Papo de Mãe

Anticoncepcional e o câncer de mama: para onde correr?

Os anticoncepcionais hormonais elevam o risco de câncer de mama em 20%. São anticoncepcionais hormonais aqueles que liberam estrogenio e ou progesterona.

Roberta Manreza Publicado em 13/12/2017, às 00h00 - Atualizado às 11h31

Imagem Anticoncepcional e o câncer de mama: para onde correr?
13 de dezembro de 2017


Por Dra. Marisa Teresinha Patriarca, ginecologista e obstetra
O anticoncepcional hormonal eleva o risco de câncer de mama em 20%
Um estudo na Dinamarca, divulgado em dezembro no New England Journal of Medicine,  com cerca de 1,8 milhão de mulheres mostra um dado preocupante: os anticoncepcionais hormonais elevam o risco de câncer de mama em 20%.São anticoncepcionais hormonais aqueles que liberam estrogenio e ou progesterona no organismo através de pílulas, DIU, implante ou injeção. A pesquisa acompanhou mulheres entre 15 e 49 anos, por 11 anos , e mostrou um caso de câncer mamário para cada 7.690 mulheres por ano. Esse número é expressivo no universo de 140 milhões de mulheres que usam a pílula mundo afora, mas em termos absolutos, segundo os pesquisadores o risco é pequeno , pois há variáveis individuais.
O mesmo estudo também mostra que quanto maior o tempo de uso, principalmente em mulheres com mais de 35 anos, maiores são as chances de desenvolver a doença.  O risco foi de 9% superior para mulheres com 1 ano de uso, enquanto o uso por 10 anos aumenta o risco em até 38%. Em outras palavras a chance de ter câncer de mama aos 50 anos é de 2%, quem usou o anticoncepcional por 1 ano, o risco se eleva para 2,2% e quem usou por 10 anos ou mais, o risco aumenta para 2,76%. Vale lembrar que o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e que, a cada ano, aumenta a incidência no Brasil em 28% . Todos os anos 14 mil mulheres morrem por conta da doença.
Dra. Marisa Patriarca, ginecologista da pós-graduação da Unifesp,  afirma que não podemos ser alarmistas e que até o momento não há orientação para interromper o uso dos anticoncepcionais hormonais e que é importante colocar os riscos e  benefícios na balança. A ginecologista lembra que as píluas também têm objetivos não contraceptivos específicos como tratamento da TPM, das cólicas menstruais, do sangramento menstrual excessivo, bem como da acne, aumento de pelos e, em  alguns casos, de queda de cabelo.  Além disso, diminui a probabilidade de câncer de intestino, endométrio e ovário que é mais fatal. Dra Marisa orienta que “aquelas que têm histórico de câncer mamário em parentes de primeiro grau, principalmente as mulheres com mais de 35 anos, elejam outra alternativa que não o anticoncepcional hormonal e busquem métodos não hormonais eficazes como a camisinha e o DIU sem hormônio. “
Para a ginecologista  “todo tratamento médico precisa ser individualizado.  Não é uma receita de bolo.” Mas, a médica diz que a escolha é  da paciente, que deve sempre ter acompanhamento médico na tentativa de minimizar os riscos da doença.
Para Dra. Marisa esse estudo revela a urgência de incentivo às pesquisas que visem encontrar  medicamentos contraceptivos cada vez menos nocivos a saúde da mulher.
*Dra. Marisa Teresinha Patriarca é ginecologista e obstetra. Professora de ginecologia do curso de pós-graduação da Unifesp. Mestrada e doutorada pela Unifesp. É médica assistente, doutora e coordenadora do Setor Multidisciplinar de Pesquisa em Patologia da pele feminina do Departamento de Ginecologia da Unifesp. Chefe do Setor de Climatério do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (IAMSPE)


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