1 em cada 10 casais sofre com o fantasma da infertilidade e angústia de não poder engravidar. Conheça a história de sucesso na pandemia
Dr. Alfonso Massaguer* Publicado em 18/05/2021, às 09h52
Uma história de superação e de amor, um amor em dobro. Essa pode ser a definição da trajetória de vida do casal Ana Paula de Freitas e Leandro Pereira da Silva que durante nove anos sonhou com a maternidade, aprendeu com as tentativas de fertilização sem sucesso, superou os momentos difíceis até realizar o sonho que virá em dobro, o casal está grávido de gêmeos.
O que é ser mãe? Na sabedoria popular as definições surgem espontaneamente, "é amar um ser que cresce dentro de você", é amar incondicionalmente o seu filho", "é renascer quando ele nasce", "é ter um novo sentido na vida quando pega o filho nos braços pela primeira vez", "é o verdadeiro “coração fora do peito”". Se não existe uma única definição para expressar esse sentimento, com certeza tem uma afirmação que ninguém discorda: ser mãe é antes de tudo um ato de amor e de renúncia. Um sonho alimentado pela maioria das pessoas, mas que pode ser um desejo distante para algumas delas. O número de pessoas que apresentam problemas de infertilidade varia de 10 a 15%. "Um casal pode ser considerado infértil depois de um ano de tentativas de engravidar naturalmente. Nessa hora, essas pessoas devem procurar um especialista para identificar a causa do problema e indicar o tratamento mais adequado", afirma o Dr. Alfonso Massaguer, ginecologista e obstetra, diretor-responsável pela clínica Mãe, de Medicina Reprodutiva.
Ana Paula e Leandro, ambos de 31 anos, descobriram ainda no exame pré-nupcial que teriam dificuldades para ter filhos. Com diagnóstico na mão, trataram de buscar ajuda especializada. Foi o início de uma história marcada por avanços, frustrações e um final feliz. "Primeiro buscamos tratamento na região em que moramos, fizemos todo o acompanhamento médico e em quatros anos tentamos três vezes a Fertilização In Vitro. As 3 não deram certo. Ficamos muito tristes e pensamos em desistir. Mas depois de um ano, resolvemos tentar mais uma vez. Num outro estado, um outro médico e uma nova abordagem no tratamento", relata Ana Paula.
O ano era 2017 e a mudança de ares renovou a esperança do casal. Eles estavam prontos para tentar mais uma vez. Nessa hora o acolhimento é tão fundamental quanto a capacidade dos profissionais envolvidos no processo. "O médico que nos recomendaram se mostrou muito humano. Desde o começo ele nos passou muita confiança e tivemos a certeza que deveríamos prosseguir", explica a paranaense.
“Durante as consultas, achamos que a melhor maneira seria fazer o congelamento dos blastocistos - quando o embrião já passou por diversas fases de desenvolvimento e só está esperando para ser implantado no útero-, então o meu esposo teve que passar por algumas cirurgias e eu também tive que fazer algumas coletas", afirma a paciente já familiarizada com as técnicas e procedimentos utilizados na busca da tão sonhada gravidez. Mas essa história ainda teria muitos capítulos e estava longe de terminar.
Eles decidiram que fariam 3 tentativas de coletas do material. Logo na primeira coleta houve uma pequena vitória para o casal comemorar. Depois de todo o processo de indução, eles conseguiram coletar dois blastocistos. Na segunda, um retrocesso, nenhum blastocisto bom para o congelamento. Na terceira coleta, o organismo da paciente não respondeu bem a indução e o processo parou no meio do caminho porque já não havia óvulos suficientes, "aí foi como um balde de água fria, porque passamos por tudo aquilo e não conseguimos congelar nenhum. Eu fiquei muito triste e questionei Deus se eu não conseguiria ser mãe", conta Ana Paula.
E lá se foram mais quase 4 anos de espera até Ana Paula e Leandro decidirem voltar ao tratamento, no fim do ano passado, mesmo em meio à Pandemia. A pressão do relógio biológico ainda não existia, mas o desejo da gravidez era a força que movia o casal. Mesmo local e o mesmo médico atencioso e confiante no tratamento. "Era a nossa quarta tentativa. Eu me lembro de conversar com o doutor Alfonso e ouvir dele que precisávamos ter confiança. Então fizemos a coleta e deu tudo certo, nós conseguimos congelar quatro blastocistos, para somar aos dois que estavam congelados desde 2017", comenta aliviada Ana Paula.
No começo desse ano foi feita a inseminação. Dessa vez, a paciente não queria criar tanta expectativa quanto das outras vezes. Tanto que depois do procedimento saiu para trabalhar normalmente. Foram 10 dias até que o resultado fosse conhecido. "Positivo, deu super positivo. Nós ficamos muito felizes e comemoramos depois de ter certeza que estava tudo certo", revela a paranaense.
Um exame de ultrassom feito recentemente confirmou a gravidez não de um, mas de dois bebês. Depois de mais de 9 anos, o sonho estava realizado e a primeira gravidez do casal segue sem problemas. "Não há uma fórmula mágica que determine o sucesso de um tratamento de reprodução. A qualidade do tratamento importa? Claro que é um diferencial. Mas, com certeza, o desejo do casal, a confiança na equipe médica e a perseverança são muito importantes", afirma o Dr. Alfonso Massaguer.
No meio da Pandemia, Ana Paula e Leandro fizeram uma opção pela vida e foram recompensados em dose dupla. "Eu deixo um recado para todas as mulheres que desejam ser mães: não desistam dos seus sonhos, Deus sabe o momento certo, a hora certa e ele usa pessoas realmente para nos abençoar, a ciência está aí para nos ajudar. Eu tentei nove anos, alguns momentos eu era muito fraca, não conseguia, tinha vontade de desistir e as pessoas ao meu redor me diziam para não desistir. Então eu digo para não desistirem dos seus sonhos!”, comemora a grávida de gêmeos.
*Dr. Alfonso Massaguer - CRM 97.335.
É Médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Ginecologista e Obstetra pelo Hospital das Clínicas e atua em Reprodução Humana há 20 anos. Dr. Alfonso é diretor clínico da MAE (Medicina de Atendimento Especializado) especializada em reprodução assistida. Foi professor responsável pelo curso de reprodução humana da FMU por 6 anos. Membro da Federação Brasileira da Associação de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), das Sociedades Catalãs de Ginecologia e Obstetrícia e Americana de Reprodução Assistida (ASRM). Também é diretor técnico da ClínicaEngravida, autor de vários capítulos de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana em livros de medicina, com passagens em centros na Espanha e Canadá.
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