Baseado nos princípios da comunicação não violenta, o método descrito no livro Mediação de Conflitos na Escola, Modelos, Estratégias e Práticas foi desenvolvido na Espanha
Maria Carme Boqué Torremorell* Publicado em 22/05/2021, às 13h31
Hoje, já se passaram mais de vinte anos desde que desenvolvi meu primeiro programa de mediação escolar. Como uma jovem professora, não conseguia entender por que os problemas que aconteciam na escola só podiam ser resolvidos com sanções. Eu me senti mal porque vi que era injusto punir um menino ou uma menina que não sabia expressar o que sentia ou queria e tanto meus alunos quanto eu fomos pegos na roda da justiça retributiva que exige “um olho para um olho e um dente por dente”.
Além disso, percebi que quem mais precisava aprender a interagir pacificamente com outras pessoas não tinha estratégias para isso. Foi então que, pela primeira vez, ouvi falar da mediação escolar como aquele mecanismo de resolução de conflitos em que as pessoas não recebem punições, mas sim, conscientes dos danos causados, oferecem voluntariamente uma solução, ou seja, propõem uma ação corretiva ou chegam a um acordo em que todos ganham.
Quando soube que, além da área educacional, qualquer pessoa, ou seja, famílias, alunos, professores e demais trabalhadores do centro educacional dispostos a se comprometer com o bem-estar da comunidade, poderia ser mediadora, pensei na hora em dedicar meus esforços para divulgar a mediação na escola.
A primeira coisa foi treinar-me, aprender com aqueles que já há algum tempo divulgam a cultura da paz e recorrem à mediação para resolver conflitos de todo o tipo: de vizinhança, intercultural, empresarial, familiar, internacional, escolar etc. Descobri que a mediação é uma dinâmica baseada nos princípios da justiça restaurativa que defende que todas as pessoas são responsáveis por seus atos e, portanto, podem reparar os danos causados às pessoas ao seu redor e, ao mesmo tempo, a comunidade deve simpatizar com eles e acompanhá-los para que encontrem uma maneira de se relacionar positivamente com seus semelhantes.
Aí eu quis aplicar a mediação na escola e tive que internalizar os movimentos do processo de mediação: o que aconteceu com a gente? Onde estamos agora? E como podemos progredir? Mas não foi só, porque a mediação vem acompanhada de um conjunto de técnicas que, na realidade, são essenciais para conviver e conviver com pessoas diferentes, tais como: empatia, escuta ativa, comunicação não violenta, cooperação, pensamento criativo, espírito crítico e consenso, entre as competências mais importantes.
Agora verifiquei que a mediação escolar é preventiva, o que significa que não é necessário esperar que os conflitos aumentem para intervir, mas que podemos agir perante qualquer desconforto, desacordo ou raiva, evitando assim que se agravem e levem à violência.
Também vi que as crianças e os adolescentes são grandes mediadores e, uma vez formados, tornam-se agentes de paz que resolvem os conflitos diários que ocorrem na escola.
Além disso, os professores podem utilizar as ferramentas fornecidas pela mediação para gerir a convivência na turma de forma inteligente e pragmática, o que melhora o clima da sala de aula e contribui para um tempo de aprendizagem de melhor qualidade. Mesmo que ocorra um problema sério, a mediação ajuda as pessoas em conflito a se reconciliar e seguir em frente com suas vidas em paz.
Hoy hace ya más de veinte años desde que desarrollé mi primer programa de mediación escolar. Como joven maestra no podía comprender por qué los problemas que sucedían en la escuela solo podían resolverse con sanciones.
Me sentía mal porque veía que era injusto castigar a un niño o a una niña que no sabían cómo expresar lo que sentían o lo que deseaban y tanto mis alumnos como yo estábamos atrapados en la rueda de la justicia retributiva que exige “ojo por ojo y diente por diente”.
Además, me daba cuenta de que quienes más necesitaban aprender cómo relacionarse pacíficamente con las demás personas no disponían de estrategias para lograrlo. Fue entonces cuando, por primera vez, oí hablar de la mediación escolar como aquel mecanismo de resolución de conflictos en que las personas no reciben un castigo, sino que conscientes del daño causado ofrecen voluntariamente una solución, es decir, proponen una acción reparadora o llegan a un acuerdo donde todo el mundo sale ganando.
Cuando supe que, además, en el ámbito educativo cualquier persona, es decir, las familias, el alumnado, los docentes y otros trabajadores del centro educativo dispuestos a comprometerse con el bienestar de la comunidad podían convertirse en mediadores, pensé que iba a dedicar mis esfuerzos a dar a conocer la mediación en la escuela. Lo primero fue formarme, aprender de quiénes ya llevaban tiempo difundiendo la cultura de la paz y utilizando la mediación para resolver conflictos de todo tipo: vecinales, interculturales, empresariales, familiares, internacionales, escolares, etc.
Descubrí que la mediación es una dinámica basada en los principios de la justicia restaurativa que defiende que todas las personas son responsables de sus actos y, por lo tanto, pueden reparar los daños causados a las personas que les rodean y, al mismo tiempo, la comunidad debe compadecerles y acompañarlos para que encuentren la manera de relacionarse positivamente con sus semejantes.
Luego ya quise probar y para poder aplicar la mediación en la escuela tuve que interiorizar los movimientos del proceso mediador: ¿qué nos pasó?, ¿dónde estamos ahora? y ¿cómo salimos para adelante? Pero eso no fue todo, porque la mediación se acompaña de un abanico de técnicas que, en realidad, son fundamentales para vivir y para convivir con personas diversas, como, por ejemplo: la empatía, la escucha activa, la comunicación noviolenta, la cooperación, el pensamiento creativo, el espíritu crítico y el consenso, entre las habilidades más importantes.
Ahora ya he comprobado que la mediación escolar es preventiva, eso significa que no es necesario esperar a que los conflictos se agraven para poder intervenir, sino que podemos actuar ante cualquier malestar, desencuentro o enfado evitando, así, que escale y derive en violencia. También he visto que niños, niñas y adolescentes son grandes mediadores y una vez formados, se convierten en agentes de paz que arreglan los conflictos cotidianos que ocurren en la escuela. Además, los docentes podemos utilizar las herramientas que les proporciona la mediación para gestionar la convivencia en el grupo-clase de manera inteligente y pragmática, lo cual mejora el clima del aula y contribuye a que el tiempo para aprender sea de mejor calidad.
Incluso, si alguna vez sucede un problema grave, la mediación ayuda a que las personas en conflicto puedan reconciliarse y seguir con sus vidas en paz.
Maria Carme Boqué Torremorell é professora, pós-graduada em mediação e resolução de conflitos e doutora em Pedagogia. Há anos promove o desenvolvimento e a mediação escolar por meio de programas, publicações e cursos de formação. Atualmente, é professora titular da Universidade Ramon Llull, em Barcelona, e pesquisa temas como cultura de paz, participação democrática, cidadania, convivência escolar e gestão positiva de conflitos.
*Maria Carme Boqué Torremorell é autora do livro Mediação de Conflitos na Escola – Modelos, estratégias e práticas, da Summus Editorial