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“Meu filho com dengue”: sintomas podem parecer com os da Covid

Entenda a importância da prevenção e saiba como identificar os sintomas e tratar a dengue

Carolina Novaes* Publicado em 10/06/2021, às 13h03

Ana Carla Chammas e o filho João Felipe - Foto: arquivo pessoal
Ana Carla Chammas e o filho João Felipe - Foto: arquivo pessoal

Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, até a décima semana de 2021, foram notificados 103.595 casos prováveis de dengue no Brasil. Em comparação com o ano de 2020, houve uma redução de 74,3 % de casos registrados para o mesmo período analisado.  

Mas o Ministério aponta que em decorrência da epidemia de Covid-19 os dados podem estar subnotificados ou atrasados, já que existe uma mobilização das equipes de vigilância e assistência para a demanda do combate ao coronavírus, e também um possível receio da população em procurar um atendimento em uma unidade de saúde.

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O Papo de Mãe entrevistou a Ana Carla Chammas, de Porangaba, no interior de São Paulo. O filho dela, o João Felipe, de 8 anos, está com dengue. Ele começou a apresentar os sintomas no último domingo (06) pela manhã, com uma febre bem forte, alta e moleza. “Meu filho tem TDHA, então ele joga no celular e quando está bem, é um barulhão aqui em casa e percebo que não está bem quando está muito quietinho, e esse quadro de febre durou o dia todo”, afirma a mãe. 

Ana Carla e João Felipe
Ana Carla e João Felipe. Foto arquivo pessoal. 

Ana Carla deu antitérmico, mas a febre não diminuiu e por isso recorreu a um pronto-socorro. “Fizeram o teste da dengue e deu positivo”, relata. Após a hidratação feita no hospital, a criança foi liberada e segue com os cuidados em casa. 

João Felipe, 8, no hospital
João Felipe, 8, no hospital. Arquivo pessoal.

Segundo o Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Junior, infectologista do Hospital Infatil Sabará, a cidade de São Paulo, até os últimos dados do boletim epidemiológico do ano, teve em torno 5.700 casos de dengue, o que segundo o médico, é quase 3 vezes o número de casos registrados em todo ano de 2020. "O que se espera a partir de agora, é que o número de casos diminua, na verdade já se verificou uma diminuição no mês de maio em relação ao mês de abril, então normalmente a média histórica dos casos de dengue, o pico acontece no mês de abril, e depois tende a começar a diminuir, por conta do frio e da diminuição de chuvas que acontecem nos meses mais frios do ano", relata o infectologista.

Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Junior
Dr. Francisco Ivanildo de Oliveira Junior

Sintomas 

Os sintomas em geral, provocados pelo mosquito Aedes Aegypti, podem ser, segundo o Ministério da Saúde, febre aguda com até sete dias de duração, acompanhada de outros sintomas como dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor muscular e articular, prostração e manchas vermelhas na pele, com ou sem sangramentos. A criança pode ser assintomática ou apresentar sinais e sintomas inespecíficos, como febre, fraqueza, sonolência, recusa da alimentação e de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas.

Nos menores de dois anos de idade – principalmente nos menores de seis meses – sintomas como dor de cabeça e dores no corpo podem se manifestar por choro persistente, fraqueza e irritabilidade, podendo ser confundidos com outros quadros infecciosos febris. "Em crianças pequenas o quadro pode ser difícil de se identificar, vai se manifestar por uma febre, a dengue tem como característica principal uma doença febril aguda, que vai durar no máximo por 7 dias, e dependendo da criança, ser acompanhada por manifestações gastrointestinais; diminuição da aceitação alimentar. Crianças que apresentam esses sintomas depois de 48 ou 72 horas precisam ser levadas para o pediatra, para uma avaliação" afirma o infectologista, Dr. Francisco.  

Tratamento

O tratamento após a confirmação da dengue é feito com hidratação contínua via oral e observação. "Observar os sinais que chamamos de gravidade, como o aparecimento de sanguamento ou quaisquer outros sinais que possam estar realcionados a síndrome do choque da dengue, que é uma diminuição importante da pressão e que acontece normalmente não por sangramento externo, mas por estravazamento de líquidos dentro dos vasos, para os espaços interficiais e cavidades, em que esse líquido pode se acumular na cavidade pleural, abdominal", alerta o infectologista.

Para o Dr. Francisco, a dificuldade respiratória, dor abdominal, palidez, número de batimentos cardíacos muito acelerados, são sintomas que deve fazer com que a criança seja levada para uma reavaliação. 

Prevenção

A mãe de João Felipe nos contou que sua cidade, Porangaba, está com muitos casos de dengue, e que ainda observa uma negligência por parte da população. “Existe um terreno baldio ao lado da minha casa e o vizinho não tem preocupação nenhuma, a casa está abandonada. O mato cresce e se não é a gente que poda o quintal, isso não acontece”. 

Para o Dr. Francisco, o maior cuidado que todos devem ter, é com o entorno da sua casa, "Nós sabemos que mais de 80% das vezes o criadouro está dentro do domicílio, ou no peridomincílio, ali no quintal, na pracinha próxima, no terreno baldio ao lado, no telhado etc, e são nesses locais que  o mosquito irá colocar seus ovos. O mosquito precisa da proximidade com os seres humanos para a fêmea se alimentar do sangue", afirma o infectologista.

Ele complementa dizendo que os cuidados para além dessa parte essencial, em lugares que é sabido que a taxa da doença é alta, os pais podem tomar como medida de prevenção a colocação de telas nas janelas ou mosquiteiros nos berços das crianças. "Além disso pode-se utilizar também repelentes diretamente na pele da criança a partir de 6 meses de idade, e é muito importante que um adulto aplique o repelente, tendo o cuidado de não colocar nas mãos e no rosto da criança, para não tem uma intoxicação", alerta Dr.Francisco. 

Portanto, a medida mais eficaz de prevenção continua sendo o combate ao mosquito transmissor da dengue, por isso, é necessária uma atenção redobrada em ambientes com água parada e manter depósitos de água totalmente fechados. 

*Carolina Novaes é repórter do Papo de Mãe. 

Assista ao Papo de Mãe sobre dengue. 

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