O pediatra Moises Chencinski comemora: "Pequenas ações importam e podem fazer a diferença". A atriz, no papel de Sylvie, celebra a possibilidade de trabalhar e ser mãe
Dr. Moises Chencinski* Publicado em 05/07/2021, às 18h19
Quantas vezes você acorda pensando em salvar o (seu) mundo, com mudanças radicais que vão transformar sua vida, com formas mágicas para ser feliz?
E quantas vezes você vai dormir triste, decepcionado, derrotado por perceber que todo aquele ímpeto e planejamento iluminado do amanhecer foi entardecendo, perdendo seu brilho e anoiteceu na escuridão e que... bom, amanhã é outro dia.
- Esperança baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas.
- Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável.
E aí, alguém te diz que o “problema” está nas suas expectativas, que você precisa “diminuir” ou “ajustá-las para realidade”. Mas se for realidade, não é expectativa, não é?
Minha sogra, de linda memória, sempre dizia que “o ótimo é inimigo do bom”. E nós somos assim. Queremos o ótimo, o perfeito, o melhor, o único. E se eles não vêm, qualquer coisa é suficiente para que sua felicidade não seja completa e aí está só... bom, mas insuficiente.
Essa semana, uma notícia teria passado por nós sem ser notada, não fosse protagonizada por uma atriz conhecida, Sophia Di Martino, estrela de um filme esperadíssimo "Loki", no Disney Plus, que compartilhou uma foto de seu traje, da personagem Sylvie, no Instagram, com o seguinte depoimento:
“Não é fácil ser uma mamãe que trabalha (eufemismo!) #christinewada desenhou o traje de Sylvie e teve a ideia genial de adicionar zíperes ocultos para facilitar o acesso para que eu pudesse usar minhas bombas com as mãos livres facilmente (foto) e amamentar meu bebê entre as filmagens. São pequenas (grandes) coisas como esta que possibilitaram fazer meu trabalho E ser mãe. Sou eternamente grata.”
A fantasia épica de uma super-heroína amiga da amamentação.
Menos é mais.
Já ouviu isso também?
Entendeu agora?
Sempre visamos mais leis que protejam a mãe trabalhadora que amamenta (importantes), milhares de informações (necessárias), locais de trabalho que apoiem o aleitamento materno (um sonho), o fortalecimento de redes de apoio (fundamentais). São projetos que sempre devem estar em nossas metas.
Mas, por termos propostas amplas, abrangentes, muitas vezes deixamos de lado pequenas ações que podem ser eficazes para proteger e apoiar uma mãe que amamenta.
Desde a gestação (pré-natal), passando pelo parto (na maternidade, em casa), pela volta à casa, à família, ao trabalho, o “macro” e o “todo” são fundamentais, mas o “micro” e o “cada mãe conta” é imprescindível. Não dá para não ter.
A gentileza, o cuidado, a generosidade, o olhar, a escuta com cada uma das mães podem trazer efeitos e marcas para sempre.
“Todos os grandes e pequenos momentos,
feitos com amor e com carinho,
são pra mim recordações eternas.
Palavras até me conquistam temporariamente...
Mas atitudes me perdem ou me ganham para sempre.”
Clarice Lispector
No filme, foi um zíper. Mas pode ser um assento no metrô, um copo de água durante a mamada, uma escuta, uma voz, um silêncio, um olhar, um só gesto e a diferença se faz.
E com, sem, ou apesar de grandes ou pequenos gestos, a mulher, a mãe, seguem, muitas vezes só olhando para frente, para não perder seu foco. Estar ao seu lado e se fazer presente, muitas vezes, é o “ótimo” que pode ser o suficiente para ela.
*Dr. Moises Chencinski , pediatra e homeopata.
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece, GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego, É MAMÍFERO QUE FALA, NÉ? e Dicionário Amamentês-Português
Editor do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Criador do Movimento Eu Apoio leite Materno.
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