Papo de Mãe

Bons hábitos: a saúde agradece!

Olhando especificamente para o momento atual, Milena lembra que a COVID-19 também é uma doença de transmissão respiratória e ainda não se sabe ao certo o comportamento do vírus durante esse período mais frio. “Nunca vivenciamos essa doença durante o nosso inverno,” diz a otorrinolaringologista. “O que podemos inferir é que a falta de circulação externa do ar, por conta de ambien...

Roberta Manreza Publicado em 22/06/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h22

Imagem Bons hábitos: a saúde agradece!

Olhando especificamente para o momento atual, Milena lembra que a COVID-19 também é uma doença de transmissão respiratória e ainda não se sabe ao certo o comportamento do vírus durante esse período mais frio. “Nunca vivenciamos essa doença durante o nosso inverno,” diz a otorrinolaringologista. “O que podemos inferir é que a falta de circulação externa do ar, por conta de ambientes fechados ou a ventilação artificial como a do ar condicionado, podem sim favorecer a transmissão e a circulação do vírus no ambiente.”

22 de junho de 2020


Por Milena Costa*, otorrinolaringologista

A otorrinolaringologista Milena Costa explica que há maneiras de deixar o organismo mais resistente

Já foi mais comum, mas ainda hoje é possível ouvir frases do tipo: ‘Cuidado com a friagem, não vai tomar vento depois do banho quente. Olha esse vento nas costas!’. “Existe um ditado popular que diz que nós não devemos pegar um golpe de vento. E não é de todo errado. Existe uma verdade nesse dizer”, diz a otorrinolaringologista Milena Costa.

Apesar de as doenças respiratórias estarem mais relacionadas com agentes nocivos – como bactérias, vírus ou ácaros – mudanças bruscas de temperatura podem ser prejudiciais para o corpo. “É importante evitar contrastes de temperatura, ou seja, estar em um ambiente muito gelado com ar condicionado, por exemplo, e sair para o calor do lado de fora, ou vice-versa,” diz a médica. Essa questão é mais agrave principalmente quando se trata de pessoas com doenças respiratórias prévias, como rinite alérgica e asma. “O sistema respiratório leva um tempo para se adaptar aos contrastes de temperatura. E quando é de maneira muito abrupta pode sim causar um certo ‘choque’ no sistema respiratório.”

Milena salienta também que uma deficiência no sistema imunológico é uma condição individualizada e por isso sempre deve ser pesquisada junto ao médico de confiança. “Existe uma variedade enorme de condições que justificam uma suspeita de deficiência na imunidade. Entretanto, um sinal de alerta são condições infecciosas de repetição.” A médica explica que esses tipos de infecções se caracterizam por acontecerem repetidas vezes em um curto período de tempo. E que levam a crer que se possa existir uma deficiência imunológica.

A otorrinolaringologista ainda esclarece que o sistema imunológico é altamente dependente e tem relação direta com os hábitos de vida de cada um. “Por isso a importância da prática de exercícios físicos constantes e moderados. Uma boa alimentação que contenham diversos grupos alimentares – como frutas, verduras, carboidratos e proteínas – e uma boa qualidade do sono. Esses hábitos são capazes de garantir um bom funcionamento do sistema imunológico na grande maioria das pessoas.” E acrescenta: “Existe uma pequena parcela da população que mesmo nessas condições apresenta algum tipo de alteração imunológica, provavelmente por ser algo inerente, próprio da pessoa, e que deve ser investigado por um médico.”

Atenção extra com a COVID!

Durante o período de outono e inverno, de acordo com a doutora Milena, há um aumento da incidência de doenças respiratórias. “A baixa temperatura e a queda na humidade do ar faz com que o nosso trato respiratório funcione com maior dificuldade.” A médica exemplifica que o nariz tem a função de filtrar, aquecer e umidificar o ar para que o oxigênio chegue aos pulmões em condições ideias. E que desempenha essas tarefas com maior dificuldade nessas circunstâncias. “Existe também durante o outono/inverno uma maior tendência a ficarmos em locais fechados, sem ventilação e com uma maior proximidade entre as pessoas. Isso faz com que as doenças respiratórias, ou seja, aquelas que são transmitidas por gotículas respiratórias aconteçam de maneira mais evidente por conta dessas condições.”

Olhando especificamente para o momento atual, Milena lembra que a COVID-19 também é uma doença de transmissão respiratória e ainda não se sabe ao certo o comportamento do vírus durante esse período mais frio. “Nunca vivenciamos essa doença durante o nosso inverno,” diz a otorrinolaringologista. “O que podemos inferir é que a falta de circulação externa do ar, por conta de ambientes fechados ou a ventilação artificial como a do ar condicionado, podem sim favorecer a transmissão e a circulação do vírus no ambiente.”

Os aparelhos de ar condicionado e aquecimento também podem piorar os quadros respiratórios. Milena destaca duas condições que acabam sendo prejudicadas com o uso desses mecanismos de ventilação. “Em primeiro lugar os quadros alérgicos, já que esses aparelhos podem circular fungos, ácaros e outros tipos de poeira doméstica, no mesmo ambiente. Existe também uma segunda condição, a de promover a circulação dos vírus, da gripe, do resfriado e também do novo coronavírus.”

A médica cita como exemplo um estudo recente que demonstrou a transmissão do novo coronavírus em um ambiente através do ar condicionado. “Ele pode criar um fluxo laminar levando o vírus para outras áreas e consequentemente outras pessoas  não contaminadas.” Algumas orientações são feitas para ambientes onde exista refrigeração artificial: “Em primeiro lugar, o filtro dos aparelhos deve ser periodicamente higienizado, conforme a orientação de cada fabricante. E se possível uma janela deve estar aberta, criando assim uma diminuição da circulação do mesmo ar. A medida principal que se pode fazer durante o inverno para evitar uma maior transmissão da COVID-19 é manter os ambientes o mais ventilados possível e uma maior distância entre as pessoas para que gotículas não sejam dispersas em todo o ambiente,” finaliza.

*Dra. Milena Costa

Médica otorrinolaringologista formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, com residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e fellowship de pesquisa em Rinologia pela Stanford University, na Califórnia.



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