A ansiedade e o estresse estão mexendo com alguns dos hábitos de muitas pessoas. O problema é que, quando não lidamos ou aceitamos bem nosso estado emocional, tendemos a realizar maus hábitos, na maioria das vezes involuntários. E um dos principais é morder ou lamber os lábios com frequência.
Roberta Manreza Publicado em 12/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h23
Por Dra. Paola Pomerantzeff*, dermatologista Os efeitos colaterais de curto prazo de mordidas e lambidas consistentes nos lábios podem incluir erupção cutânea labial, com sensação de queimação, além de infecções, que podem causar dor, inchaço, ressecamento e sangramento | |
A ansiedade e o estresse estão mexendo com alguns dos hábitos de muitas pessoas. O problema é que, quando não lidamos ou aceitamos bem nosso estado emocional, tendemos a realizar maus hábitos, na maioria das vezes involuntários. E um dos principais é morder ou lamber os lábios com frequência. “Essa é uma região extremamente delicada, de pele fina, formada por uma semimucosa, ou seja, uma transição da mucosa oral para a pele ao redor dos lábios. Essa já é uma região amplamente agredida, por conta do movimento da musculatura, entrar em contato com alimentos, bebidas, saliva, cosmético, além da ação de agressores ambientais, principalmente no inverno com o vento frio e a radiação solar. Lamber ou morder os lábios pode ser ainda mais preocupante nesse sentido, podendo gerar sensação de queimação, infecções, dor, inchaço, ressecamento e sangramento”, afirma a dermatologista Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Segundo a médica, lambidas e mordidas constantes nos lábios pode causar uma “erupção cutânea labial” rosa e escamosa, ou seja: lábios rachados. “Essa pele quebrada ou rachada pode ser porta de entrada para microrganismos que levam a infecções, causando inchaço, dor e sangramento”, diz. Morder os lábios especificamente pode causar cicatrizes e surtos de herpes labial, devido ao maior potencial de infecção da pele rachada. “Essa prática também pode causar ruptura ou bloqueio de uma glândula salivar, que se manifesta como um nódulo no lábio chamado mucocele”, diz ele. Outro problema da constância desse mau hábito é o desenvolvimento de uma pele espessa (liquenificação), geralmente caracterizada por descoloração marrom ou branca. “Isso pode fazer a linha labial natural começar a parecer um pouco distorcida”, explica a médica. Como parar de morder ou lamber os lábios Aprender a parar de morder ou lamber os lábios pode ser muito difícil, porque na maior parte são hábitos inconscientes. “Eliminar esses hábitos pode exigir ajuda de alguns tratamentos tópicos, mas é a quantidade de força de vontade e esforço que você coloca nele que determinará o seu sucesso”, diz a médica. O primeiro passo é identificar o hábito e o que provavelmente o desencadeará. “Estar ciente de seus comportamentos e desejar ajuda: isso é fundamental”, diz a médica. “Sem isso, quaisquer recomendações são infrutíferas”. Depois de fazer isso, é necessário buscar ajuda psicológica ou técnicas de relaxamento de modificação comportamental. Lembre-se de que esse tipo de treinamento não funcionará da noite para o dia, então é necessário ter paciência. Depois de iniciar o trabalho mental necessário para parar de morder ou lamber os próprios lábios, você pode começar a tratar os lábios com tratamentos tópicos, desde que sejam feitos com os ingredientes certos. “O dermatologista indicará o produto a ser aplicado sobre a pele que não seja tóxico, que permaneça e não irrite a pele, ao mesmo tempo em que realmente atuará como um impedimento para o hábito”, diz a médica. Cremes com cortisona e pomadas mais gordurosas desencorajam a lamber, pela consistência que fica na pele. Além disso, a dermatologista lembra que lamber os lábios de forma consistente é mais comum em pacientes com pele seca ou eczema, ou então no inverno, por conta da baixa umidade do ar. “Por isso, vale a pena usar hidratantes com FPS para a região, a fim de mantê-la hidratada, evitando passar a língua, já que a saliva dá uma falsa sensação de umedecimento em um primeiro momento, mas agrava o ressecamento depois”, finaliza a médica. *DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. http://www.drapaola.me/ |