pmadmin Publicado em 22/09/2011, às 00h00 - Atualizado em 19/09/2014, às 19h42
Solange Melo |
Isso acaba gerando uma grande quantidade de crianças que acabam sendo criadas por tias e avós, o que já é uma realidade social. Muitos são filhos de mães adolescentes e outros de mães que querem um filho, mas não um casamento.
Há um ditado antigo que diz que “Pais educam e avós e tios deseducam”, mas sabemos bem que não é bem assim. Muitos são os tios e tias que, por necessidade de ajudar, educam sobrinhos como se seus filhos fossem, com amor e regras bem definidas.
O importante nesses casos é que quando tios passam a substituir os pais na educação das crianças, essas não passem a desvalorizar a figura dos pais biológicos, gerando conflitos e brigas. Outra questão importante é, nesses casos, a hierarquia a ser estabelecida, que na forma tradicional e nuclear, está centralizada na figura dos pais.
Importante acrescentar que o que de fato importa é como essa criança é ensinada a se comportar. Assim sendo, tanto pais, como tios, como avós podem ser bem ou mal sucedidos em suas práticas educativas.
É um erro acreditar que crianças criadas com tios e avós são diferentes, mais mimadas, birrentas ou mal criadas do que aquelas criadas pelos pais, apesar dessa ser a ideia presente no senso comum. Tudo depende, repito, de como se dá essa educação.
Mimar faz parte de educar, mas não são comportamentos excludentes. Observamos claramente que o problema não é o mimo, mas sim a ausência de limite na educação. E é essa ausência pode se dar tanto na educação dos pais quanto na dos tios e dos avós.
Educar nada mais é que, dentre outras coisas, que ensinar o certo e o errado, as consequências de cada um dos nossos atos, noção de responsabilidade, dar colo e também dar limite quando necessários, e mostrar que uma coisa é dar o peixe e outra bem diferente é ensinar a pescar.
Muitas tias e avós, é bem verdade, tentam consciente ou inconscientemente, recompensar a ausência dos pais, superprotegendo a criança, o que acaba por deixa-las frágeis, vulneráveis e com baixa autoestima e pouca tolerância a frustração. E isso não é nada bom!
Outra questão importante é ressaltar a importância de, na educação dessas crianças criadas por tios e avôs, todos falarem a mesma linguagem (pais biológicos inclusive). Até porque, caso contrário, ninguém vai se entender, vão ser passadas mensagens contraditórias e a criança vai estar em meio a um fogo cruzado, sem saber a quem obedecer. E como diz o velho ditado, “Casa em que todo mundo manda, ninguém obedece”, na prática, isso certamente seria desastroso!
Psicóloga e Psicoterapeuta de adultos, casais e famílias em São Paulo. Participei do Papo de Mãe em julho de 2011, como especialista sobre o tema Mudanças.*