Dicas que estimulam os alunos a abrirem as câmeras na aula on-line

Especialistas em educação comentam sobre a dificuldade das crianças em aparecerem nas aulas à distância

Redação Papo de Mãe Publicado em 21/06/2021, às 17h54

Pandemia mudou a dinâmica de interação entre professores e alunos -

O novo normal está cansativo para todos, principalmente para alunos e professores que mantém as aulas à distância, o que ainda são a maioria dos casos. Apesar de algumas escolares particulares já terem voltado com as atividades presenciais, muitos pais ainda não se sentem confortáveis em mandar os filhos para as escolas. Com isso, o EAD (ensino remoto), ainda se faz presente na rotina de profissionais e crianças.

Mas a dinâmica muda completamente quando a relação se dá através das lentes das câmeras. Segundo a fundadora da Escola da Inteligência (programa de educação socio emocional), Camila Cury*, o contato visual é fundamental para fortalecer o vínculo entre aluno e professor. Mas a vergonha de aparecer nas aulas s é bastante comum entre os pequenos, e principalmente para os adolescentes, segundo ela.

Grande parte dos profissionais apontaram que a maior dificuldade com o ensino à distância, é justamente o fato das câmeras dos alunos ficarem na maior parte do tempo, desligadas. No entanto, a insegurança é completamente comum, e deve ser compreendida, na opinião da CEO. 

"Os professores, além de apresentar suas dificuldades, devem demonstrar empatia pelos estudantes, ouvi-los e, em conjunto, pensar em soluções para a questão. A educação socio emocional é uma importante aliada nesse sentido", diz ela.

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Existem também algumas negociações para isso acontecer. É importante ressaltar o fato de que alguns estudantes podem estar passando por problemas familiares, crises de ansiedade, de depressão e ficar com a câmera aberta é uma dificuldade tremenda. " O professor pode negociar essa rotatividade e mostrar-se solidário com a situação que todos estamos vivenciando".

Outro fato importante apontado pela pesquisa da Escola da Inteligência, é que quanto mais nova a criança, mais disposta ela está a abrir a câmera. "Os adolescentes são os que mais têm vergonha. E se boa parte do grupo não abre as câmeras, nenhum abre. Muitos justificam que não querem mostrar a própria casa, ou estão preocupados com a aparência e querem evitar o bullying".

Confira as dicas preparadas pela Escola da Inteligência para os educadores:

Adolescentes se sentem ainda menos desconfortáveis do que crianças, segundo especialistas

Estabeleça um ambiente acolhedor, seguro e descontraído

Busque criar um vínculo afetivo com os estudantes. Procure compreender quais são os reais motivos que os levam a não abrir as câmeras. Busque sensibilizá-los pela narrativa dos seus sentimentos diante da tela, ao ver todas as câmeras fechadas!

Não tenha medo de dividir sua história com os estudantes, quando cruzamos mundos emocionais, nos aproximamos. Esteja aberto a sugestões. Explore atividades de "quebra-gelo". Construa, com eles, possibilidades para a resolução desse "problema", por meio de uma postura dialógica, não impositiva.

Estabeleça relações de ensino x aprendizagem mais descontraídas, promova momentos mais dinâmicos e menos discursivos, que possam encorajar os alunos a ligar a câmera nas aulas virtuais e interagir com a turma.

Encontre nas famílias uma parceria no incentivo às câmeras ligadas

Oriente e incentive as famílias a oferecer apoio emocional aos estudantes. Apoio focado na escuta, no diálogo e na empatia! Que as famílias possam ajudar os estudantes a superar seus medos e frustrações e elogiá-los diante de posturas assertivas e empáticas.

Explique que ligar a câmera nas aulas virtuais não é uma atitude meramente imposta e tente despertar a conscientização dos estudantes sobre quanto todos perdemos quando dificultamos a comunicação na relação ensino x aprendizagem. Lembre-se que: a mudança de atitude e comportamento do estudante é um processo!

Incentive os alunos mais extrovertidos a ligarem as câmeras

Reserve, no planejamento da aula, alguns minutos para incentivar o protagonismo dos estudantes. Construa propostas e projetos que permitam que eles humanizem a relação das aulas virtuais.

Vocês podem, juntos, criar espaços para que os estudantes que se sintam mais à vontade. Aqueles mais extrovertidos podem apresentar algo do interesse da turma, por exemplo. À medida que alguns passam a ligar o vídeo, os outros criarão maior confiança para fazer o mesmo.

Invista nos combinados de convivência com seus estudantes. Vocês podem começar por estabelecer, coletivamente, os momentos da aula em que é imprescindível estar com a câmera ligada e criar códigos com eles para que se lembrem de seguir esse combinado.

Promova momentos de conversas entre os alunos

Dividir a classe em grupos pequenos para debater sobre ideias pode ser uma ótima maneira de estimular a participação. E peça para que todos fiquem com as câmeras ligadas para que possam se ver. Discutir temas novos ajuda o aluno a enxergar e a se interessar pela opinião do outro, e favorece a construção de relações interpessoais.

Sugira soluções para questões específicas

Sugira fundos diversificados para aqueles que estejam com vergonha do ambiente usado para as aulas ou de pessoas que transitam na casa e podem aparecer no vídeo. As plataformas on-line disponibilizam esses recursos. Auxilie o aluno a colocar os fundos e até sugira imagens divertidas aos que toparem.

*Camila Cury é psicóloga e especialista na Teoria da Inteligência Multifocal e em Análise do Comportamento Humano.

Sobre a Escola da Inteligência: Presente em mais de mil instituições de ensino do Brasil que atendem cerca de 300 mil estudantes, a Escola da Inteligência (EI) é o maior programa de educação socioemocional do Brasil. Fundada em 2010, a EI busca desenvolver as habilidades emocionais e de consciência social de jovens estudantes, com o auxílio de materiais audiovisuais, impressos e digitais, bem como a formação de professores e apoio para as famílias. O programa contempla as dez competências fundamentais para a formação integral do aluno, exigidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), do Ministério da Educação e mais de 50 outras habilidades e competências socioemocionais essenciais para a formação do ser humano.

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