Papo de Mãe

Parceria entre Família e Escola na Educação Inclusiva

Roberta Manreza Publicado em 01/06/2016, às 00h00 - Atualizado em 27/06/2016, às 09h01

Imagem Parceria entre Família e Escola na Educação Inclusiva
1 de junho de 2016


Por Emílio Figueira*, educador e escritor

emiliofigueira

Atualmente, estamos ouvindo falar muito sobre Educação Inclusiva. Muitas crianças e jovens com variadas deficiências estão cada vez mais incluídas e convivendo normalmente com as demais em todas as  escolas.

Essa convivência abre a oportunidade para a escola trabalhar essas questões como um tema transversal, pois ela é local de diálogo, de aprender a conviver, vivendo a própria cultura e respeitando as diferentes formas de expressão cultural. O grande desafio da escola será investir na superação da discriminação e dar a conhecer a riqueza representada ela diversidade etnocultural que compõe o patrimônio sociocultural brasileiro, valorizando a trajetória particular dos grupos que compõem a sociedade.

Numa livre citação, no geral, pensar em Inclusão Escolar, é levar em conta as palavras da pedagoga Maria Teresa Eglér Mantoan: “É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos”.

Posso propor a você, pai, mãe e/ou familiares, que uma das primeiras formas para realizar isto pode ser a de fazer a “lição de casa” com seu filho, fazendo uma revisão do que foi feito na sala de aula nesse dia e tendo atitudes como estas:

  • Participar de reuniões da equipe escolar para planejar, adaptar o currículo e compartilhar sucessos
  • Ser incorporado pela escola como parceiro de planos da equipe, participando de todos os aspectos operacionais da escola
  • Estar nas atividades extracurriculares e ter acesso a treinamentos relevantes
  • A escola desenvolver informações sobre os serviços de apoio à família, pois nesta interação escola-família, a Inclusão Escolar obterá muito mais êxitos

Todos esses pontos comprovam que a Escola Inclusiva envolve a participação da família e da comunidade, as quais podem contribuir para fortalecer e multiplicar as ações inclusivas. Isto prova, mais uma vez, que professores e diretores não podem promover a inclusão de uma criança com necessidades educacionais especiais sozinhos. Para esse sucesso, será de fundamental importância o envolvimento de todos!

Friso a importância de se dar “atenção e valorização às pequenas conquistas de um filho com deficiência”! Isto já será uma atitude positiva dos pais em relação à participação e às potencialidades dele e, também, à sua inclusão escolar e social.

Durante as atividades do dia a dia, é importante que se tire o maior proveito das habilidades individuais, auxiliando os estudantes a desenvolverem suas capacidades intelectuais. Aqui, quero conversar um pouco sobre um assunto que acho fundamental. O hábito que os pais e a família devem criar de prestar atenção e valorizar pequenas conquistas na vida diária de seus filhos com deficiência. Na vida diária, por exemplo, comer, vestir-se, tomar banho, sair de casa, dentre outras coisas, assim como fazer tudo isso sozinho, é rotina na vida de qualquer um.

Contudo, para nós que temos uma deficiência, cada conquista e cada autonomia de fazer sozinho as coisas têm um valor e uma alegria imensos. Posso até contar uma passagem. Tenho recebido muitos convites para fazer palestras pelo Brasil. Minha família me leva ao aeroporto e me busca de lá, mas quando me sinto sozinho caminhando lá dentro, embarcando entre gentes desconhecidas, voando, desembarcando em lugares que nunca estive antes, rumo ao encontro de pessoas que nunca vi, me dá uma sensação de liberdade incrível, sinto-me cada vez mais confiante diante de minhas limitações. Isto também nas pequenas coisas.

Ao longo da minha reabilitação, algumas ações, tais como aprender a alimentar-me pelas minhas próprias mãos, a cuidar da minha higiene pessoal, a vestir-me, a me barbear com o barbeador elétrico, a sair sozinho para estudar e trabalhar, dentre outras coisas corriqueiras para quem não tem deficiência, sempre tiveram um valor muito grande para mim. Por isto recomendo em alto e bom som: ATENÇÃO E VALORIZAÇÃO ÀS PEQUENAS CONQUISTAS DE SEU FILHO!

*Emílio Figueira é educador, psicólogo, psicanalista e autor de vários livros. Participou do Papo de Mãe nos programas sobre “Inclusão Social” e “Paralisia Cerebral”. Site: www.emiliofigueira.com.br

 Conheça a história de Emílio e assista aos programas que contou com a sua participação:




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