Um passo importante para a garantia de uma vida independente para as pessoas com deficiência: as tecnologias assistivas
Julia Bandeira* Publicado em 10/09/2021, às 13h36
Bengalas, talheres adaptados, leitores de tela, impressoras braille. Você sabe o que tudo isso tem em comum? Todos eles são exemplos de tecnologia assistiva ou seja produtos, recursos e serviços usados pelas pessoas com deficiência e que facilitam e viabilizam sua qualidade de vida e inclusão social.
Ciça Cordeiro e Cid Torquato, CEO DO ICON Libras, sabem bem disso. Parceiros de trabalho, a jornalista e o empresário viveram mudanças grandes em suas vidas nos últimos anos. Foi em 2007, durante um mergulho em uma viagem à Croácia, que o advogado e empresário Cid Torquato lesionou a coluna e ficou tetraplégico. “Voltei para o Brasil e comecei de novo”.
Há dez anos, a jornalista Ciça Cordeiro descobriu um nódulo na medula. “Acordei de manhã e não mexia as pernas, não conseguia levantar da cama. Fiquei travada”. Ciça passou por uma cirurgia, e depois de alguns meses voltou a andar. Mas teve sua mobilidade reduzida e hoje precisa do auxilio de uma bengala. “Eu entrei nesse mundo da pessoa com deficiência, comecei a buscar alternativas pra saber o que era meu por direito”, conta a jornalista.
Tanto Cid quanto Ciça começaram um trabalho incansável pela inclusão das pessoas com deficiência. Entre os anos de 2017 e 2020 trabalharam na secretaria municipal da pessoa com deficiência de São Paulo. Cid como Secretário e Ciça como coordenadora de comunicação.
No trabalho na prefeitura, abraçaram um grande projeto chamada “Recursos de tecnologia assistiva na cidade de São Paulo: compartilhando aprendizados”. “Tecnologia assistiva é tudo que, aquilo que ajuda a pessoa com deficiência no seu dia a dia. Então ela pode ser desde uma bengala até um software sofisticado passando por tudo o que você pode imaginar no meio”, afirma Cid.
Em parceria com outras secretarias, o projeto disponibilizou tecnologia assistiva para servidores públicos e estudantes com deficiência da rede municipal da capital paulista. Investimentos mais do que necessários. Segundo dados do Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - em seu último censo escolar, o número de matrículas da educação especial no Brasil chegou a 1,3 milhão em 2020, um aumento de 34,7% em relação a 2016.
Segundo Cid, a lista de tecnologias assistivas é enorme: “não dá nem pra definir, citar todos os itens que fazem parte disso porque pode ser qualquer coisa. Inclusive coisas que não existem e que podem ser feitas exclusivamente para aquela pessoas”. “Se uma criança tem uma deficiência na mão e não consegue comer, um garfo ou uma colher adaptados são exemplos de tecnologia assistiva. São coisas simples. Uma bengala é uma tecnologia”, conclui Ciça.
*Julia Bandeira é repórter do Inclua Mundo
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