Papo de Mãe

Criança caiu e bateu a cabeça: e agora?

Roberta Manreza Publicado em 04/11/2015, às 00h00 - Atualizado às 07h54

Imagem Criança caiu e bateu a cabeça: e agora?
4 de novembro de 2015


Pediatra Orienta – Fonte: SPSP

medium_430437353Quando a criança cai e bate a cabeça, começam as dúvidas e angústias:
Preciso ligar para o pediatra? Será que levo para o Pronto Socorro? Precisa de RX? Pode dormir?

Essas questões são muito frequentes. Então, vamos tentar esclarecê-las.

Traumatismo crânio-encefálico (TCE) é o nome técnico que se dá quando a criança cai e bate a cabeça. Ele pode ser classificado em leve, moderado ou grave dependendo de como está o exame neurológico da criança, quando avaliada pelo médico.

Por que quando a criança cai, na grande maioria das vezes, bate a cabeça?
Isso ocorre, principalmente, na criança menor de dois anos de idade, quando, a cabeça tem um tamanho quase que proporcionalmente semelhante ao corpo. Assim, toda vez que a criança cai, a cabeça é projetada mais facilmente, por ser mais pesada, o que provoca mais trauma nessa região.

Toda criança que bate a cabeça deve ser levada para o Pronto Socorro?
Não. Quedas triviais não necessitam de avaliação médica imediata.

Quando levar a criança para avaliação médica?
As crianças abaixo de dois anos de idade devem ser avaliadas com mais cuidado pois, além de terem, constitucionalmente, os ossos do crânio mais plásticos, ou seja, mais “molinhos”, o que predispõe a lesões dentro do cérebro sem manifestação externa de fratura, não conseguem dizer exatamente o que estão sentindo. Algumas das principais situações que necessitam de avaliação médica de urgência:

  • queda da criança menor de 3 meses de idade;
  • queda de mais de um metro de altura para crianças abaixo de 2 anos de idade e queda de mais de 1,5 metro nas crianças acima de 2 anos;
  • queda de mais de 4 degraus da escada;
  • acidente com bicicleta sem capacete;
  • acidente automobilístico com vítimas;
  • perda da consciência por mais de 1 minuto pós trauma;
  • presença de galos na cabeça, principalmente na região das têmporas e na região de trás da cabeça;
  • sangramento pelo ouvido ou nariz.

Os vômitos, a dor de cabeça e o sono são sinais preocupantes?
Os vômitos podem acontecer após bater a cabeça e não significar nada mais sério. Eles deverão ser avaliados se, depois da queda, ocorrerem mais do que 5 vezes em uma hora. A dor de cabeça também pode ser normal após o TCE, mas será um alerta se a sua intensidade for aumentando até limitar a atividade da criança. Também é muito frequente a criança dormir após bater a cabeça ou porque chorou ou pelo próprio stress da queda. Pode deixar a criança dormir, mas se for difícil acordá-la, deverá ser feita a avaliação médica.

O RX de crânio é sempre necessário?
O que interessa saber quando a criança bate a cabeça é se tem ou não coágulo dentro do cérebro, chamado de hematoma. O RX não consegue mostrar isso. O melhor exame para avaliar se houve ou não lesão dentro do cérebro é a tomografia. Mas cuidado! A realização da tomografia não deve ser feita de forma indiscriminada, pois ela não é isenta de malefícios para a saúde da criança, principalmente no que diz respeito à irradiação. Se considerarmos que a criança, pela sua característica exploradora, terá muitos traumas na região da cabeça durante a infância, e que se para todos eles for realizada tomografia de crânio, a carga acumulada de irradiação será muito grande, e isso, no futuro, poderá aumentar a chance, ainda que pequena, de desenvolver leucemias ou até mesmo tumores cerebrais.

Qual é o período de maior risco para que a criança tenha algum sintoma mais sério após ter sofrido o trauma na região da cabeça?
A grande preocupação após o TCE são os hematomas. Estes podem ser causados por lesão das artérias ou das veias. Quando acontece a lesão da artéria, o sangramento é grande, intenso e causa compressão do cérebro rapidamente, podendo levar a criança à morte. É o que chamamos de hematoma extradural. Nesse caso, a criança é difícil de ser acordada, os vômitos são persistentes e a dor de cabeça progressiva. Ele ocorre mais frequentemente até as primeiras 12 horas após o trauma e, geralmente, é necessária a cirurgia de emergência. Quando a lesão ocorre na veia, o sangramento é mais lento e menos intenso. É o que ocorre no hematoma subdural. Nesse caso, a criança vai piorando a cada dia, mas há tempo suficiente para que o neurocirurgião avalie e dê o melhor tratamento para cada caso. A cirurgia pode não ser imediata.

Mas não há motivo de medo ou de superproteger a criança, limitando o seu desenvolvimento normal. O mais importante é a prevenção. Criança deve sempre estar sob supervisão de um adulto, e medidas de segurança sempre adotadas para minimizar o trauma.

Se seu filho caiu, bateu a cabeça e está bem, sem os sintomas descritos acima, não há necessidade de avaliação médica de urgência, e sim, de observação. Na piora do quadro procurar sempre o serviço de emergência.

Tomografia pode ser útil em alguns casos mas deve ser evitado exagero em crianças cujo exame neurológico é normal.

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Relatora:
Dra. Milena De Paulis
Secretária do Departamento Científico de Emergências da SPSP

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