Chamo-me Maria Júlia de Oliveira, mas também estou comumente acostumadaa ser referida como “Maju” ou “Ju”, sou de Avaré, interior de São Paulo ,há pouco completei meus 18 anos e desde os 5 eu comecei minha relação com o desenho.
Roberta Manreza Publicado em 15/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 09h24
Por Maria Júlia de Oliveira,
Chamo-me Maria Júlia de Oliveira, mas também estou comumente acostumadaa ser referida como “Maju” ou “Ju”, sou de Avaré, interior de São Paulo ,há pouco completei meus 18 anos e desde os 5 eu comecei minha relação com o desenho. Aconteceu assim:
Era de tarde e eu estava com minha tia que sempre me fazia ilustrações, casinhas, árvores, sol e sempre presente, uma ou mais crianças, eu assistia ela desenhando e ficava boquiaberta. “Como ela faz isso?! “, eu ficavarepetidamente pensando, isso porque o traço dela não era algo tão impossível e intangível de se conseguir fazer, mas para uma criança com pouca coordenação motora, era simplesmente uma obra de arte! Ela terminou o desenho daquela tarde e me entregou, enquanto eu o olhava com carinho cada detalhe daquela ilustração, só pensava em como eu queria ser tão boa quanto ela, ou se possível até mais!
Foi a partir daquele momento que procurei desenhar para ser igual ou melhor que minha tia, e obviamente tudo o que eu fazia nem chegava aos pés dos desenhos dela, mas me mantinha firme. Adorava fazer cópias de revistas de colorir infantis, eu achava o máximo por uma folha limpa por cima do desenho impresso e repassar as linhas no papel e ver tudo tomando forma no meio daquelas linhas tremidas e tortas, mas uma coisa me intrigava: de que adianta eu só depender de copiar? Quero ter meus personagens e que eles tenham minhas linhas. Foi aí que junto com minha irmã, começamos a criar livros de historinhas ilustrados, pegávamos uma quantidade de papel, dobrávamos ao meio e assim se iniciava as historinhas, nesse período eu já estava com 6 anos, elas não tinham muito sentido, mas era nosso passatempo preferido.
Queria abrir um parêntese para falar da minha irmã, nós somos gêmeas e ambas temos a mesma história e relação com o desenho, sempre evoluímos juntas.
O livro que mais me recordo foi um que eu e minha irmã fizemos cada uma o seu, mas a história e os desenhos eram muito parecidos, contava as aventuras de um grupo de amigos/primos numa fazenda com seus cachorros que por acaso eram os cachorros que eu brincava na rua naquela época.
Os anos passavam e eu sempre procurava algo para me inspirar, o que mais fez meu traço mudar entre meus 9 e 13 anos foi sem dúvida os gibis da “Turma da Mônica Jovem”, foi daí que tirei meu gosto pelo estilo mangá, apesar de mais puxado para o ocidental, uma vez que se tratava de uma produção brasileira com um pouco de influência oriental. Nesse período eu fazia muitas Meninas com olhos gigantes e brilhantes, minha anatomia era bem precária, mas recebia muito apoio do meu pai, que sempre me dava material e elogios para continuar a desenhar.
Em 2016 já estava cansada de estar na mesma e comecei a querer melhorar minha anatomia, inclusive a masculina já que eu quase não a fazia, assim comecei a procurar tutoriais na internet no estilo mangá, eu fazia o desenho idêntico, só mudava o cabelo, um pouco dos olhos, boca, enfim, eu queria criar minha identidade. Naquele ano a escrita voltou a fazer parte dos meus hobbies, agora eu estava escrevendo uma ficção de fã (ou fanfic) para um site e foi a partir dessa escrita que tomei coragem para fazer meu primeiro personagem, Mikoshiba Daimyozamurai o nome dele (sim complicado de dizer, mas todos meus personagens atualmente têm nomes asiáticos), era meu primeiro Oc (original Character – personagem original) e era um homem! Eu comecei apenas com um esboço simples do rosto, naquela época eu ainda não coloria, fazia apenas sombras com grafite, pronto! Estava feito meu “primogênito’’, apenas um rostinho.
No final de 2016 fiz meu primeiro desenho colorido, bem “chapado” afinal eu sótinha noção de como fazer sombras no preto e branco, colorido estava em outro patamar para mim, mas persisti sempre procurando tutoriais simples, cor base, círculo cromático tons para fazer diversas sombras, de pele, cabelo, roupas, olhos e o resultado eram desenhos muito saturados ou na maioria das vezes, com pouquíssima saturação de cor.
Continuei nesse ritmo desenhando todos os dias praticamente, treinando anatomia, contorno com caneta nanquim e colorindo com lápis e sem deixar a escrita de lado, afinal é a segunda coisa que mais amo fazer.
Hoje em dia conto com 31 personagens de minha autoria, “minhas crias” comocostumo dizer, todos com histórias definidas, separados por universos. Todos eles têm um pouco de mim, não em questão de traço, mas na personalidade ou na história, como alguns terem sido criados pelo pai, uns serem nervosinhos, outros cheio das gracinhas, ou também aqueles que são protetores. Parei pra avaliar isso após uma conversa com a minha psicóloga e sério, isso é incrível! A forma como eles são, todos são um fragmento do que sou hoje e eu tenho muito carinho por cada um deles, até parece bobeira, mas é a verdade.
Hoje em dia eu trabalho com lápis de cor, aquarela, há poucos meses comecei a desenhar digitalmente e posto meus trabalhos no meu Instagram (@maju_usa). Meu maior sonho é ver todos eles tendo vida, se mexendo, correndo, rindo, enfim, eu adoraria aprender animação para realizar isso, nuca pensei em trabalhar com desenho, mas admito que se eu tivesse a oportunidade, eu a aproveitaria da melhor maneira.
Assista ao Papo de Mãe sobre desenhos infantis.