É fundamental que o educador trabalhe em sala de aula questões sobre diferença e em especial as relacionadas ao pertencimento racial, não só com as crianças, mas com as famílias e comunidade.
Tatiane Santos* Publicado em 31/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h30
Existe a crença de que a discriminação e o preconceito não fazem parte do cotidiano da educação infantil, e de que não há conflitos entre as crianças por conta de seus pertencimentos raciais.
Durante a educação infantil as crianças já começam a conhecer seu corpo, as diferenças e semelhanças entre os colegas do grupo, escolhem com quem brincar e se relacionar na escola, tem suas preferências por brinquedos, e, no entanto é fundamental que o educador trabalhe em sala de aula questões sobre diferença e em especial as relacionadas ao pertencimento racial, não só com as crianças, mas com as famílias e comunidade.
Por isso se faz necessário projetar na educação ações afirmativas, com o objetivo de corrigir desigualdades presentes na sociedade, acumuladas ao longo de anos. Melhorar a autoestima da criança negra e a valorização da história de África.
Para a construção de práticas antirracistas na educação infantil é importante que toda a comunidade educativa esteja ciente de sua importância, proporcionando por meio da leitura uma reflexão à luz das práticas pedagógicas em sala de aula, no qual todos os pertencentes da unidade escolar sejam instigados a refletir. E nada melhor do que usar a imaginação das crianças pequenas através das histórias.
Diante da importância de incluir a lei 10639/03 efetivamente nos espaços da educação infantil, conclui-se que seja necessário uma mudança de atitudes, de posturas, no qual exige comprometimento de todos os profissionais da educação, requer uma mudança nos discursos, que a teoria vire prática. Práticas estas que não sejam somente trabalhadas nas perspectivas do evento ( maio e novembro), que não sejam atividades fragmentadas sem intencionalidade, sem significado, para as crianças, ou ainda que esta cultura tão rica e imprescindível à formação da criança, não seja folclorizada (exemplo: dia do índio).
Através das histórias entramos no mundo da imaginação da criança, e tudo que é aprendido se torna realidade, é assim quando levamos para a sala de aula um livro com personagem negro enquanto protagonista ou quando falamos dos mitos africanos. Buscamos equidade e uma educação antirracista.
Não é apenas projeto, ou uma atividade a cada ano. E sim incluir no planejamento diário de sala de aula, livros com personagens diversos onde todas as crianças podem se identificar e se reconhecer em quanto pertencimento, do espaço escolar.
*Tatiane Santos, ou Pretinha Educadora, é militante étnico racial infantil e contadora de histórias com personagens negros
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