A ginecologista e obstetra Ligia Santos, colunista do Papo de Mãe, explica aqui o que é violência obstétrica. Muitas mulheres já foram vítimas disso sem saber
Redação Papo de Mãe Publicado em 13/05/2021, às 00h00
O termo violência obstétrica ganhou mais espaço nos últimos anos e muitas vezes é vinculado à violência física no momento do parto. “Uma das primeiras cenas que as pessoas imaginam é alguém subindo na barriga da grávida para empurrar para o nenê sair, ou de um corte maior que deixe sequelas. Mas a violência obstétrica é um conceito bem mais amplo do que isso”, esclarece a ginecologista e obstetra Ligia Santos.
A médica explica que a violência obstétrica não está apenas ligada a uma questão física, mas também emocional e psicológica, intimidação, agressão verbal. E ela não fica restrita só ao momento do parto: pode acontecer no pré-natal, no pós parto e até mesmo num abortamento: “A mulher já chega fragilizada e corre o risco de ser destratada, xingada, humilhada, sem acolhimento e compreensão. Há diversas formas de a violência obstétrica acontecer.”
Infelizmente muitas mulheres já foram vítimas de violência física e/ou verbal na hora do parto, tais como: força física, procedimentos desnecessários ou não autorizados pela gestante, usar medicamentos sem necessidade (ou deixar de usar se necessário) não permitir acompanhante, humilhar, xingar. Mas a Dr.Ligia Santos alerta que nem todo procedimento é considerado uma violência obstétrica, alguns podem ser mesmo necessários na hora do parto. O que não pode acontecer é ela ser desrespeitada ou não ser informada corretamente dos procedimentos.
“A mulher na hora do parto deve sempre ser informada, consultada e ouvida pela equipe médica, para que entenda, inclusive, quando algo sai fora do planejado”, ressalta a ginecologista. Inclusive sobre procedimentos como cesariana, uso de fórceps, episiotomia, ocitocina. Muitos procedimentos têm indicação médica, mas tudo depende de como é a conduta no momento do parto.
Há mulheres que relatam que não foram ouvidas, ou foram xingadas, ou desrespeitadas ou até que “riam da cara dela” no hospital ao chegar em trabalho de parto, ou sofrendo algum aborto natural mas sendo tratada como “uma criminosa que tinha provocado o aborto.” A violência se dá quando os direitos da mulher não são cumpridos.
Quando a mulher grávida ou puérpera se sentir violentada ela deve denunciar na própria instituição (se tiver acontecido num hospital, por exemplo), procurar o CRM (Conselho Regional de Medicina) e até o Ministério Público para entrar com processo judicial.
Uma das melhores formas de se prevenir é estar muito bem informada sobre seus direitos no pré-natal e hora do parto e sobre o que é de fato a violência obstétrica. Dra.Ligia Santos lembra que uma boa opção é fazer um plano de parto, um documento que deixa tudo muito bem explicado sobre o que você pretende para sua gestação e hora do nascimento. Assim, o que fugir daquela previsão deverá ser sempre informado e combinado.
Estar bem informada sobre seus direitos é a melhor maneira de lutar por eles.
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