De acordo com dados do Programa Nacional de Imunizações, referentes a 2019, pela primeira vez no século o país não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas infantis.
Roberta Manreza Publicado em 14/09/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h15
Por Hospital Pequeno Príncipe,
Nenhuma vacina atingiu a meta entre o grupo de bebês e crianças de até um ano completo em 2019
Além das preocupações e das atitudes preventivas impostas pela pandemia do coronavírus, uma nova realidade coloca em risco a saúde pública no Brasil: de acordo com dados do Programa Nacional de Imunizações, referentes a 2019, pela primeira vez no século o país não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas infantis.
A situação é extremamente preocupante, uma vez que o país já teve bons resultados nessa área, por isso o Hospital Pequeno Príncipe apoia o “Manifesto pela saúde das crianças brasileiras – O país precisa aumentar sua cobertura vacinal”, da Sociedade Brasileira de Pediatria divulgado essa semana e alerta sobre a importância de manter a vacinação das crianças em dia.
“Sempre foi muito boa a cobertura vacinal, culturalmente tínhamos uma boa adesão. De forma universal e gratuita, o acesso à vacina em nosso país é muito fácil, tem um impacto muito importante na saúde humana e faz a diferença”, comentou a médica pediatra Heloisa Ihle Garcia Giamberardino, coordenadora do Serviço de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Pequeno Príncipe (SECIH).
A especialista, responsável também pelo Centro de Vacinas do Pequeno Príncipe, lembra que o acesso à vacinação é um direito das crianças e adolescentes. “Os pais não podem, simplesmente, deixar de oferecer. Em pleno século 21, não é possível admitir que uma criança adquira ou tenha uma evolução fatal por conta de uma doença imunoprevenível”, completou a médica.
O problema da baixa cobertura vacinal vem se agravando nos últimos cinco anos. No ano passado, infelizmente, nenhuma vacina atingiu a meta entre o grupo de bebês e crianças de até um ano completo. Em 2018, para se ter uma ideia da dimensão do problema, 3 das 9 imunizações mais indicadas nessa faixa etária atingiram o patamar esperado.
Com esses resultados pífios, há enorme risco do retorno de doenças já controladas, como ocorreu com o sarampo, ou ainda o aumento na transmissão daquelas que até então estavam sob controle. “Ao vacinar as crianças, você assegura a formação de uma grande rede de proteção também. Vale lembrar que no Paraná, para efetivar as matrículas nas escolas, é preciso que o estudante esteja com o calendário vacinal em dia. É importante a conscientização de todos. A vacina é ciência, uma importante ferramenta de saúde pública e que protege todos nós”, reiterou Heloisa Ihle Garcia Giamberardino.