Papo de Mãe

Gravidez: a angústia de mulheres que não conseguem engravidar

Roberta Manreza Publicado em 25/06/2015, às 00h00 - Atualizado às 19h29

Imagem Gravidez: a angústia de mulheres que não conseguem engravidar
25 de junho de 2015


Por Carolina Ambrogini*, obstetra e sexóloga

Fonte: Revista Crescer

À espera (Foto: Thinkstock)

“Ah, mas a sua vizinha engravidou com 41 anos, por que você, com 35, não consegue? Porque a fertilidade é algo muito individual.” (Foto: Thinkstock)

Frustração e impotência. Duas palavras que resumem a sensação de tentar, tentar e não engravidar. Todo mês, uma espera ansiosa que culmina com uma mancha vermelha e lágrimas. Mais um longo mês de espera vem pela frente. O instinto materno é algo muito primitivo, que trazemos lá da infância, quando ninamos nossas bonecas e nos espelhamos nas nossas mães. Assim que bate a vontade de engravidar, ela vem forte. Já começam os planos, os nomes prediletos vêm à mente e os bebês das amigas ficam mais fofos do que nunca. Surge uma expectativa e, ao mesmo tempo, a constatação de que engravidar no próximo mês não é algo que está sob seu controle. Está nas mãos da natureza. E ela a gente não controla, só aguarda.

Imagino que você, que está lendo esta coluna, já passou por essa angústia, está grávida ou com seu lindo filho nos braços. Pode ser também que esteja tentando seu segundo filho e se encontre justamente na fase da espera. É pensando em vocês que escrevo. Negar a uma mulher o seu desejo de engravidar é algo muito, muito sofrido. O mais complicado é que a medicina não oferece todas as respostas. Atualmente, sabemos que a idade é um dos fatores que mais influenciam na fertilidade.

Como muitas mulheres querem primeiro se estabelecer na carreira, o tempo vai passando. Ah, mas a sua vizinha engravidou com 41 anos, por que você, com 35, não consegue? Porque a fertilidade é algo muito individual. Depende não só da idade, mas da reserva ovariana, que é moldada por características genéticas e também pelo modo de vida. Hábitos saudáveis contribuem para uma boa fertilidade, mas não garantem uma gravidez. Existem ainda outros fatores, como a permeabilidade das tubas e as condições do útero que abrigará o embrião. As tubas podem ser obstruídas por infecções pélvicas e, principalmente, pela praga moderna que é a endometriose. Já o útero, à medida que envelhece, fica mais propenso a apresentar miomas e pólipos, que podem dificultar a implantação do embrião. Fazer check-ups anuais ajuda, mas também não garante…

Fatores masculinos vêm para complicar. Já ter tido um filho não assegura ao homem um bom esperma para o segundo, portanto, a avaliação de infertilidade deve ser feita para ambos. E alguns casais, 20% para ser mais específica, se enquadram na categoria de infertilidade sem causa aparente. Essa investigação diagnóstica, que compreende exames chatos e desconfortáveis, junto com a menstruação de todo mês, gera uma angústia enorme. A você, mulher que passou por isso ou que está no processo, ofereço toda a minha solidariedade. Gostaria de abraçá-la, como costumo fazer com toda amiga, conhecida ou paciente que quer um bebê. Boa sorte, queridas!

*Dra. Carolina Ambrogini é obstetra, sexóloga e mãe de 2 filhos. Coordena o Projeto Afrodite, da Universidade Federal de São Paulo e é colaboradora do Portal Papo de Mãe. Site: www.carolinaambrogini.com.br

**Este texto foi publicado na Revista Crescer e autorizado pela autora para divulgação. – Dica: Assista ao Papo de Mãe sobre “Tentantes”:



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