Papo de Mãe

A criança em processo de inclusão escolar e os efeitos positivos das deficiências

Roberta Manreza Publicado em 15/05/2017, às 00h00 - Atualizado em 17/05/2017, às 08h03

Imagem A criança em processo de inclusão escolar e os efeitos positivos das deficiências
15 de maio de 2017


Por  Emilio Figueira*,  jornalista, educador, psicólogo e escritor

Durante muitas décadas e por questões culturais muitos ainda veem crianças e pessoas com deficiência como algo negativo e que limitava a vida dessas pessoas. Mas nos últimos anos estamos tendo tantos exemplos positivos, que essa antiga visão começa a dar lugar a uma visão cada vez mais positiva dessas crianças e pessoas, mostrando-nos o quanto são infinitas suas possibilidades educacionais e sociais.

E um dos caminhos dessa nova construção é a Educação Inclusiva. Dentro da Escola, entendo a Inclusão Escolar não só como o processo de transferir o conteúdo aos alunos, mas, também, o ato de promover de forma natural a interação social entre todos.

O desenvolvimento global de seu filho ou filha precisa passar por um sistema de cooperação e convivência entre família, escola, professores, colegas e sociedade em geral, promovendo noções de respeito entre as diferenças.

O que também promoverá, dentre outros aspectos, o desenvolvimento psicomotor de seu filho ou filha e de todas as demais crianças. Isso porque quando uma criança com algum tipo de deficiência vê seus colegas sem deficiência realizando certas tarefas, ela será estimulada a imitar e autoestimulará, superando suas próprias deficiências.

Estímulos estes que seu filho ou filha não teria se ficasse em instituições especializadas entre alunos com deficiências semelhantes. Só que, para chegar a este estágio, alguns caminhos e mudanças de mentalidades precisam ocorrer.

É o que há mais de 70 anos o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky intitulou de efeitos positivos da deficiência, caminhos no curso do desenvolvimento que permitem atingir determinados objetivos ou funções, marcando a singularidade do desenvolvimento da criança ou pessoa com deficiência.

Embora o desenvolvimento apresente algum desvio fora da normalidade, seguindo caminhos especiais, as leis que regem o desenvolvimento cognitivo e psicológico dessa criança são as mesmas que guiam o desenvolvimento das crianças ditas normais.

Mas onde realmente podem surgir os conflitos na vida de uma criança com deficiência?

Simples… Os conflitos surgem a partir do contato dela com o meio exterior e podem criar estímulos para sua superação. Assim, as deficiências podem causar limitações e obstáculos para o desenvolvimento da criança, mas também estimulá-la em seus processos cognitivos.

Entendendo melhor, o grau de normalidade de seu filho ou filha depende de sua adaptação social, ou seja, quanto mais uma criança ou adulto com deficiência estiver incluído e participando do maior número possível das atividades de sua escola ou comunidade, menores serão os impactos e efeitos negativos limitantes decorrentes de sua deficiência.

Será fundamental que, enquanto mães, pais e família, estimulem seus filhos a encarar suas limitações não como obstáculo, mas como um desafio e processo criativo da luta deles contra tudo que os limitam.

Talvez, conhecendo essa visão sobre as crianças com deficiência, que o grau de normalidade depende da adaptação social e que os efeitos positivos das deficiências podem estimular o desenvolvimento cognitivo e psicológico de seus filhos, mães, pais e/ou familiares poderão diminuir suas ansiedades com relação ao futuro.

Infelizmente, podemos concluir que, de modo cultural, sempre atribuímos uma série de qualidades negativas a uma criança ou pessoa com deficiência, focando principalmente as dificuldades de seus desempenhos, dado que pouco conhecemos das suas particularidades positivas.

Todavia, para Vygotsky “é impossível apoiar-se no que falta a uma criança e naquilo que ela não é. Torna-se necessário ter uma ideia, ainda que seja vaga, sobre o que ela possui e sobre o que ela é.

Enquanto familiares e profissionais da educação e afins, precisamos perder essa cultura de focar a deficiência em si mesma, ou seja, no que falta na pessoa. Devemos buscar outros entendimentos de como se apresenta processo de desenvolvimento dessas pessoas, como elas interagem com o mundo, organizam seus sistemas de compensações, as trocas e as mediações que auxiliam na sua aprendizagem.

UMA DICA

Tenho curso para pais e mães de crianças em processo de inclusão: CONVERSANDO SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA COM A FAMÍLIA com dicas e orientações práticas. Tudo totalmente gratuito, voltado para pais e familiares de crianças e jovens com deficiência que estão perdidos diante da política da Educação Inclusiva.

E uma coisa eu já quero destacar: Para que o processo de inclusão escolar de uma criança com deficiência realmente dê certo, será fundamental a participação plena da família junto aos professores e todo o contexto escolar!

SEIS CONVERSAS DESCONTRAÍDAS COM PAIS, MÃES E FAMILIARES!

Um abração e o meu carinho a todos vocês!

Emilio Figueira é Psicólogo, Psicanalista e Escritor, especialista em Educação Inclusiva e Psicologia das Pessoas com Deficiência.

Por causa de uma asfixia durante o parto, Emílio Figueira adquiriu paralisia cerebral em 1969, ficando com sequelas na fala e movimentos. Mas nunca se deixou abater por sua deficiência motora e vive intensamente inúmeras possibilidades.

http://emiliofigueira.com




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