O leite materno não muda de cor pela presença de anticorpos. Mas os anticorpos são sempre anticorpos e não possuem a capacidade de mudar a cor do leite
Dr.Moises Chencinski* Publicado em 08/02/2021, às 00h00 - Atualizado em 16/02/2021, às 12h02
Essa imagem, publicada no perfil @breastfeedingaversion em 16/01/2021, trouxe uma série de manifestações em defesa do leite materno e suas modificações.
Por partes:
– O leite materno é incrível e a cada dia aparecem novidades, confirmações e explicações sobre o que já sabíamos a respeito de suas características e seus benefícios.
– O leite materno pode mudar de cor de acordo com fases da lactação (colostro, leite de transição, leite maduro), com alimentação materna (vegetais verdes, vegetais laranja – cenoura, abóbora – beterraba, e outros), com quadros não tão comuns (Rusty Pipe), com sangramento, infecção do seio e mais.
– O leite materno não muda de cor pela presença de anticorpos.
O leite materno carrega anticorpos o tempo todo da mãe para o bebê. Em algumas situações, através de transmissão de agentes infecciosos do bebê para a mãe (pela pele, pela respiração ou até por receptores na aréola que recebem essas “informações” pela saliva do bebê), acontece a produção de anticorpos específicos para casos em especial. E esses anticorpos vão, através do leite materno, aumentar a proteção contra algumas doenças.
Mas, os anticorpos são sempre anticorpos e não possuem a capacidade de mudar a cor do leite.
Assim, apesar de a imagem ser real (ela não foi inventada), ela não tem relação causa (COVID+ na mãe com produção de anticorpos) – efeito (mudança de cor do leite materno que chega ao bebê).
Mas, há um estudo realizado com 1714 mulheres com partos no Hospital da Pensilvânia, na Filadélfia, Pensilvânia, entre 9 de abril e 8 de agosto de 2020, através da avaliação dos anticorpos SARS-CoV-2 maternos e neonatais do sangue do cordão e taxas de transferência pela placenta.
Desse total, 83 bebês nascidos de mães tinham anticorpos contra o coronavírus, 87% testaram positivo para imunoglobulina G, um anticorpo criado pelo sistema imunológico para combater infecções.
“Embora as descobertas sugiram que as grávidas com infecção anterior por COVID-19 podem transmitir imunidade a seus recém-nascidos, os pesquisadores não garantem transferência de qualquer proteção conferida pela vacinação contra o vírus.
No início da pandemia ninguém tinha anticorpos e os bebês apresentavam as mesmas formas de doença que vemos hoje, com rara gravidade. Mas pode explicar o perfil em bebês filhos de mães com COVID e que se beneficiam dos anticorpos, não apenas pelos anticorpos placentários, mas também provavelmente pelos provenientes do leite materno” (Dr. Marco Aurélio P. Safadi).
Assim, a vacinação contra o COVID-19 continua sendo a maior esperança de prevenção e a única cientificamente comprovada, além do uso de máscaras, álcool gel, lavagem de mãos e distanciamento social.
E para complementar as informações:
– Sim. Mães COVID+ ainda podem amamentar (se quiserem) com essas medidas de higiene de proteção.
– Sim. Mães que estiverem amamentando podem tomar a vacina e não devem suspender a amamentação (documentos da Sociedade Brasileira de Pediatria).
Conversem sempre com seus pediatras.
*Dr. Moises Chencinski é pediatra e homeopata.
Presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (2016 / 2019 – 2019 / 2021).
Autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece, GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego, É MAMÍFERO QUE FALA, NÉ? e Dicionário Amamentês-Português
Editor do Blog Pediatra Orienta da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Criador do Movimento Eu Apoio leite Materno.
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