No mês de prevenção ao câncer de pele a dermatologista Meire Gonzaga explica tudo sobre a doença, desde as causas ao tratamento
Fernanda Fernandes* Publicado em 24/12/2021, às 07h00
O câncer de pele representa 33% de todos os cânceres diagnosticados ao ano no Brasil, com cerca de 185 mil novos casos anuais, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Por isso, com o objetivo de conscientizar e prevenir o câncer de pele a campanha Dezembro Laranja, foi criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Para participar da campanha e explicar todas as dúvidas sobre esse tumor, neste mês de dezembro, mês em que se inicia o verão e que ocorre aumento no número de casos, o Papo de Mãe entrevistou a dermatologista Meire Gonzaga, do Saúde Minuto.
Meire Gonzaga explica que o câncer de pele é um tumor de pele que se caracteriza pelo crescimento anormal de células. Ele apresenta alguns tipos, sendo os mais frequentes: carcinoma basocelular e o espinocelular, e o mais grave: melanoma.
"A causa do câncer de pele é a exposição excessiva ao sol na grande maioria das vezes. Existem também os casos em que o indivíduo tem uma predisposição genética, e os em que é ocasionado pelo crescimento anormal de pintas ou sinais que se transformam ao longo da vida” explica a dermatologista em relação as causas.
Ela também complementa dizendo que nos tumores de pele mais comuns a principal causa é a exposição excessiva ao sol, porque o sol tem uma ação degenerativa celular e apresenta um componente pela exposição acumulativa. Sendo assim, não é o sol de hoje que vai causar o câncer de pele, é o sol que você toma desde a infância até hoje que tem efeito acumulativo sobre a pele, causando uma alteração na reparação dos danos celulares levando assim ao câncer de pele.
Em relação aos principais sintomas, os indivíduos podem apresentar pintas que sangram ou que se modificaram ao longo do tempo, ou feridas que não cicatrizam.
O câncer de pele é diagnosticado através das feridas que não saram, pintas que sangram ou casquinhas de machucados que não desaparecem ao longo do tempo.
Meire explica que quando falamos do câncer de pele originado pelo desenvolvimento de pintas, é preciso se atentar e prestar atenção aos sinais de alerta do ABCD das pintas, e procurar um médico dermatologista quando observar os sinais.
Segundo a doutora é preciso se alertar nessas ocasiões:
A: Quando a pinta for assimétrica, ou seja, quando traçada uma linha ao meio poderá perceber que um lado é diferente do outro.
B: Em relação as bordas, pintas com bordas irregulares são um sinal e alerta.
C: Pintas com mais de uma cor.
D: Diâmetro, pintas com mais de meio centímetro de diâmetro também devem ficar sob observação.
E: Evolução, quando uma pinta começa a crescer, mudar de cor e se transformar.
O Diagnóstico irá depender de uma análise mais apurada do especialista. Ele irá observar as feridas que não cicatrizam, ou que mudaram de característica, e vai poder fazer o diagnóstico a olho nu, ou utilizar como método de diagnóstico a dermascopia – espécie de microscópio de pintas em que você coloca o aparelho e consegue observar outras características da lesão.
Ou através da biopsia - onde é retirado um pedacinho da pele suspeita e encaminhado até o exame anátomo patológico, em que o patologista irá observar no microscópio as características do tecido, sabendo assim se ele tem componentes cancerígenos ou não.
Já pensando no tratamento Meire esclarece:
O tratamento de escolha do câncer de pele, é a remoção cirúrgica desta lesão. A lesão é removida com uma margem de segurança e desta maneira, este é o principal tratamento. Outros tratamentos podem ser utilizados de acordo com o tipo de câncer de pele, ou também se o câncer de pele é descoberto em um estado mais avançado em que já está muito dissipado naquele tecido, temos que lançar mão de outros tipos de tratamentos, como: a radioterapia, quimioterapia e imunoterapia”.
Meire Gonzaga relata que a prevenção é sempre o melhor caminho para o câncer de pele, e diz que a principal observação é o uso de filtro solar. A dermatologista afirma que o uso deve ser incentivado a partir da infância, pois 70% do sol que tomamos ao longo da vida, se concentram nos primeiros 20 anos de vida, nessa fase é onde temos a maior exposição, seja na recreação, férias, parques ou dentro da escola.
A prevenção não passa apenas pelo filtro, mas também pelo uso de chapéus, bonés, viseiras, evitar os horários venosos do sol, ou seja, depois das 10h e antes das 16h. Devemos incentivar também o uso dos óculos escuros, e sempre ficar atentos às transformações das pintas que temos no corpo, verificar uma vez por mês se mudaram de características, esses são sempre os principais sinais de atenção”.
Ainda sobre o filtro solar, Meire diz que deve ser escolhido um protetor com o FPS acima de 30, e faz algumas recomendações:
A minha sugestão é que se use o filtro antes de sair de casa, sem roupa de banho passar por todo o corpo, não se esquecer da orelha, nuca, dorso dos pés e mãos, lugares que muitas pessoas acabam negligenciando, então caprichar no uso do protetor solar. E a forma correta é reaplicar, o ideal é a cada 2 horas reaplicar, quando se está em uma exposição solar recreacional, pois sabemos que o filtro vai sendo removido”.
*Fernanda Fernandes é repórter do Papo de Mãe
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