Como criar uma rotina prazerosa em meio aos inúmeros compromissos diários que temos?
Yolanda Basílio* Publicado em 23/06/2022, às 08h57
O brincar é a linguagem natural das crianças e além de ser uma atividade fundamental para o desenvolvimento infantil, brincar também representa a forma dessa criança saber que está no mundo e faz parte dele. Através das brincadeiras, as crianças refletem sobre suas realidades e culturas.
Brincar também auxilia a aprendizagem, já que é por meio desse processo a criança cria, inventa, experimenta, constrói e explora o mundo ao seu redor. Além disso, o brincar possibilita que as crianças aprendam habilidades de vida importantes para o seu crescimento saudável, como ser empático e comunicativo.
Em um mundo em que os adultos estão cada vez mais atarefados e “engolidos” por suas rotinas diárias de trabalhos e compromissos, qual seria o tempo ideal que deveríamos dispor para auxiliar nossos filhos nesse crescimento saudável que o lúdico proporciona?
Essa pergunta sempre vem à tona durante as minhas consultas e costumo responder que não existe um tempo ideal, o que existe é a qualidade real. Independentemente da quantidade de tempo, o brincar faz toda a diferença no desenvolvimento infantil quando se tem qualidade.
É preciso estar junto, conectado, participando ativamente da brincadeira com a criança. Se essa brincadeira durar 5 minutos, mas você se empenhar para estar 100% conectado com o momento, todos saem ganhando. Uma coisa é certa, quanto mais tempo de qualidade você tiver com o seu filho, melhor será a relação entre vocês e de forma mais saudável seu pequeno irá se desenvolver. Uma dica que eu sempre dou é “não se culpe, se planeje”. Coloque na sua rotina esse momento como uma prioridade. Se estiver de home office, por exemplo, faça pausas de 15 minutos pela manhã e 15 minutos pela tarde, que são equivalentes ao cafezinho presencial.
Aproveite esse momento para se desconectar e estar junto da criança, sem celular, sem pensar no restante do dia. Esteja de fato ali, de corpo e alma, para mergulhar no mundo do seu filho e criar com ele uma conexão verdadeira, através do universo lúdico que certamente ele conhece como ninguém. Isso vai fazer com que você, inclusive, volte mais animado, desperto e engajado para o trabalho. Precisamos dessas pausas para renovar nossa atividade cerebral e despertar o corpo.
Aqui é importante ressaltar que atividades extras, como esportes e aulas extras com temáticas específicas, não entram como brincadeira. Apesar de oferecerem muitos ganhos e de serem importantes para o desenvolvimento infantil, aqui estamos falando do brincar real, do brincar livre, onde a criança tenha liberdade para criar, comandar, reinventar e experimentar!
Atualmente, o mercado oferece empresas de educação domiciliar infantil, como é o caso da Poppins micro-schools, na qual atuo também como diretora, que tem um papel interessante para crianças que estão na primeiríssima infância (dos 4 meses a 4 anos) e necessitam deste trabalho de desenvolvimento e acompanhamento com maior frequência.
Os educadores desta empresa são preparados para transformar qualquer lugar em um espaço de brincar. Levam materiais pedagógicos capazes de criar uma infinidade de brinquedos a partir da imaginação e participação da criança no ato de brincar. Além de organizarem o dia e a rotina, mesclando atividades dirigidas com atividades livres.
O fato é que, independente de como, é através da brincadeira que as crianças ensaiam seu papel na sociedade e refletem a realidade que vivem. O brincar ajuda a criança a elaborar papeis dentro de uma cultura e desenvolve habilidades sociais e de vida.
Pense que vale o esforço e a dedicação dos minutos diários. E se tiver a oportunidade, crie uma rede de apoio para complementar esse tempo com familiares ou profissionais qualificados.
Brincar também é um ato de amor, e dos mais puros, certamente.
Deixo, por fim, uma reflexão interessante do neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro. “Os mamíferos inteligentes aprendem brincando. Quando o tigre ou o leão filhote brinca com seu irmãozinho, por exemplo, ele está, na verdade, treinando para fazer caçadas perigosas no futuro. O mesmo acontece com o ser humano. Em outras palavras: deixar uma criança livre para brincar sozinha, do jeito que ela quiser e com o que quiser, sem interferir, e de modo não dirigido, não é perda de tempo. É ganho de saúde.”
Recomendação de leitura: Manual do Brincar(Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (fmcsv.org.br)
*Yolanda Basílio é psicóloga, orientadora de saúde mental e diretora pedagógica da @poppinsedu
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