Fazer xixi na cama é uma situação que atinge até 15% das crianças com cinco anos de idade, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia.
Roberta Manreza Publicado em 19/11/2019, às 00h00 - Atualizado às 13h35
Por José Murillo B. Netto, urologista pediátrico e chefe da disciplina de Urologia na Universidade Federal de Juiz de Fora
Por conta do desconhecimento sobre a enurese noturna, pais e responsáveis tendem a culpar a criança pelos episódios
Fazer xixi na cama é uma situação que atinge até 15% das crianças com cinco anos de idade, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia. Apesar de ser bastante comum, o desconhecimento sobre o transtorno, chamado de enurese noturna, acarreta problemas para os pequenos que lidam com essa realidade, como baixa autoestima, isolamento social, alterações de humor e insegurança.
De acordo com um estudo realizado no Brasil, pelo menos 50% das crianças enuréticas já passaram por algum episódio de punição física após acordar com a cama molhada. “Esse é um dos principais erros que os pais cometem: achar que a criança é culpada e usar do castigo para reprimir o filho”, destaca José Murillo B. Netto, urologista pediátrico e chefe da disciplina de Urologia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Outra falha crucial é não procurar atendimento especializado por achar que o transtorno vai melhorar sozinho com o tempo.
Além de não auxiliar no tratamento, o comportamento de punição dos pais ou responsáveis pode ainda piorar o quadro de enurese noturna, já que aumenta o nível de estresse e o sofrimento. “Nenhum tipo de repreensão é benéfico, principalmente, porque a criança não tem a menor culpa pelos episódios de xixi na cama”, reforça o especialista.
Os adultos costumam acreditar que o pequeno tem preguiça de levantar-se à noite para ir ao banheiro e, por isso, não controlam a urina durante o sono. Entretanto, sabe-se que a enurese noturna está associada a disfunção urinária e/ou intestinal, distúrbios emocionais e de comportamento e a alterações respiratórias. Por esse motivo, apoiar-se apenas na crença de que o quadro vai melhorar naturalmente prejudica a criança.
“A prática clínica mostra que quando os pais são acompanhados com psicólogo durante o tratamento e orientados quanto aos prejuízos da punição, o resultado é melhor, com resposta mais rápida à terapia escolhida. A principal dica nesses casos é buscar médicos especializados em transtornos urológicos pediátricos, que são profissionais acostumados a lidar com a enurese noturna e entendem as frustrações e estresse do transtorno para toda a família”, completa o urologista.
Mais informações sobre o xixi na cama
O site www.semxixinacama.com.br, desenvolvido com o apoio do Laboratórios Ferring, reúne informações sobre a enurese e tem o objetivo de orientar as famílias sobre como lidar com o xixi na cama sem traumas, alertando sobre a importância do diagnóstico correto e da busca por tratamento médico adequado. O visitante ainda tem acesso a uma lista com os centros de apoio mais próximos a sua região, perguntas e respostas sobre o tema, além de vídeos e um blog.
Referência:
1 – Avaliação da violência intradomiciliar na criança e no adolescente enuréticos.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-75572009000500011
2 – Increased Risk of Physical Punishment among Enuretic Children with Family History of Enuresis