Papo de Mãe

Ninar é diferente de chacoalhar o bebê; entenda os riscos

Roberta Manreza Publicado em 23/03/2016, às 00h00 - Atualizado às 16h23

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23 de março de 2016


Uol 

Simulador-de-Bebé-Sacudido.-Salud-Taller

Uma notícia publicada pelo jornal chinês “People’s Daily” de que uma menina de sete meses morreu enquanto era ninada colocou os pais em alerta. Segundo a publicação, o pai segurava a filha no colo em uma cadeira de balanço quando ela começou a espumar pela boca. Ela foi declarada morta ao chegar no hospital e diagnosticada como vítima da síndrome do bebê sacudido, quando a criança sofre lesões cerebrais por ser balançada com força. No entanto, segundo os pediatras ouvidos pelo UOL, um simples ninar não é capaz de causar esse tipo de dano neurológico.

A síndrome do bebê sacudido acontece em casos de movimentações bruscas. Segundo Silvana Frizzo, neuropediatra do hospital infantil Sabará, em São Paulo, às vezes, os adultos, desesperados com o choro da criança, acabam balançando-a com força pelos braços, em um movimento para frente e para trás, sem apoio da cabeça. Ainda que não existam dados da incidência da síndrome no Brasil, ela é a segunda causa de morte em crianças nos Estados Unidos.

Como o volume cerebral do bebê é desproporcional ao corpo, o órgão fica “solto” dentro da caixa craniana. “Quando a criança é chacoalhada, acontece um processo de aceleração e desaceralação, provocando a ruptura dos vasos presentes no sistema nervoso central e na retina”, explica a pediatra Flávia Nassif, que atende no Hospital Sírio-Libânes, em São Paulo.

O movimento, de fato, faz com que ela pare de chorar, no entanto, os sintomas da síndrome começam a aparecer. “A criança pode ter um quadro confusional –caracterizado por sonolência, convulsão ou agitação–, sangramento na retina ou hemorragia intracraniana “, afirma Flávia.

A orientação, segundo Luci Yara Pfeiffer, do Departamento de Segurança da Criança e Adolescente da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), é levar a criança imediatamente a um pronto-socorro infantil, de preferência que possua uma UTI neonatal, para iniciar o tratamento das sequelas.

“Em muitos casos, a criança não aguenta as lesões e morre. No entanto, as que sobrevivem podem ficar cegas, com paralisa cerebral, dificuldades motoras e cognitivas, retardo mental, dificuldades de sociabilização e aprendizado, além de crises convulsivas para o resto da vida. Tudo depende da intensidade do sangramento e do tempo que ela demorar para chegar a um serviço de emergência”, declara Silvana.

Outra medida para evitar a síndrome, é evitar brincadeiras bruscas com os filhos. “Jogar a criança para cima ou para um outro tio de brincadeira pode gerar uma descompensação cerebral. Todo movimento brusco com a cabeça da criança pequena deve ser evitado”, afirma a pediatra do Departamento de Segurança da Criança e Adolescente da SBP.

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