Roberta Manreza Publicado em 23/10/2020, às 00h00 - Atualizado em 28/10/2020, às 13h20
Por Raphael Preto Pereira
O Instituto Arte na Escola, que trabalha na formação de educadores de arte, realizou na última semana, uma live com o cantor compositor e ex-ministro da cultura Gilberto GIl. “A escola para mim é uma extensão da casa, minha avó paterna era professora e minha tia, irma da minha mãe também, além da minha mãe”, contou o músico.
Segundo dados do Arte Na Escola, há 560 mil professores que lecionam a disciplina de arte na escola, mas apenas seis por cento têm formação específica na área. A organização, sem fins lucrativos, atua desde 1989 formando docentes na área e capacita mais de oito mil professores todos os anos.
“ A arte é parte fundamental da criação, as artes têm suas suas próprias escolas e representam aprendizados. São grandes pólos de disseminação do ensinamento”, afirmou o cantor.
A professora Fátima Santana, que participou da live, acredita que o processo de ensino da arte pode servir como uma maneira de mostrar para as crianças novas referências de sucesso, e êxito, atacando o branco centrismo pelo exemplo.
“ Se uma criança, na hora da educação artística, só conhecer, por exemplo, qual será a ideia que ela terá de um país tão diverso como o Brasil ?”, questiona Santana, que trabalha com educação há 13 anos. A docente foi ganhadora do prêmio arte na escola em 2015. O projeto pode ser visto neste vídeo
“Algumas vozes foram silenciadas”
A professora Rosângela Accioly que venceu o prêmio arte na escola em 2018 acredita que o currículo da educação básica no Brasil ainda é muito eurocêntrico e focado na valorização do fenótipo europeu. A educadora pontua que cabe à escola modificar essa realidade.
“ É preciso apresentar referências, de beleza e de cultura. E não pode ser um tema transversal, é um tema que precisa estar presente nos currículos das escolas como um todo”, defende. Você pode acompanhar a execução do projeto aqui
Para o ex-ministro da cultura do Brasil ainda há “ muitas abolições para serem feitas” e é preciso que a sociedade brasileira aprenda a “recepcionar diversas formas de identidade”. GIl apontou que a formação da escola brasileira ainda guarda muita relação com a colonização europeia, “ não foi atoa que vieram aqui e impuseram um processo de civilização, e a escola acaba reproduzindo esses conceitos, a escola precisa passar a ensinar a verdade sobre o Brasil”, acredita.