Dra. Ligia Santos, ginecologista e obstetra, explica tudo sobre a vulvodínia, desde os primeiros sintomas ao tratamento
Fernanda Fernandes* Publicado em 06/12/2021, às 09h02
A vulvodínia, também conhecida como vestibulite vulvar, é uma dor e/ou desconforto crônico na região da vulva da mulher. Essa patologia não é muito conhecida pelo nome, mas muitas mulheres apresentam sintomas e complicações cotidianas.
Com o objetivo de explicar e deixar claro as questões relacionadas a doença, a Dra. Ligia Santos, ginecologista e obstetra, aborda tudo sobre a vulvodínia, desde os primeiros sintomas ao tratamento.
Ligia relata que as mulheres que apresentam os sintomas, podem ter uma sensação de desconforto e irritação localizada ou generalizada, e essa dor pode surgir de forma provocada, tendo alguns motivos, como: relação sexual e uso de calça jeans. Ou a dor pode surgir de forma inesperada e sem ter uma causa específica.
É uma doença que não temos muitas informações, você não pega a vulvodínia, ela simplesmente se desenvolve. E pode ser desenvolvida em qualquer fase da vida” reforça a ginecologista.
Uma das problemáticas que dificultam o tratamento é que a vulvodiínia é uma doença de difícil diagnóstico.
Muitas vezes as mulheres procuram atendimento médico e não conseguem encontrar nada que possa justificar tanto desconforto. Isso porque é uma doença de diagnóstico de exclusão. Depois que eu procurei tudo e não encontrei uma resposta eu posso falar que essa mulher tem vulvodínia”, comenta Ligia.
Ao ir ao médico ele irá realizar avaliações, e de acordo com a história do paciente e com os exames complementares ele consegue encontrar uma resposta. A doutora afirma que ao longo desse processo de exclusão, muitos fatores são avaliados, pois qualquer tipo de infecção vaginal ou local contém os mesmos sintomas que a vulvodínia.
A vulvodínia é uma doença crônica, que não necessariamente tem cura, em alguns casos ela é curada, mas existem mulheres que passam a vida com esse tipo de problema e não conseguem resolver de uma forma definitiva, mas vale ressaltar que tem tratamento.
Em relação ao tratamento uma parte está relacionada com mudanças comportamentais. É importante prestar atenção no tipo de sabonete utilizado, o tipo de produto usado em suas roupas íntimas, o tipo de roupa íntima, tudo isso pode interferir nas sensações de desconforto, ardência e dor.
Também são indicadas medicações, tanto medicação tópica – pomadas e cremes – como medicamentos sintéticos – comprimidos. E eventualmente é preciso fazer algumas intervenções mais invasivas, como: utilizar botox e lidocaína injetável. Atividade física regular e uso de terapias alternativas- como acupuntura, são outras opções que também podem ajudar a melhorar os sintomas.
Ligia explica que além do ginecologista um dos profissionais que mais tem contato nesse caso, é o fisioterapeuta. Isso porque a fisioterapia pode oferecer diversos tratamentos que ajudam a diminuir a tensão local.
Em alguns casos, é necessário também a gente associar além do tratamento com o fisioterapeuta, o tratamento com um psicólogo. Pode parecer estranho, mas a terapia nessas situações é fundamental, pois estamos lidando com uma doença crônica e difícil, que muitas vezes passou anos sem diagnóstico e trazendo diversos prejuízos para a vida daquela pessoa”, complementa.
Por fim Ligia reforça que a vulvodínia é uma doença que não é brincadeira, ela existe, e incomoda. Então se você tiver desconforto na hora da relação sexual, se tiver desconforto na vulva, marque uma consulta com um ginecologista o mais breve possível.
*Fernanda Fernandes é repórter do Papo de Mãe
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