Calunguinha te convida a viajar pelos ares, conhecendo gente pretinha do Congo até Palmares. Conheça o novo podcast do Spotify
Fernanda Fernandes* Publicado em 27/05/2022, às 07h39
No dia 20 de maio, o podcast Calunguinha - O Cantador de Histórias, que apresenta contos de ninar inspirados em importantes figuras negras para a história do Brasil e do mundo, teve sua estreia no Spotify.
Idealizado por Lucas Moura e Stela Nesrine - artista e empreendedora , o Original Spotify apresenta 12 histórias cantadas e com a narração de artistas da música e da dramaturgia brasileira como: Lázaro Ramos, Zudizilla, Naruna Costa, Yuri Marçal, Aretha Sadick, Luedji Luna, Ícaro Silva, entre outros.
Calunguinha é um garoto pretinho (como sua mãe) e crespinho (como seu avô). Toda noite Calunguinha quer ouvir história tomando chá, e a mamãe sempre tem uma boa história sobre alguma pessoa pretinha importante pra contar, mas sempre que a mamãe sopra a xícara de chá para esfriar, magicamente, o Calunguinha sai voando junto com a fumaça e vai parar no lugar onde a história se passa. Junto com seu avô, que já é um ancestral e que só o Calunguinha consegue ver, toda noite ele voa pelos ares, navega pelos mares, passa por Congo, Pernambuco, Bahia, Palmares e muitos outros lugares. Na volta, ele canta pra sua mãe tudo que ele aprendeu e fala sobre cada pessoa preta incrível que conheceu.
A ideia para Calunguinha surgiu durante a pandemia, após o casal de criadores sentirem falta de conteúdos autorais de áudio focados no povo negro para apresentar ao Caê, de 5 anos, filho de Stela e enteado de Lucas, na tentativa de encontrar atividades fora da tela. E o podcast ganhou vida durante a participação deles no programa Sound Up, uma iniciativa do Spotify que apoia criadores de conteúdo de comunidades subrepresentadas, em especial negros e indígenas.
No episódio de estreia, Lázaro Ramos narra a história inspirada em Rei Malunguinho, falange espiritual afro-ameríndia presente nos terreiros de Catimbó, Toré e Umbanda, sobretudo da região nordeste do Brasil, inspirada na figura do líder João Batista, do Quilombo de Catucá.
Mas além do Rei Malunguinho, cada um dos 12 episódios conta histórias inspiradas em importantes figuras negras do Brasil, como: Luisa Mahin, João Cândido, Teiniaguá, Ganga Zumba,Xica Manicongo, entre outros.
Em entrevista ao Papo de Mãe, Stela explica que um de seus objetivos com a escolha dos personagens, era ajudar as crianças com desafios que elas precisam enfrentar, e para isso, pensou em ajudá-las através dos saberes dos mais velhos. Pensando nisso, no podcast, Calunguinha sempre passa por uma questão que não consegue resolver, e ao voar para dentro das histórias, os ancestrais conseguem o ajudar e o beneficiar com os seus ensinamentos.
Em relação às figuras escolhidas, Lucas complementa dizendo que nessa primeira temporada eles escolheram trabalhar com personagens míticos, no qual não se tem tanta documentação.
Todos os personagens tem esse lugar de serem personagens que existiram, mas ao mesmo tempo, só chegaram para a gente a partir da história oral. Então são personagens míticos, e o que a gente não sabe deles a gente completa com a nossa imaginação. O Calunguinha vai imaginar essas histórias junto”.
Por conta disso, o podcast é ficcional. Segundo os criadores, não é um podcast de contação de história, o projeto surge para trazer ludicidade para as crianças e incentivar a imaginação. Vem como uma oportunidade para os pequenos saírem de frente das telas, e se adaptarem a um novo formato. Além de ainda conhecerem histórias que são pouco contadas.
Stela e Lucas comentam que se sentem muito honrados por terem produzido o projeto e terem conseguido participações de personalidades que admiram. Eles têm noção que estão trazendo algo novo, não só no conteúdo, mas no formato também, e reforçam que toda a produção foi feita com muito estudo e cuidado.
Por fim, Stella faz uma pontuação importante, ao afirmar que o podcast é para todos:
"As pessoas olham para o Calunguinha às vezes como se fosse um conteúdo para crianças negras, mas é justamente para todo mundo, para que as crianças negras não tenham que travar uma batalha tão grande desde cedo. Então as crianças brancas, as famílias todas podem ouvir, porque é sobre a nossa história, no Brasil todo mundo tem uma história negra”.
*Fernanda Fernandes é repórter do Papo de Mãe
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