A inclusão é absolutamente necessária. Às vezes ela parece distante, em outros momentos mais perto. Qual é a nossa realidade?
Thaissa Alvarenga* Publicado em 12/11/2021, às 08h43
O tema “pessoa com deficiência” ainda carece de muita informação. Estamos no século XXI e ainda há pessoas escondidas em suas casas. A pandemia também trouxe mais insegurança, principalmente para os pais de filhos com algum tipo de deficiência.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 10% da população em todo mundo tem alguma deficiência. No Brasil, o censo do IBGE de 2010, dizia que quase 25% da população tinha alguma deficiência, depois os dados foram revistos em 2017 e chegou-se a 6,7%, o que significa 16 milhões de pessoas.
Falar sobre inclusão e trazer informações não é papel somente do Estado, mas da sociedade, instituições privadas e terceiro setor.
Pessoas com deficiência podem tudo que quiserem, dentro de seus próprios tempos e limites. Elas podem estudar, trabalhar, serem produtivas e participar da construção de uma sociedade para todos, podem ser protagonistas, temos vários exemplos. O que falta é uma sociedade inclusiva, acessível, sem barreiras e preconceitos, sem capacitismo.
Este olhar deve começar desde cedo. Se queremos que nossos filhos possam colaborar para mudar a realidade para que tenham uma vida melhor, precisamos parar com essa história de que a responsabilidade da inclusão deve ser sempre do outro. A inclusão se inicia dentro de casa, com dialogo das diferenças entre cada pessoa. Posteriormente o tema deve ser falado e colocado em prática na educação básica infantil e seguir por toda a educação.
Há um grande paradoxo nessa equação, porque primeiramente o mercado aponta, posteriormente constata a fragilidade da formação dos profissionais que contrata e, então, reclama.
O mundo só melhora se essa equação for invertida: é o mercado que deve correr atrás do conhecimento.
Quando conseguirmos praticar isso, teremos grandes avanços, em todos os sentidos.
É justamente aí que entram o ensino da empatia, das virtudes, da ética, das humanidades em geral. E isso podemos e devemos fazer desde quando as crianças são bem pequenas, no cotidiano da vida.
Como mãe de três crianças, sendo o meu filho mais velho uma pessoa com síndrome de Down afirmo que a mudança só vem com a sociedade a aberta a convivência e a troca com as experiências entre as pessoas. O legal é isso na vida né, conviver e aprender com os desafios e as nossas potencialidades e assim cada um pode ter o seu lugar de fala.
Lauren Ridloff, atriz que interpreta Makkari em Eternos (2021) – a primeira heroína surda da Marvel. A atriz nasceu surda e, ao longo da carreira, vem chamando atenção para grandes estúdios incluírem representatividade de pessoas com deficiências auditivas em suas produções. O filme estreou em cinemas em 5 de novembro, e já lidera as bilheterias brasileiras. Além de tudo isso, o filme ainda trouxe um outro impacto positivo: estimulou o aprendizado de linguagem de sinais.
A representatividade deve ser um tema importante e os veículos de imprensa, as emissoras, plataformas digitais e as empresas de entretenimento devem fazer parte desta rede de informação. Temos percebido realmente temas como racismo, deficiências, empoderamento feminino, questões de gênero sendo colocadas de forma séria e trazendo um olhar para temas importantes.
Sei que ainda faltam muitas transformações, mas os primeiros passos já foram dados e muitas outras conquistas virão.
- Netflix: Atypical
- Curtas: Flutuar (Float)
- Filmes: Mais que especiais
- Animação: Luca
- Livro: Superblack - O poder da Representatividade, de Tatiane Santos
*Thaissa Alvarenga é criadora da ONG Nosso Olhar, do portal de conteúdo Chico e suas Marias e do canal do youtube Inclua Mundo
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