Papo de Mãe

Crescer pode doer

Roberta Manreza Publicado em 05/05/2015, às 00h00 - Atualizado às 14h02

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5 de maio de 2015


Dor do crescimento é uma doença leve e na maioria das vezes não trará qualquer problema futuro à criança. No entanto, deve ser valorizada e devidamente atenuada

Abc da Saúde Infanto-Juvenil

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Se, ao acordar no meio da noite, seu filho se queixar de dor nas pernas, não pense que é manha, que o que ele quer é companhia para voltar a dormir. A dor frequente nos membros (ou dor do crescimento, como é popularmente conhecida) existe, sim, e acomete, principalmente, entre 10 a 20% das crianças entre dois e oito anos de idade. “A cada 10 crianças, duas vão referir a dor, sendo que em metade desses casos, os pais também tiveram a mesma queixa na infância. Apesar de a causa ser desconhecida, não se trata de uma doença e sim de uma ocorrência benigna que não trará sequelas ao paciente”, tranquiliza o pediatra Clovis Artur Almeida Silva, responsável Técnico-Científico pela Unidade de Reumatologia do Instituto da Criança.

Como identificá-la?

Doutor Clovis explica que o que ocorre é que, normalmente, os pacientes se queixam de dor nas pernas, sobretudo na panturrilha, coxas ou atrás do joelho. Na maioria das vezes, a dor se alterna entre os membros: um dia se apresenta na perna direita, no outro na esquerda, e também pode se manifestar com maior intensidade em uma das duas. “Acontece, em geral, no final da tarde ou no início da noite, podendo até acordar a criança. A periodicidade é muito variada e, apesar de não ter causa definida, pode ser estimulada por alguns fatores como um dia frio, ou em que a criança tem uma carga de estresse na escola, uma prova ou após uma atividade física intensa”, complementa o especialista.

Para que o médico crave o diagnóstico, é importante atestar por meio da história clínica que o paciente não tem nenhum sintoma associado como febre, falta de apetite, assim como alterações em análises laboratoriais e de imagem. Além disso, não se trata de uma dor localizada e sim difusa, que vai alternar entre os membros, mas que, geralmente, dura entre cinco a vinte minutos. O exame físico é normal.

Sem estresse

Doutor Clovis retoma um estudo realizado com cerca de 70 pacientes no Instituto da Criança que apontou que o melhor parâmetro para minimizar a dor foi a tranquilização dos pais. “É importante que eles saibam que a situação pode ser contornada com o acolhimento do pequeno. Massagens locais vão movimentar o fluxo sanguíneo e atenuar o problema. Do ponto de vista emocional, esse carinho irá demonstrar que os pais se importam com o que ele está sentindo. O que não pode é negligenciar a queixa de seu filho. A dor é individual, existe e deve ser valorizada”, salienta o pediatra.

A questão emocional está bastante relacionada às dores do crescimento. Alunos multitarefas, que cobram muito de si mesmos, ou até mesmo os filhos cujos pais preenchem totalmente suas agendas, podem ser vítimas frequentes da dor. “A família pode não saber, mas o ócio é importante para o desenvolvimento infantil. A criança tem que brincar ou ficar algum tempo sem fazer nada”, orienta doutor Clovis.

Viver em um ambiente familiar e escolar harmonioso e a prática de esportes como a natação podem prevenir ou amenizar a incidência das dores de crescimento. “Além de promover pouco impacto por se tratar de um esporte aquático, assim como toda atividade física, a natação reduz a tensão muscular.”

Fonte: Doutor Clovis Artur Almeida Silva, é reumatologista pediátrico e  responsável Técnico-Científico pela Unidade de Reumatologia do Instituto da Criança.




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