Não é só na boca e nariz que as crianças têm costume de colocar objetos: o ouvido também é um local bem atrativo para os pequenos.
Roberta Manreza Publicado em 12/03/2019, às 00h00 - Atualizado às 14h22
Por Dra. Jeanne Oiticica*, médica otorrinolaringologista e otoneurologista
Introduzir objeto no canal auditivo é frequente
Não é só na boca e nariz que as crianças têm costume de colocar objetos: o ouvido também é um local bem atrativo para os pequenos. Os corpos estranhos no canal do ouvido são frequentes e requerem consulta com o otorrinolaringologista, seja no pronto atendimento de hospitais ou em consultório.
O ouvido direito é o preferido das crianças, raro ocorrer em ambos os ouvidos. Pedra, milho, feijão, algodão, brincos, tarraxas e pilhas estão entre os corpos estranhos mais frequentemente encontrados. A idade em que o incidente mais acontece é por volta dos cinco anos, é mais comum no sexo masculino, em cerca de 60% a 70% dos casos.
Perfuração da membrana timpânica, infecção de ouvido, dor e surdez podem acontecer. Por isso, é importante procurar o especialista imediatamente. Ele irá avaliar:
A Dra. Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista, otoneurologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica os principais sinais que podem levar os pais a desconfiarem que algo está errado. “A criança acaba levando a mão ao ouvido com frequência, tenta coçar ou retirar o objeto com o dedo, pois é um corpo estranho e este traz incômodo. Pode se queixar de dor de ouvido. Pode haver otorreia (secreção purulenta e fétida que drena pelo canal do ouvido) em caso de infecção associada. Eventualmente, a febre pode estar associada. Isso varia de acordo com o corpo estranho, seu tamanho, se é liso ou cortante, se está ou não em íntimo contato com a membrana do tímpano”, detalha a especialista.
O que os pais e/ou cuidadores devem fazer ao sinal desses sintomas – Dra. Jeanne recomenda levar ao pronto atendimento médico, de preferência um que tenha otorrinolaringologista, pois só o especialista está habilitado, treinado e possui o instrumental adequado esses casos. “Além disso, como o canal é estreito, existe pouco espaço para o instrumental e o corpo estranho, e em cerca de 10% a15% dos casos pode ser necessária sedação em centro cirúrgico”.
O pais devem observar bem os brinquedo antes de entregá-los à criança, pois muitos podem soltar peças pequenas. Orientar previamente à criança que não se introduza peças do brinquedo nas cavidades do corpo também é importante.
*Dra. Jeanne Oiticica
Médica otorrinolaringologista, formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Orientadora do Programa de Pós-Graduação Senso-Stricto da Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP.
Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Professora Colaboradora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Responsável do Ambulatório de Surdez Súbita do hospital das Clínicas – São Paulo.