Desconfio que meu filho é autista, mas nenhum médico fecha o diagnóstico. E agora?

A busca pelo diagnóstico de autismo ainda gera muita angústia. Como a avaliação é clínica, pode depender de mais de um profissional.

Thainara Morales* Publicado em 07/07/2021, às 07h07

Azul é a cor que simboliza o autismo -

Acredite: a intuição do coração de uma mãe não falha! Mesmo que você seja mãe de primeira viagem, saiba que o instinto materno é uma garantia suficiente da verdade. E o mais angustiante, mesmo a mãe percebendo que algo não caminha bem com seu filho, é ouvir de familiares e amigos que tudo é “coisa da sua cabeça”, que está procurando “pelo em ovos” e outra infinidade de frases que a deixa mais confusa. Pois bem: mães são mães e sabem quando a criança precisa de ajuda. Ponto!

Quando uma mãe desconfia que algo não vai bem, ela precisa agir. E o primeiro passo é levar ao médico especialista. Neste momento de desconfiança é que surge um turbilhão de dúvidas e, por isso, os adultos responsáveis pela criança devem buscar ajuda o quanto antes, mesmo sem saber exatamente o que está acontecendo com o seu filho.

Saiba que, quanto mais cedo um transtorno for tratado, melhor para o seu filho. Independentemente da idade, os marcos de desenvolvimento como fala, atenção, sono, entre inúmeros outros fatores, devem ser avaliados. Com a avaliação, é possível fazer um plano de intervenção e colocá-lo em prática. O objetivo é fazer com que a criança possa se desenvolver mais e, consequentemente, minimizar os sintomas.

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Mesmo que os primeiros sinais de autismo apareçam ainda muito cedo, há casos em que o diagnóstico só é realizado mais tarde. Isso porque alguns sintomas aparecem de forma sutil, o que dificulta a identificação até no diagnóstico de adultos. Além disso, quanto mais leve for o autismo, mais difícil é de diagnosticá-lo.

Os pais precisam saber que os médicos especialistas podem diagnosticar o autismo (TEA) mesmo sem a criança ter todos os sinais. Isso acontece porque cada ser é único e nem todos apresentarão as mesmas características devido à amplitude do espectro. Há casos mais leves, em que a criança não apresenta muitos sintomas e, por isso, consegue ser mais independente. Já nos casos mais severos, o autista pode manifestar ausência total da fala, mobilidade reduzida e grande dependência para realização de tarefas simples. Portanto, precisará de grande apoio dos cuidadores e de uma equipe mais completa para o tratamento.

Entretanto, independentemente do grau do transtorno, é necessário que a criança seja acompanhada por profissionais especializados, mesmo que o médico não FECHE O DIAGNÓSTICO. No Brasil, há um grande atraso ao fechar o diagnóstico precocemente por falta de médicos capacitados e que entendam sobre os marcos de desenvolvimento.

Por isso, surgindo o primeiro sinal de suspeita, leve seu filho a um Psiquiatra Infantil ou a Neurologista de Infância e Adolescência. Após esse primeiro passo, a criança deverá ser encaminhada a um psicólogo, de preferência especialista em análise do comportamento aplicada.

Para finalizar, minha dica como diretora de uma clínica multidisciplinar com atenção para o autismo: mamãe e papai, não percam tempo. Não esperem o médico dar um diagnóstico e busquem intervenção. As terapias vão ajudar toda a família. Apostem no conhecimento!

*Thainara Morales é pedagoga, pós-graduada em psicopedagogia clínica e institucional, pós-graduada em análise do comportamento aplicada, com MBA em gestão de pessoas, liderança e psicologia positiva e mestranda em neurociências

Assista entrevista do Papo de Mãe sobre autismo

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