Roberta Manreza Publicado em 01/11/2017, às 00h00
A orientadora educacional Karin Kenzler comenta as melhores maneiras para abordar assuntos delicados com crianças e jovens
Uma hora ou outra, os pais irão se deparar com algum tema considerado tabu para ser tratado com os filhos. A curiosidade das crianças e os questionamentos dos adolescentes colocam, muitas vezes, os pais diante de assuntos difíceis de serem discutidos, como morte, sexualidade, drogas e preconceitos, que precisam ser tratados em casa e de maneiras diferentes, dependendo da faixa etária da criança.
De acordo com a orientadora educacional do Colégio Humboldt – instituição bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em Interlagos (SP), Karin Kenzler, é importante agir com naturalidade, não tentar enganar a criança e se mostrar aberto a questionamentos. “Mesmo que seja um assunto difícil, os pais devem encontrar uma maneira de responder sem enganar a criança”, afirma.
De onde vêm os bebês?
A própria origem, as relações amorosas e sexuais são indagações frequentes entre crianças e adolescentes. Perguntas como “De onde vêm os bebês?”, ou questionamentos a respeito dos órgãos sexuais, masturbação e sexo podem gerar certo desconforto. Isso faz com que, muitas vezes, os pais evitem responder ou, pior, repreendem a criança por ter tocado no assunto.
Contudo, é imprescindível que estas dúvidas sejam saciadas, uma vez que a família possui um papel essencial na formação psicológica dos pequenos. Para Karin, o segredo é guiar-se pelas perguntas, respondendo apenas o que foi questionado de maneira clara e direta. Ela ainda destaca. “Na hora de responder a uma pergunta, é importante checar o grau de conhecimento do seu filho, devolvendo a pergunta ou questionando a origem da informação, para não correr o risco de atropelar com excesso de informação ou inadequação da resposta”.
Sexualidades e gêneros
Observadoras natas, as crianças tendem a prestar atenção em comportamentos e hábitos dos adultos. Assim, ao se depararem com conteúdos que abordam o homossexualismo, as dúvidas começam a surgir. Segundo a orientadora educacional, nesse caso é importante explicar que toda forma de amor é válida e que se apaixonar não é uma escolha. Assuntos como transexualidade também devem ser esclarecidos da maneira mais simples possível.
Já na adolescência, algumas dessas questões podem surgir como incertezas da própria sexualidade ou identificação com o gênero de nascença. Nessas situações, é essencial mostrar apoio ao jovem, reafirmando que o ama independentemente disso.
Mais uma estrela no céu
A morte segue como um dos temas mais difíceis de serem tratados, principalmente quando envolve o falecimento de algum parente próximo. Por isso, ela deve ser abordada com delicadeza, sempre deixando claro que é um processo natural de tudo que é vivo. Porém, é preciso ficar atento aos eufemismos: crianças pequenas costumam levar tudo ao pé da letra. Ou seja, dizer que alguém está descansando ou foi viajar para longe pode causar certa confusão. Para Karin Kenzler, elementos da natureza e materiais infantis podem ser ótimos aliados na hora de explicar sobre o assunto. “O que se deve fazer é ir educando seu filho por meio de exemplos práticos do ciclo da natureza. Semeie uma plantinha e vá mostrando como ela nasce, cresce, adoece e morre”, declara.
Drogas e bebidas
No início da adolescência começam a surgir ofertas de bebidas e de drogas lícitas e ilícitas. Por isso, é preciso que os pais conversem com os filhos a respeito do tema para que eles evitem o consumo e a dependência.
De acordo com a orientadora Karin, o melhor jeito de orientar o jovem é ressaltar os hábitos saudáveis e diferenciar aquilo que faz bem e mal à saúde, sem entrar especificamente no tema. Ela ainda completa. “Ao falar das drogas e os efeitos nocivos como a dependência, danos à saúde e ilegalidade, lembre-se de falar dos efeitos agradáveis que atraem os jovens, pois é neles que reside o perigo do vício”.
É preciso educar
As crianças e adolescentes formam suas opiniões de acordo com aquilo que ouvem e observam de pessoas que consideram exemplo. Por isso, é essencial que os pais deem orientação desde a infância, para que os filhos não se espelhem no comportamento de colegas ou informações suspeitas da internet.
Colégio Humboldt
Mantido pela Sociedade Escolar Barão do Rio Branco, o Colégio Humboldt atende a aproximadamente 1.150 alunos, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. A instituição oferece ensino bilíngue (português/alemão) e multicultural e dois currículos de formação: um brasileiro e outro alemão. Também conta com o Abitur, para os alunos que desejam ingressar em universidades europeias, e com a Humboldt Formação Profissional Dual, que oferece cursos técnicos e tecnólogo em gestão.