A amamentação é um assunto que gera muitas discussões baseadas em experiências pessoais (muitas vezes mal sucedidas) e onde um conselho errado pode significar o desmame precoce
Ana Laura Kawasaka* Publicado em 29/10/2020, às 00h00 - Atualizado em 05/01/2021, às 11h33
Se tem uma coisa que as pessoas gostam de fazer é dar palpites na vida alheia, ainda mais se o assunto for relacionado à criação dos filhos.
A amamentação é um assunto que gera muitas discussões baseadas em experiências pessoais (muitas vezes mal sucedidas) e onde um conselho errado pode significar o desmame precoce.
Por isso é importante desmistificar algumas informações equivocadas que confundem e tiram a confiança das mamães. Vamos ver 5 mitos da amamentação:
Se engana quem pensa que livre demanda é abdicar da rotina. Ao longo dos primeiros meses a mãe e o bebê vão se conhecendo, estabelecendo o vínculo. Com a livre demanda é possível se libertar de horários rígidos, não depender de relógios e aplicativos para controlar a amamentação, entender as necessidades do bebê. Saber que em alguns horários ele vai mamar menos, perceber se o choro é de sono ou fome, entender que peito não é só alimento e sim aconchego e carinho. Aos poucos se cria a rotina dessa família, que é única! Livre demanda é, na verdade, libertação!
O seio materno não é um depósito de leite! A produção ocorre de acordo com a demanda, simultaneamente à sucção do bebê. Ter mamas sem turgidez não significa que a mãe não produz leite! Achar que tem pouco leite porque ordenha pouco com as mãos ou a bomba também é um equívoco, pois a sucção do bebê é muito mais eficiente do que qualquer ordenha.
Nos primeiros 3 meses o bebê tem uma enorme necessidade de contato com a mãe, pois ainda não se identifica como um ser separado dela. É a chamada exterogestação ou “gestação fora da barriga”. Nesse período, choros são frequentes e a demanda por atenção e carinho é enorme. É comum ocorrer o desmame precoce nesse período por exaustão materna, o que poderia ser evitado com uma rede de apoio eficiente. Entender que nem sempre o bebê quer peito e sim contato físico e que o pai, a vovó ou quem estiver por perto pode ser parte dessa rotina é imprescindível na manutenção da amamentação.
Até o primeiro ano de vida a alimentação é complementar ao aleitamento. Portanto, não se estresse se o bebê continuar preferindo o tetê. Continue a oferecer os alimentos, faça apresentações diferentes, mas mantenha o leite materno. E após 1 ano? É comum a queixa de bebês que comiam bem mas depois de 1 ano diminuem o apetite. Isso é normal, pois as necessidades da criança mudam nessa fase (peso e tamanho crescem numa velocidade menor). Portanto, não é necessário desmamar para que a criança coma melhor.
A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que se mantenha o aleitamento materno até os 2 anos ou mais. E se engana quem acha que não há benefícios após 1 ano de vida. O leite materno continua oferecendo muitos nutrientes: cálcio, vitaminas A, C e B12, ácido fólico, além de anticorpos que protegem a criança de doenças. A amamentação continuada também tem benefícios para a mãe, diminuindo as chances de ter câncer de mama, ovário e colo do útero, além de proteger contra osteoporose e doenças cardiovasculares.
*Ana Laura Kawasaka é mãe, pediatra do Saúde4kids e cardiologista infantil
**Saúde4kids
O amor à medicina uniu as médicas: Fernanda, Rafaella e Ana. Além da vocação em servir aos pequenos, elas tinham outra certeza: precisavam ajudar as mamães. Perceberam que muitas estavam perdidas nesse caminho cheio de novidades e incertezas que é a maternidade e, na busca por informações, as mamães se perdiam ainda mais.
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