Roberta Manreza Publicado em 30/08/2016, às 00h00 - Atualizado às 08h01
Por Roberta Manreza,
Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, Pense 2015, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos cerca de 2,6 milhões de estudantes que cursavam o 9º ano do ensino fundamental em 2015, 27,5% já haviam tido relação sexual (cerca de 723,5 mil). Em média, um aluno do 9º ano tem 14 anos de idade. Deste total, 39% (280,7 mil) não usaram preservativo na primeira vez e 33,8% (219,2 mil) não utilizaram na última relação sexual. Das meninas do 9º ano que haviam tido relação sexual, 9% disseram já ter engravidado.
O estudo constatou que 87,3% dos alunos do 9º ano receberam informações, na escola, sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e Aids. Para a pediatra Evelyn Eisenstein, do Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), há 40 anos trabalhando com adolescentes “não basta informar e dizer use camisinha, use pílula. Esse adolescente deve ser atendido em programas que trabalhem a percepção corporal, de identidade sexual, de valor como pessoa, dos riscos de uma gravidez. Você só vai usar camisinha se você tiver respeito a si próprio e ao outro”.
Evelyn afirmou ainda que o principal gargalo, no que tange à saúde dessa faixa-etária, é falta de um programa nacional de saúde. Segundo a pediatra, o percentual de meninas entre 15 e 19 anos que engravidam no Brasil é muito mais alto que o relatado nas escolas, entre 20% a 23%, chegando a 30% em alguns estados. Entre 10% a 15% dessas meninas que engravidam são vítimas de violência e abuso sexual, ressaltou ela.
Cigarro, álcool e drogas ilícitas
Cerca da metade dos estudantes do nono ano (55,5% ou 1,5 milhão) já havia consumido uma dose de bebida alcoólica alguma vez, percentual superior ao observado em 2012 (50,3% ou 1,6 milhão).
A proporção dos estudantes do 9º ano que já experimentou drogas ilícitas também subiu em relação a 2012, ao passar de 7,3% (230,2 mil) para 9% (236,8 mil ). Ainda segundo a pesquisa, em relação ao consumo atual de álcool e drogas ilícitas, respectivamente, 23,8% (626,1 mil) e 4,2% (110,5 mil) dos estudantes do 9º ano tinham feito uso dessas substâncias nos últimos 30 dias antes da pesquisa.
No que se refere à experimentação do cigarro, ela tem um crescimento relativo de aproximadamente 53,0% entre as duas faixas de idade analisadas. No grupo etário de 13 a 15 anos, a experimentação é de 19,0%, chegando a pouco mais de 29,0% entre os escolares na faixa etária de 16 a 17 anos.
Evelyn alertou que o uso de substâncias psicoativas na fase de crescimento e desenvolvimento do cérebro prejudica o desenvolvimento do adolescente.
“A pior droga do Brasil é o álcool. Esse uso é um fenômeno cultural e de marketing. Para você ser homem tem que ficar bêbado, como se fosse um ritual de passagem. Fora os patrocínios de bebidas alcoólicas em festas para jovens”, comentou ela.
“O Brasil precisa realmente de programas de educação em saúde com metodologias apropriadas para o adolescente. Além de vigilância, pois qualquer botequim ou posto de gasolina vende cerveja para adolescentes”.
O Papo de Mãe tem programas imperdíveis com muitas trocas de experiências entre pais de adolescentes, orientações de especialistas sobre o assunto e a opinião dos próprios jovens sobre essa fase.
Assista aos nossos programas com dicas do saudoso psiquiatra Içami Tiba e da ginecologista Albertina Duarte
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