20 de setembro de 2011
‘Sem filhos – a mulher singular no plural’, de Luci Helena Baraldo Mansur,
é o resultado de uma pesquisa recente sobre a experiência da não-maternidade – fenômeno bastante frequente na atualidade, mas ainda pouco investigado nos meios acadêmicos. Buscando ultrapassar abordagens tradicionais, preconceituosas e estigmatizantes, a autora nos apresenta um estudo qualitativo e exploratório das dimensões atribuídas à não-maternidade, em que contribuições de diversas áreas das ciências humanas e sociais foram articuladas ao eixo psicológico da investigação, fornecendo subsídios para a compreensão das experiências de mulheres sem filhos. Um caleidoscópio de sentidos – Polifônica e polissêmica, a não-maternidade assume diversos significados, não apenas para as diferentes mulheres entrevistadas – mas também para cada uma individualmente, dependendo da perspectiva e do momento em que foi objeto de reflexão pessoal. Trata-se, portanto, de um fenômeno dificilmente redutível a um único determinante e sua compreensão requer a revisão das expectativas em relação aos papéis femininos tradicionais; o questionamento do mito do instinto materno; o reconhecimento e a aceitação da diversidade dos desejos e das circunstâncias das mulheres ocidentais contemporâneas. Moldada na intersecção entre história, cultura, sociedade, família e personalidade, a não-maternidade configura uma experiência multifacetada e, embora represente uma diferença significativa em relação ao modelo feminino tradicional, não pode e nem deve ser confundida com inferioridade ou patologia psicológicas.