30 de setembro de 2009
Olá!!!
Bem, vocês já sabem, o programa desta quinta é sobre
LIMITES, mas ainda temos muito o que falar a respeito de
PARTO, não é mesmo???
Por isto, estamos trazendo na íntegra a entrevista feita pela repórter Rosângela Santos para o Papo de Mãe com o renomado obstetra
Dr. Cláudio Basbaum, que fala a respeito do parto humanizado. Confira!
RS: Como deve ser o parto?
CB: Quando o bebê chega aqui fora ele tem sensibilidade, por isso ele grita e não gosta de muita luz. Então, temos que lhe dar colo, carinho, um tocar delicado. O recém nascido tem por cm² dez vezes mais sensores do que nós adultos. Temos que tratar o bebê com delicadeza, quase como um lamber (como fazem os animais). Esse bebê tem que ir para o seio da mãe como todas as crias. É isso que tem que ser oferecido: o colo da mãe, o cheiro, ouvir batimentos cardíacos da mãe. É preciso que haja uma maior consciência dos profissionais para entender este lado. Tem que “desmedicalizar” e permitir que venha à tona sua sensibilidade. O bebê quando chega não precisa ser flagelado, estimulado, dependurado, aspirado de imediato. Precisa que se dê um tempo para que se acostume. Ele está com duas respirações quando nasce: o cordão pulsa e os pulmões estão começando a funcionar. Podemos ter uma humanidade melhor através de um bom nascimento. São crianças, são gerações mais seguras.
RS: Existe parto perfeito?
CB: O parto perfeito é aquele que você oferece à mãe as boas condições para que ela esteja inteiramente envolvida na experiência do nascimento e para o bebê. O nascimento é outro momento. Não podemos misturar parto com nascimento. Tem que ter bom pré-natal e o casal tem que estar preparado. Não é apenas o útero que cresce, é o casal que se expande para assumir papel de mãe e de pai.
RS: Quando deve ser feita a cesárea?
CB: A gente não pode negligenciar, temos como detectar a necessidade. A cesárea só deve ser indicada quando de fato há fator materno que indique. Dificuldades para nascer, parto prolongado com estafa fetal, defeitos de bacia, certas doenças como diabetes, hipertensão, incompatibilidade de RH. São causas maternas por um lado e causas fetais por outro, como sofrimento fetal. Aí sim! O que não podemos é fazer cesárea por causa do médico. Porque o médico decidiu fazer sem que haja indicação. Não posso criticar porque a estrutura médico-social deste país é perversa. A cesárea deveria ser realizada num percentual muitíssimo mais baixo do que é realizada.
RS: E o parto normal?
CB: Você tem que encantar a mulher porque é um momento encantado. Parir é um momento de um grande orgasmo, mas é preciso que seja oferecido a ela condições para isso. Eu pergunto: A senhora quer ter dor antes ou depois? Porque se fizer cirurgia vai ter dor depois… E sua vivência nisso? Não quer dar a luz? Quer que eu assuma papel de parir seu filho? Você tem hora marcada para um grande orgasmo?
RS: Por que algumas salas de parto têm banheira?
CB: Entrar na banheira na hora do parto relaxa músculos, dilata vasos, facilita dilatação pelo calor. A sensação de flutuação alivia a dor. Mas não pratico o nascimento na água. Deixo a mãe caminhar e se acomodar para que eu possa assistir sem atrapalhar. Eu, como médico, tenho que ser expectador consciente sabendo a hora de intervir. Esse é meu papel. O papel do obstetra (cuja origem da palavra vem de “estar ao lado”) é o de ajudar, se necessário. Bem, 80% das crianças nasceriam bem de parto normal e essa deveria ser a incidência nos grandes centros.
RS: O Senhor nasceu de parto normal?
CB: Sim e fiquei ao lado da minha mãe em alojamento conjunto.
RS: Fez diferença?
CB: Eu tenho boas recordações da minha mãe. Ela está hoje com 96 anos e ganha muitos beijos meus! (risos) E não percam amanhã, aqui no blog, a entrevista com a Dra. Márcia Maria da Costa, que fala também sobre a humanização do parto! Até mais!!!