Papo de Mãe

O Dilema das Redes: vamos deixar nossas crianças e adolescentes nas mãos da internet?

Quem aqui já assistiu ao filme da Netflix “O Dilema das Redes” (The Social Dilemma)? Assustador? Chocante? Desesperador?Em primeiro lugar, gostaria de sugerir para quem ainda não sabe do que se trata: veja e, de preferência, na companhia dos filhos.O documentário norte-americano, dirigido por Jeff Orlowski, analisa o papel das redes sociais e os danos que elas causam à sociedade...

Roberta Manreza Publicado em 22/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h18

Imagem O Dilema das Redes: vamos deixar nossas crianças e adolescentes nas mãos da internet?

Quem aqui já assistiu ao filme da Netflix “O Dilema das Redes” (The Social Dilemma)? Assustador? Chocante? Desesperador?Em primeiro lugar, gostaria de sugerir para quem ainda não sabe do que se trata: veja e, de preferência, na companhia dos filhos.O documentário norte-americano, dirigido por Jeff Orlowski, analisa o papel das redes sociais e os danos que elas causam à sociedade. Danos individuais e coletivos.

22 de setembro de 2020


Getty Images
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Quem aqui já assistiu ao filme da Netflix “O Dilema das Redes” (The Social Dilemma)? Assustador? Chocante? Desesperador?Em primeiro lugar, gostaria de sugerir para quem ainda não sabe do que se trata: veja e, de preferência, na companhia dos filhos.

O documentário norte-americano, dirigido por Jeff Orlowski, analisa o papel das redes sociais e os danos que elas causam à sociedade. Danos individuais e coletivos.

A cada depoimento, eu me pegava pensando: será este um caminho sem volta? As redes sociais, que até poderiam ter coisas interessantes, como aproximar velhos amigos e parentes distantes, teriam se tornado um monstro capaz de nos ameaçar? E em que momento, como seres humanos, permitimos que elas dominassem desta maneira nossas vidas, manipulassem nossas ações e pensamentos?

Como pais e mães, cabe a nós a enorme responsabilidade de cuidar dos nossos filhos e filhas que já nasceram nesta era digital. Quando o filme terminou, eu me senti impotente, sem saber o que fazer. Preocupada e, ao mesmo tempo, pensando numa saída. Os próprios entrevistados dão algumas dicas importantes. Já que não vamos todos sair das redes e voltar ao mundo analógico, sugerem, pelo menos, que a gente desative as notificações e controle melhor o tempo que passamos online. Para crianças e adolescentes isso é ainda mais difícil do que para os adultos, então temos a obrigação de fazer isso por eles. Vão chiar, vão reclamar. Mas lembra da frase “é para o seu bem”?

Assim como não deixamos que uma criança fume um cigarro, ou tome bebida alcóolica, ou veja conteúdo inapropriado, nos damos conta de que temos que fazer isso também com a internet. Ou corremos o risco de entregarmos nossos filhos e filhas de mãos beijadas para um mundo paralelo, que vive de polarização e fake news, até porque se beneficia disso.

O mais interessante do filme é que todos os entrevistados foram funcionários destas empresas de redes sociais e ocuparam altos cargos. Então sabem muito bem do que estão falando. Google, Facebook, Instagram, Twitter, Tik Tok são responsabilizados por depressão e até suicídios, manipulação eleitoral pelo mundo, por provocar a discórdia. É o lado profundamente negativo das redes, que estão condicionando uma geração inteira a recorrer a chupetas digitais, deixando assim de viver o mundo real. Passam a viver em bolhas de opinião, o que leva a extremos, como não aceitar nem respeitar a opinião do outro.

Vamos lembrar que opinião é uma coisa e informação falsa é outra. Tão ruim e grave quanto produzir uma fake news é acreditar nela e ainda compartilhar, em geral para confirmar uma tese também mentirosa.

Em resumo, as redes estariam criando um “cérebro global”, podendo trazer à tona o que há de pior na sociedade: alienação, incivilidade, indignação exagerada com base em notícias falsas, falta de confiança, solidão, perda da autoestima, populismo, polarização e manipulação eleitoral. Ufa! É uma tragédia anunciada.

Tomar uma decisão radical para mudar o comportamento da família toda em relação às redes sociais não é fácil, mas é necessário para garantir nossa sobrevivência. Quem se habilita?

Aproveito o momento para reafirmar o compromisso que o nosso Programa Papo de Mãe tem com as famílias brasileiras. Há 11 anos levando informação de qualidade, com respeito e responsabilidade. Dia 21 de setembro de 2009 entrava no ar o primeiro programa com o tema “O Parto”. De lá pra cá, foram ao ar mais de 2 mil temas e nossa lista de assuntos a serem debatidos continua infinita. O único programa da televisão brasileira que fala da criação dos filhos em todas as idades. A vida como ela realmente é. Lembrando que as crianças e adolescentes também são ouvidos por nós. Afinal, no coração de mãe e no Papo de Mãe, sempre cabe mais um.

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