Acompanhar o desenvolvimento da fala infantil é super importante. Quem explica é a fonoaudióloga Cibele Eduardo Pereira
Cibele Eduardo Pereira* Publicado em 12/08/2021, às 07h00
Você sabia que a fonoaudiologia é, de certa maneira, uma especialidade recente? Aqui no Brasil os cursos desta área só começaram em 1961 e se tornaram apenas uma graduação em 1977. Mas os estudos ligados à fala humana são mais antigos. Existem registros desde 1930 da criação da ciência que estuda questões biológicas e comportamentais ligadas à linguagem.
Hoje nós fonoaudiólogos somos considerados profissionais da saúde, e nossos serviços podem ser requisitados em diversas fases da vida. Mas é principalmente na infância que o nosso atendimento é mais presente. E recentemente, nosso trabalho se tornou essencial para crianças com autismo.
Trabalho com crianças com deficiência há 22 anos. No início era muito comum atendermos um público formado por crianças com síndrome de down, paralisia cerebral entre outros. Há cerca de uns 12 anos comecei a atender muitos casos de autismo diagnosticados, acredito que antes disso muitos casos de TEA eram confundidos com deficientes intelectuais. E toda a experiência me mostrou que tanto crianças neurotípicas quanto neuro atípicas precisam de nossa atenção e muito brincar antes de desenvolver a linha do tratamento.
Uma criança autista precisa de uma linguagem expressiva, isto é, ela precisa entender para depois se poder expressar. É basicamente a fala e linguagem que trabalhamos, mas para que isso seja efetivo é necessário alguns pré-requisitos como, por exemplo, a criança precisa sentar, apontar e principalmente ter intenção de se comunicar.
Hoje, nós fonos, também trabalhamos com a seletividade alimentar das crianças. Há algumas que apresentam questões de motricidade facial, problemas na mastigação e outras como no caso de muitos autistas, a questão de conhecer e entender alguns alimentos. Isso nós fazemos através da apresentação da comida, de pegá-la, cheirar, brincar e até conseguir fazer a experimentação.
Mas mesmo com tantas informações disponíveis, até demais eu diria, a maior dúvida de muitos pais é quando procurar uma fono? Para ajudá-los nessa questão, tentei simplificar: com um ano e pouco a criança já precisa falar algumas palavras como, por exemplo, mamãe, papai, dá, quer, xixi, cocô. Já aos dois anos, o seu vocabulário precisa estar no mínimo com cinquenta palavras e começam as formações de frases. A queixa de não falar pode indicar o autismo, neste caso, encaminhamos para o neuropediatra fazer a avaliação e trabalhamos estratégias específicas para cada caso.
Mas em todo caso, saiba também que outras questões podem ser indicativos para procurar uma fono como, por exemplo: quando desconfiar que seu filho não está ouvindo bem, perceber a pronuncia de muitas palavras erradas, dificuldades na leitura e escrita, trocas na fala e escrita, perceber que a escrita dele não está de acordo com a idade, não falar com 2 anos, não formar frases com 3 anos e apresentar dificuldades para compreender o que é interpretado.
Pais, saibam que estaremos aqui para sempre auxiliá-los no desenvolvimento do seu filho. Não hesite em procurar uma fonoaudióloga.
*Cibele Eduardo Pereira, CRFa:10.068, fonoaudióloga da clínica ARTE PSICO
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