pmadmin Publicado em 15/11/2010, às 00h00 - Atualizado em 06/10/2014, às 13h56
O Papo de Mãe tratou de um tema de extrema importância e que, infelizmente, tem sido uma constante em muitos lares brasileiros, independente de classe social: a violência doméstica. No programa, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco da história de mulheres muito guerreiras que foram vítimas, mas que tiveram força e coragem para denunciar seus agressores.
Contamos com a presença de Maria da Penha (da Lei Maria da Penha), que veio direto de Fortaleza especialmente a convite do nosso programa. Penha é biofarmacêutica e em 1983, enquanto dormia, levou um tiro do próprio marido – o professor universitário Marco Antonio Herredia Viveros – e ficou paraplégica. Ao longo de mais de 20 anos, Penha vem fazendo de sua tragédia pessoal uma bandeira para defender o direito das mulheres vítimas de violência. Sua história pode ser conhecida em detalhes na sua biografia entitulada “Sobrevivi. Posso Contar”.
Tivemos também a presença da jovem Nathália Just, cuja mãe foi assassinada pelo próprio pai em frente aos filhos. Nathália, o irmão e o tio também foram baleados por ocasião da tragédia e por pouco não morreram. Hoje, a jovem e o irmão lutam para fazer justiça e colocar o pai – o comerciante José Ramos Lopes Neto – na cadeia. A história de vida e de luta deles pode ser acompanhada pelo blog http://casomaristelajust.blogspot.com/.
A juíza Vanessa Mateus, do Primeiro Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da capital paulista também esteve presente para nos ajudar no esclarecimento de dúvidas. E Rosângela Santos, numa reportagem exclusiva, mostrou para a gente como funciona uma delegacia da mulher.
Segundo pesquisa feita pelo Instituto Sangari, com base em dados do SUS, em 10 anos, 10 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. A média fica acima do padrão internacional e a motivação geralmente é passional. Em 2010, de acordo com dados da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, as denúncias de violência doméstica mais do que dobraram. A Central de Atendimento à Mulher – o ligue 180 – registrou mais de 340 mil atendimentos no primeiro semestre, o que representa um aumento de 112% em relação ao mesmo período do ano passado. Ao todo foram 36 mil relatos de violência física, 16 mil de violência psicológica, 7,5 mil de violência moral, 800 de violência patrimonial e 1.280 de violência sexual. Além disto, foram registrados também 239 casos de cárcere privado.
É muito importante que as mulheres saibam que existe este telefone para ligar: 180. O balanço do ligue 180 mostra que em 68% dos casos, a violência contra a mulher é presenciada pelos filhos, sendo que em 16% das situações, o filho sofre a violência junto com a mãe. E tem mais: quase 40% das mulheres dizem sofrer violência desde o início da relação e 57% afirmam que são agredidas física ou psicologicamente todos os dias. Em mais da metade dos casos, as mulheres também disseram correr risco de morte.
Infelizmente, o medo da reação dos agressores depois da denúncia é um dos principais fatores que impedem as mulheres de procurar ajuda. Uma pesquisa da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo, aponta que a violência doméstica (violência física) traz danos cerebrais que dificultam a reação das mulheres aos abusos que sofrem dentro de casa. As repetidas agressões afetariam a percepção da realidade e a memória das vítimas. Além disto, o trauma também provoca depressão e ansiedade.
Outro fator importante é a dependência econômica que muitas mulheres têm de seus companheiros. A ONG internacional Centro pelo Direito à Moradia contra o Despejo fez um pesquisa no Brasil e constatou que a dependência econômica impede que as mulheres deixem os parceiros violentos. 24% das entrevistadas disseram que permanecem com os agressores porque não têm como se sustentar. Uma em cada 4 brasileiras sofre com a violência doméstica, e a cada 15 segundos, uma mulher é atacada no Brasil.
Toda esta realidade é um absurdo e precisa mudar. Por isto,é importante frisar que existe um número de telefone para todo o Brasil para as mulheres vítimas de violência que precisam de ajuda. É o 180. A Central recebe denúncias de violência contra a mulher, dá informações sobre a Lei Maria da Penha e indica a rede de atendimento mais próxima. Em casos graves, aciona a Polícia e o Ministério Público. Portanto, se você é vítima ou conhece alguém que seja vítima de violência doméstica disque 180 e denuncie. Vamos fazer a nossa parte para tentar combater esta covardia!