pmadmin Publicado em 19/09/2014, às 00h00 - Atualizado em 08/10/2014, às 13h49
São 10 horas da noite. Você está exausta. Trabalhou o dia inteiro e ainda está acordada tentando a todo custo fazer seu filho dormir. Passada meia, uma hora, você finalmente consegue fazê-lo pegar no sono e aí pensa: “agora é minha vez! Vou deitar na minha cama quentinha e dormir até…”
O quê!? Mal você deita, fecha os olhos, e já ouve aquele chorinho vindo do quarto. Será que você está sonhando? Não. Seu filho acordou. Antes de se levantar, você ainda espera um pouquinho para ver se ele pega no sono novamente, mas em poucos segundos percebe que sua esperança de dormir foi por água abaixo mais uma vez. Então, você se dá conta de que aquele conselho que ouvia desde a gravidez “aproveite para dormir agora porque depois que os filhos nascem suas noites nunca mais serão iguais” tinha um fundo de verdade. Enfim, se em algum momento da sua vida como mãe você se viu numa situação semelhante a esta, saiba que você não está sozinha. A privação do sono depois do nascimento dos filhos é uma das maiores queixas por parte dos pais. Já falamos sobre SONO em algumas oportunidades no PAPO DE MÃE – afinal o assunto é de interesse geral – e o que descobrimos é que, quando a criança é pequena, dormir uma noite inteira sem acordar é privilégio de poucos. Isto acontece porque existe um processo natural de maturação do sono, pelo qual todas as crianças passam, onde algumas inconstâncias como, por exemplo, acordar chorando à noite por estar com fome, fralda molhada, medo ou algum outro incômodo, são consideradas normais até certa idade, e só exigem um pouco de paciência por parte dos pais. O sono do recém-nascido é um exemplo. Embora seja capaz de dormir de 16 a 20 horas por dia, o bebê muito pequeno não possui noção da diferença entre o dia e a noite. Além disto, nesta fase (que, em geral, vai até os 3 meses), o bebê precisa ser alimentado em intervalos de, em média, 3 a 4 horas. Mas à medida que o desenvolvimento progride, a duração do sono se modifica e cada bebê vai estabelecendo seu próprio ritmo. De acordo com a neonatologista Dra. Bárbara Matera Sampaio, embora não exista uma regra para isto, aos 4 meses, já é possível que o bebê consiga dormir uma noite inteira. Segundo ela, o importante é manter sempre uma rotina, tanto de horários quanto de sequência das atividades para que o bebê aprenda a dormir sozinho. Também é importante que a criança aprenda a confortar-se a si mesma, caso acorde durante a noite, ensina. Porém, se com o passar do tempo os pais perceberem que o sono dos filhos em vez de melhorar está se tornando um problema, vale a pena investigar as causas e procurar ajuda. Em uma entrevista exclusiva para o Papo de Mãe, a neuropediatra Dra. Márcia Pratella Hallinan, especialista em distúrbios do sono, falou sobre alguns distúrbios do sono frequentes em crianças, que merecem atenção: terror noturno, sonambulismo, bruxismo, enurese noturna, apneia do sono, entre outros. Meu filho, por exemplo, nem sempre dormiu bem. Quando bebê, sofria de refluxo após as mamadas e, mais tarde, com um pouco mais de um ano de idade, descobri que ele tinha um desconforto respiratório em razão de uma hipertrofia de adenóides (popularmente conhecida como “carne esponjosa”) que o impedia de dormir tranquilamente. De qualquer forma, mesmo que a criança não apresente qualquer distúrbio ou problema, não existe uma “fórmula mágica” para fazer os filhos dormirem melhor. O que existe é uma tendência natural do organismo a melhorar a qualidade do sono à medida que a criança amadurece e algumas dicas que podem ajudar na hora de colocar a criança para dormir. Estabelecer um horário e criar uma rotina relaxante antes de dormir, sem estímulos que possam estressar a criança é o primeiro passo. Um banho morno, uma massagem e uma leitura (ou música) apropriada podem ajudar neste processo de relaxamento. A alimentação também é um fator importante. Segundo a neuropediatra, “não é recomendável, nem para o adulto nem para criança, comer muito próximo do horário de dormir”. Por fim, o ambiente também é muito importante. Para a Dra. Márcia, um local agradável, ventilado e com uma luz azul fraquinha é recomendável. “O comprimento de onda da luz azul favorece a entrada no sono e a manutenção das ondas elétricas do cérebro mais uniformes, o que faz com que o sono fique mais tranquilo”. *Clarissa Meyer é mãe, advogada, editora e colunista do Portal Papo de Mãe.—Dica: Reveja o Papo de Mãe sobre “Sono dos filhos e dos pais” e “Distúrbios do sono”