Exaustão materna: como encontrar o equilíbrio diante das dificuldades impostas pela pandemia?

A psicóloga perinatal e parental Cintia Aleixo acalma as famílias e dá dicas de como podemos manter o equilíbrio em casa, mesmo nos momentos difíceis

Mariana Kotscho* Publicado em 18/08/2021, às 07h00

Sim, ficar cansada é um direito -
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Na correria da rotina diária é inevitável que a gente sinta cansaço. E na pandemia isso se intensificou ainda mais, chegando a momentos de verdadeira exaustão. Com isso muitas mães experimentam também um verdadeiro sentimento de culpa por nem sempre terem a paciência que gostariam com os filhos ou aquela vontade de participar de uma brincadeira na hora que eles pedem ou a possibilidade de estar junto  quando eles precisam.

Não é à toa que recentemente uma reportagem do jornal americano "The New York Times" tratou do assunto num texto cujo título era “Como a sociedade virou as costas pras mães: não é apenas sobre ‘burnout’, é sobre traição.” Essa matéria (que pode ser lida aqui em inglês) fez parte de uma série em que o jornal analisou o efeito catastrófico da pandemia nas mães americanas – são impactos, medos, culpas e canseiras semelhantes à realidade de muitas mães brasileiras. 

Dentro deste cenário, o Papo de Mãe foi buscar algumas saídas, afinal temos que encontrar recursos para, mesmo nas horas mais difíceis, tentar tornar a vida mais leve e seguir em frente! Numa conversa com a psicóloga do Rio de Janeiro Cintia Aleixo (confira no vídeo abaixo) ela conta que essa questão da culpa sentida pela sobrecarga tem surgido muito nas sessões com pacientes em consultório e Cintia dá um conselho para as mulheres: "É preciso tirar um pouco deste peso".

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Especializada em psicologia perinatal (gravidez e puerpério) e parental (maternidade e paternidade), Cintia Aleixo, que no instagram tem o perfil @possibilidadesmaternas, costuma acalmar muitas mães que se sentem perdidas com a maternidade, mostrando que todos esses sentimentos são dignos e genuínos. 

Toda mãe merece momentos de descanso. Nessas horas, uma rede de apoio é necessária.

Cintia é mãe de Manu, de quase 10 anos, e conta que este ano da pandemia foi muito marcante e intenso. O marido dela trabalha fora a maior parte do tempo, então a convivência foi mesmo entre as duas durante o isolamento social. A psicóloga revela que tiveram momentos maravilhosos entre elas, mas que "não dá pra romantizar a maternidade não" e completa com risos de desabafo. "No começo achei bom ter mais tempo em casa, mas depois veio o cansaço". Ela diz que é importante começar a resgatar a convivência com outros grupos de adultos para que exista uma troca, para conversar sobre as dificuldades - respeitando as medidas de segurança, usando máscaras e mantendo o afastamento.

As crianças formam a gente em pais. Elas vem para dizer porque vieram. Vamos estar sempre num processo de educação e auto-avaliação". (Cintia Aleixo)

Para as mães que se sentem mais angustiadas, ter a oportunidade fazer terapia também pode ajudar muito, é o momento de dividir as angústias, de poder falar e de ser ouvida. "As mães estão com medo de antecipar a maturidade dos filhos por causa de tudo o que a pandemia nos trouxe, mas as crianças não são mais as mesmas de dois anos atrás. É muita realidade, vida real mesmo, mas como com tudo relacionado à morte, precisamos lidar com a verdade. Nós não escolhemos isso, mas o mundo está vivendo isso. Nós não temos culpa pelo que está acontecendo, então não devemos nos sentir culpadas". Então não tem jeito, algumas conversas sérias com as crianças são necessárias, sempre de acordo com a idade delas.

A psicóloga Cíntia Aleixo

Cintia Aleixo também dá a seguinte dica para situações em que mães ou pais perdem a calma e acabam ficando sem paciência com os filhos, falam mais alto, gritam, deixam a criança chateada: "É importante se acalmar, respirar fundo, olhar para aquela criança e saber pedir desculpa. Explicar que errou, que estava cansada, chateada, que não queria gritar". E é preciso entender os pequenos também, porque nem sempre eles conseguem se expressar com palavras, a tristeza deles muitas vezes aparece em atitudes, então vale fazer uma pausa e conversar. "As crianças menores sentem que há algo errado, mesmo sem entender muito bem, então elas merecem uma atenção especial, uma escuta também", diz Cintia.

E dá para tentar prevenir momentos de tensão. Basta ter alguns combinados e criar ambientes para evitar conflitos. Deixar acertadas algumas regras antecipadamente, como horários ou acertos do tipo não usar telas na hora das refeições. "Os pais devem sempre lembrar que eles são os adultos ali na relação com os filhos", finaliza Cintia Aleixo.

Assista à entrevista de Mariana Kotscho com a psicóloga Cintia Aleixo

*Mariana Kotscho é jornalista

**O Programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis é uma iniciativa global da Nestlé, que assumiu o compromisso de ajudar 50 milhões de crianças a serem mais saudáveis até 2030 no mundo todo. Desde 1999 foram beneficiadas mais de 3 milhões de crianças no Brasil. 

Com o lema “muda que elas mudam”, a partir de uma plataforma de conteúdo, o programa estimula famílias a adotarem hábitos mais saudáveis e ainda promove um prêmio nacional que ajuda a transformar a realidade de 10 escolas públicas por ano com reformas e mentorias pedagógicas. 

Conheça mais no site do programa

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