Pais e mães esperam por uma decisão com urgência para poderem vacinar seus filhos e filhas
Andreza Gilio* Publicado em 23/12/2021, às 06h00
Na semana passada tivemos a liberação pela nossa agência regulatória, a ANVISA, da vacina da fabricante Pfizer® para crianças de 5 a 11 anos de idade.
Depois desse anúncio, várias famílias relataram não querer vacinar seus filhos pois não se sentem seguras. Existe um temor quanto aos eventos adversos e a dúvida da necessidade da vacinação, já que este grupo não representaria risco de desenvolver formas graves da doença.
Vamos lá: sou pediatra, formada há mais de 12 anos e tenho duas filhas, de 4 e de 7 anos. Portanto, este é um assunto que além de me interessar tecnicamente, também faz parte de decisões que tenho que tomar como mãe.
Vejam bem, essa vacina passou por todas as fases experimentais, mostrando ser segura, eficaz (cerca de 91% de eficácia para formas graves e óbitos pela Covid-19), e não evidenciou nenhum evento adverso considerado grave ou muito grave, como pericardites, miocardites ou óbitos. Nessa faixa etária tivemos predominantemente quadros de dor no local da aplicação, febre baixa e discreta dor de cabeça.
Mas por que vacinar crianças se elas apresentam somente casos leves? No Brasil, pelo Datasus, já foram notificadas quase 3 mil mortes pela Covid-19 na faixa etária pediátrica. Muitos não tinham nenhuma comorbidade. Além dos óbitos, existem muitos relatos de síndrome inflamatória multissistêmica e quadros de covid longa. E imaginem o Brasil, um país de tamanho continental, os quadros de subnotificação dessa doença e de suas complicações.
Com quase todos os adultos vacinados as aglomerações vão aumentar e os grupos susceptíveis serão nossos filhos. Em 2020 nos Estados Unidos, as crianças contabilizaram 1% dos casos de Covid-19 e nesse ano, com a vacinação sendo ampliada para as pessoas acima de 18 anos, a faixa etária infantil já soma 20 % dos casos notificados em 2021.
Portanto, digo para vocês com toda tranquilidade: pelas quase 3 mil de crianças que já morreram pelo coronavírus no Brasil, pelos meus pacientes com comorbidades que ainda não puderam voltar para a escola, pelas minhas filhas, eu digo sim à vacinação para a Covid-19!
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