessoa do nosso convívio. E como mãe vejo que a real inclusão acontece dentro do seio familiar, mostrando o que cada pessoa tem a construir com suas características e na busca para sermos seres melhores a cada dia.
Da próxima vez que encontrarem uma pessoa com Down ou com qualquer outra deficiência, mudem o olhar de pena, busquem enxergar que por trás da síndrome tem um ser humano com sonhos, desejos, talentos e limitações, assim como você. Alguém com quem você pode aprender muito.
Te pergunto: você quer mudar o seu olhar hoje para a real inclusão?
Vai ser a melhor escolha que você vai fazer para a SUA vida.
*Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar, do portal de conteúdo Chico e suas Marias e do canal do youtube Inclua Mundo.
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