Papo de Mãe

Como evitar a desidratação do seu filho

Roberta Manreza Publicado em 30/12/2014, às 00h00 - Atualizado em 05/01/2015, às 11h25

Imagem Como evitar a desidratação do seu filho
30 de dezembro de 2014


Aparentemente banal, um episódio de perda de água pode trazer sérias consequências para a saúde da criança. Mas dá para afastar a ameaça

Por Cida de Oliveira – Revista Crescer

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Os dias cada vez mais ensolarados, que inspiram passeios e brincadeiras ao ar livre, requerem todo cuidado com a hidratação. Afinal, trata-se de um clima propício à proliferação de bactérias e, consequentemente, à contaminação de alimentos, o que provoca episódios de diarreia e vômitos. Sem contar a transpiração, que também contribui para a perda de líquidos. “Como a água é essencial para todas as reações bioquímicas do organismo, sua carência afeta diretamente o funcionamento dos órgãos”, alerta o pediatra Érico Dornelles, do Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre (RS).

Por isso, a desidratação é historicamente uma das cinco principais causas de mortalidade de crianças até 2 anos. Segundo dados da Unicef, todos os dias são registradas, no mundo, 5 mil mortes por diarreia – grande parte por conta da desidratação – que poderiam ser evitadas com o acesso à água tratada e hábitos de higiene como lavar as mãos.

O que leva à perda de líquidos?

Diarreia, vômitos e transpiração excessiva. Em geral, o problema é desencadeado por gastroenterites, inflamações gastrointestinais causadas por bactérias e vírus. A exposição ao sol e a ambientes muitos quentes também podem precipitar a crise.

Como isso prejudica o organismo? 

Em condições normais, a massa corporal concentra grande quantidade de água. Nas crianças, a proporção chega a 70%. Essa abundância é para suprir as reações bioquímicas. Além disso, a água corresponde a 90% da composição do sangue. A diminuição de seu volume provoca queda na pressão arterial e no aporte de oxigênio e nutrientes para as células que, por sua vez, necessitam desses elementos para desempenhar funções vitais.

Quais as consequências mais comuns da desidratação?

A carência de água prejudica a respiração celular, a transmissão de impulsos nervosos e a contração muscular, inclusive do coração. A perda de sais também é séria. Com menos sódio, o funcionamento do sistema nervoso central fica comprometido; na falta de potássio, surgem arritmias cardíacas; e com pouco cálcio, magnésio e fósforo, a função neuromuscular acaba afetada diretamente. Ou seja, uma desidratação grave pode evoluir para convulsões e parada cardiorrespiratória, entre outras complicações.

Como prevenir a desidratação? 

Com medidas simples: amamentação exclusiva até os seis meses de vida, por livre demanda; oferta de água tratada, filtrada ou fervida, várias vezes ao dia; limpeza das caixas d’água; higiene da casa, pessoal e dos utensílios de cozinha; lavagem das mãos, com água e sabão, antes de preparar os alimentos, de amamentar, após a troca de fraldas e o uso do banheiro; refrigeração dos alimentos; e lavagem cuidadosa de verduras e frutas.

As crianças se desidratam mais? 

Sim, especialmente os bebês. Como não sabem pedir água, são os que mais sofrem.

O processo é rápido? 

Depende da idade, do peso, do distúrbio causador e da quantidade de líquido perdida. Por exemplo: um bebê de 1 mês, excessivamente agasalhado em um dia de calor, pode ficar desidratado em apenas uma hora. Já uma criança de 1 ano que tenha vomitado três vezes e evacuado outras três, estará desidratada em um dia.

Como identificar o problema?

Uma criança desidratada fica abatida, com os olhos fundos, chora bastante sem derramar lágrimas, tem a boca e a língua secas, faz pouco xixi e parece desesperada ao tomar água ou sugar o peito da mãe. Nos bebês, a moleira fica afundada. Diante de dois desses sinais ou no segundo dia de vômito e diarreia, procure o médico o quanto antes.

Como evitar que vômito e diarreia evoluam para esse extremo?

Basta repor o líquido e os sais que foram perdidos por meio da ingestão de soro oral, vendido em farmácias, de sais de reidratação, disponíveis nos postos de saúde, ou de soro caseiro. Para prepará-lo, basta misturar uma colher de café de sal e uma colher de sopa de açúcar em um litro de água mineral, filtrada ou fervida. O soro, em geral, deve ser tomado às colheradas, ao longo de todo o dia. Além disso, é importante manter o aleitamento materno e dar preferência a roupas leves, para diminuir a transpiração.

Qual o tratamento?

Dependendo da intensidade do quadro, a criança deverá ser tratada com soro direto na veia, seguido de uma dieta leve, além de ser submetida ao controle da disfunção que deflagrou a desidratação.

FONTES: Claudio Miguel Rufino, clínico geral da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Érico Dornelles, chefe do Ambulatório da Criança do Grupo Hospitalar Conceição, de Porto Alegre; Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria

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