Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia revelou que aprender a escrever à mão estimula mais o cérebro do que apenas digitar em um teclado.
Roberta Manreza Publicado em 20/10/2020, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2020, às 08h46
Por Rede Marista de Colégios*,
Estudo científico norueguês aponta que a escrita cursiva estimula mais o cérebro que o teclado de computador
Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia revelou que aprender a escrever à mão estimula mais o cérebro do que apenas digitar em um teclado. O estudo foi realizado pela professora Audrey van der Meer e publicado no jornal Frontiers in Psychology em outubro.
De acordo com a autora da pesquisa, as pessoas aprendem e lembram melhor com a escrita manual. “O uso de caneta e papel dá ao cérebro mais ‘ganchos’ para pendurar suas memórias. Escrever à mão cria muito mais atividade nas partes sensório-motoras do cérebro. Muitos sentidos são ativados pressionando a caneta no papel, vendo o letras que você escreve e ouve o som que você faz enquanto escreve. Essas experiências sensoriais criam contato entre diferentes partes do cérebro e o abrem para o aprendizado”, diz Van der Meer.
A pesquisa comprovou que a escrita cursiva ajuda as crianças a aprenderem melhor e estimula a memória e outras partes importantes do cérebro durante o processo. Isso acontece porque, ao contrário dos movimentos curtos e repetitivos do teclado, a escrita manual pede a prática de diversos controles finos, além de outros sentidos, como a visão e a audição. Para a professora do Ensino Fundamental Anos Iniciais do Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba, Vanisse Maria Rodrigues Alves, a aprendizagem e a prática da escrita cursiva é fundamental. “Pensando que ao escrever em letra cursiva exigimos um apanhado de habilidades prévias como força, coordenação viso-motora, ritmo, organização mental, atenção, concentração, autorregulação, ritmo, entre outros, constatamos que aprimorar-se deste conhecimento difere-se, e muito, de apenas digitar letras em um teclado”, analisa.
Muito mais que escrita
Com relação à memória, Vanisse explica que ao aprender cada traçado, o estudante deve pensar em como ele é escrito e transpor por meio dele suas ideias e pensamentos no papel. “A criança, além de preocupar-se com a forma correta de executar a palavra, precisa exercitar a memória visual que construiu para cada letra, lembrar da organização espacial na folha e na linha do caderno, perceber o uso da letra maiúscula e minúscula por si mesmo e buscar em seus repertórios de leitura a memória de como se escreve determinada palavra”. Ou seja, a longo prazo os estudantes que utilizam lápis e papel, podem pensar na forma de escrita e por vezes, errar menos.
Revolução digital
Apesar de as escolas estarem cada vez mais avançadas no quesito tecnológico, a pesquisa traz pontos importantes para unir o melhor de dois mundos. Quando o computador é usado, ele tende a encurtar caminhos e facilitar processos, eximindo o usuário de várias aprendizagens. A professora sugere que estudantes usem sim ferramentas digitais, mas por volta dos 9, 10 anos, quando a escrita já está mais consolidada e essa fase exige o aprimoramento de outras habilidades.
A autora da pesquisa reforça a opinião de Vanisse: “eu usaria um teclado para escrever uma redação, mas eu faria anotações à mão durante uma palestra”, conclui Van der Meer.
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