O que o cocô do seu filho pode dizer sobre a saúde dele
Rodrigo Moraes* Publicado em 01/10/2021, às 12h48
Pai pela primeira vez aos 48 anos, o vídeo maker Jackson Macedo, encantado com a chegada da filha, faz valer a profissão: registra, incansavelmente, cada momento da pequena Antonina.
Com apenas um mês e meio de vida, ela e a mãe, a farmacêutica Bruna Halcsik, estão sempre sob o foco da lente que a tudo registra: a primeira mamada, o primeiro banho e a primeira soneca, deixando para os bastidores apenas os momentos, digamos, de mais privacidade, quando a primeira filha põe à prova a habilidade dos pais nas primeiras trocas de fraldas.
Os primeiros cocôs, de fato, não estão entre as imagens exibidas com orgulho por pais e mães às primeiras visitas. Isso, no entanto, não quer dizer que se deva estar menos atento às fezes que às demais atividades fisiológicas. Tanto é assim, que Bruna e Jackson sabem de cor as mudanças acontecidas até agora.
“Como ela mamou já na maternidade, o primeiro cocô foi também ainda no hospital. Pastoso e de coloração bem escura, é chamado mecônio”, conta Jackson, mostrando estar por dentro de cada detalhe.
“Conforme os dias foram passando, e ela foi mamando mais, a cor foi mudando. O cocô foi clareando, passou por um tom de verde, e agora está em um tom amarelo”, complementa.
Mas se o cocô não está entre os campeões de audiência em fotos e vídeos, a situação é completamente o contrário entre os pediatras, diz a médica Denise Brasileiro.
“Nós adoramos receber as fraldas para ver como está o aspecto e a aparência das fezes do bebê. Com isso, a gente pode identificar se ele está evoluindo bem, principalmente nos dois primeiros meses de vida”, conta a pediatra que, ao lado do colega Magno Veras, é autora do livro Papa Nenê.
Ela conta que Antonina está, neste momento, na terceira fase das transformações do cocô. A primeira é o mecônio, como disse Jackson, bem escuro e com consistência de graxa, que dura entre dois e três dias; depois vêm as chamadas fezes de transição, mais amolecidas e esverdeadas; e então a cor passa para o amarelo ovo, que indica que o bebê está se alimentando bem, já com uma maior quantidade de leite materno. Quando vejo aquele cocô bem amarelinho, fico super tranquila”, diz a pediatra.
Segundo ela, há três situações para as quais os pais devem ficar atentos. O cocô do bebê não deve estar esbranquiçado, nem mucoso – em aspecto de geleia –, e também não deve conter sangue. Em qualquer um desses casos, os pais devem procurar o médico.
Bruna e Jackson seguem tranquilos porque Antonina até agora não teve qualquer dificuldade para evacuar, e segue fazendo cocô a cada mamada. E eles não precisam se preocupar se isso mudar em breve.
Denise Brasileiro diz que pode acontecer de, entre os dois e quatro meses de vida, o bebê que se alimenta exclusivamente do leite materno passar a ter intervalos maiores sem evacuação, o que não deve, a princípio, ser uma preocupação dos pais. É normal que a criança fique entre 5 e 10 dias sem fazer cocô nesse período, alerta a médica.
Outro momento em que o bebê pode sofrer com constipação é quando, aos seis meses, forem introduzidos alimentos sólidos na dieta. Para isso, uma boa saída é oferecer água e garantir que a alimentação seja rica em fibras. Passado esse momento de transição, o que se espera é que a criança faça cocô todos os dias. Se isso não estiver acontecendo, o pediatra deve ser avisado.
Como se vê, as fezes do bebê podem não permitir adivinhar os eventos futuros, como tenta fazer o narrador do conto “Copromancia”, lançado em 2001 pelo escritor Rubem Fonseca no livro Secreções, Excreções e Desatinos (Companhia das Letras). Mas observar o cocô da criança pode ajudar e muito a saber mais sobre a saúde das crianças.
*Rodrigo Moraes é jornalista
**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil.
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