pmadmin Publicado em 11/04/2016, às 00h00 - Atualizado às 08h35
Por Solange Melo*, psicóloga
Considerado o conflito mais antigo da humanidade, a relação entre essas duas mulheres já causou muitos estragos nos relacionamentos de muitos casais pelo mundo afora. Normalmente, baseado no ciúme e na competitividade, esses conflitos, em geral, não incluem os sogros, que presenciam, juntamente com os filhos, batalhas, muitas vezes, devastadoras entre elas.
Essas relações resistem às mudanças sociais e parecem até mesmo piorar com o tempo. Nessas brigas, as noras são vistas como as “vítimas” e as sogras como as “vilãs”. No entanto, essas últimas contra-atacam em sua defesa, dizendo que quem acha que sogra é ruim é porque não sabe o que é ter que abrir mão do próprio filho, que deixa a casa da mãe para ir morar com outra mulher…
Esta é definitivamente uma guerra de poder entre duas mulheres para ter influência sobre um mesmo homem. Para piorar a situação, o casamento, em geral, acontece num momento muito delicado para essas duas mulheres: a sogra está envelhecendo e a nora deixando de ser apenas filha.
Os genros, por sua vez, estão quase sempre com um sorriso malicioso e vivem fazendo piada maldosa com as sogras, exatamente porque eles têm mais liberdade com elas. Eles até dizem que o ideal é que a sogra não more muito perto a ponto de aparecer na casa dele a todo o momento, nem tão longe que precise fazer mala…
Algumas dicas importantes para as sogras:
– Respeite sempre a individualidade do casal. Saiba que é bem melhor ser mais ausente do que presente na vida deles. Visita surpresa é falta gravíssima.
– Nunca fale mal da sua nora para seu filho. Os defeitos dela ou ele já conhece e resolveu conviver com eles, ou então deixe que ele os descubra sem a sua interferência.
– Não tome partido nas brigas. Depois eles fazem as pazes e você que fica mal com os dois.
– Não dispute atenção do seu filho com a sua nora. Isso demonstra insegurança e imaturidade.
– Controle ao máximo a sua curiosidade em relação ao passado da sua nora ou do seu genro.
– Não abuse nas suas relações com os seus netos.
– Não fique fazendo elogios à “super” ex do seu filho ou ao “super” ex da sua filha.
Algumas dicas importantes para as noras:
– Não idealize. Seja flexível com sua sogra e entenda que sogra adora dar palpites. Não revide nem use de ironia. Se seu parceiro está feliz com você, isso é o que importa.
– Não esqueça que sua sogra é mãe do seu companheiro e isso faz dela uma pessoa importante na vida dele. Não vá medir forças com ela, nunca!
– Estabeleça limites para sua sogra e respeite os limites dela também.
– Jamais, em hipótese alguma, peça ao seu companheiro que ele se afaste da mãe. Você poderá ter uma surpresa muito desagradável…
A situação piora bastante quando essas duas mulheres precisam morar na mesma casa. Isto só intensifica ainda mais o ciúme e a competição entre elas. Neste caso, é importante que as duas conversem e tentem estabelecer limites para uma convivência saudável.
O nascimento dos netos é outro fator de intensificação de conflitos, pois a criança passa a ser mais uma pessoa a receber o amor das duas. Neste momento, os ânimos ficam mais alterados e a guerra parece tomar mais força.
O fato do filho sustentar a mãe é também mais um motivo de briga, pois a mulher dele, muitas vezes, passa a acreditar que ele é explorado pela mãe, o que, muitas vezes, não acontece. E aí, a sogra se sente injustiçada e caluniada pela nora, muitas vezes, tentando revidar tal agressão ou se colocando no papel da vítima.
Cabe ao homem separar o amor de mãe do amor de mulher, colocando essas duas mulheres nos seus devidos lugares. Na vida dele, uma não pode assumir o papel da outra e isso precisa ficar muito claro para os três. Em hipótese alguma, ele deve dar motivo para que essas mulheres briguem e, caso isso ocorra, ele deve saber de imediato acabar com essa situação, de forma firme e sensata.
Nesta relação, duas estranhas passam a pertencer à mesma família, embora sem nenhum grau de parentesco, apenas em função do casamento entre duas pessoas. É o que chamamos de uma relação de parentesco necessária e obrigatória que, enquanto existir, espera-se que seja, no mínimo, respeitosa.
No entanto, percebemos que mulheres viúvas ou separadas são em geral mais apegadas aos filhos, tendo assim mais dificuldade em lidar com essa “intrusa” na sua família, rejeitando-a sempre que puder. E os seus filhos, por sua vez, se sensibilizam com a situação da mãe, justificando, muitas vezes, muitos dos seus atos.
De qualquer forma, um bom diálogo franco e aberto, um pouco de paciência e muito respeito mútuo podem, certamente, ajudar para que essa relação se torne senão amorosa, ao menos não estressante para todos os envolvidos.
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*Solange Melo é psicóloga clínica, de formação psicanalítica, atende adultos, adolescentes, crianças, casais e famílias em São Paulo. Contato: [email protected]