Papo de Mãe

Reclamona, eu?

Roberta Manreza Publicado em 21/01/2015, às 00h00 - Atualizado às 22h08

Imagem Reclamona, eu?
21 de janeiro de 2015


Roberta Manreza*

“Mãe, você é a pessoa mais reclamona da família!”

Essa frase soou muito mal para mim. Nunca imaginei que eu fosse escutar isso da minha filha. Tão enfática assim, durante um bate papo nestas férias, para todo mundo ouvir. Fui pega de surpresa e aquilo me fez pensar. Nada contra as pessoas reclamonas, mas é que eu não me via daquele jeito. Sempre achei, na minha humilde opinião, que eu reclamava muito pouco, que para mim estava tudo bem na maioria das vezes. Será que as pessoas me veem tão diferente assim do que eu acredito ser? Bom, resolvi perguntar o motivo.

“Mas eu reclamo do quê?” Indaguei.

“Ah, você passa o dia inteiro reclamando que eu não escovo os dentes, que eu não passo protetor solar, que eu não guardo as minhas roupas, que eu não como direito…” Juliana não parava de falar. A lista não acabava…

Ufa! É isso, então? Ah, então tudo bem. Isso é ser mãe, é ser pai. Pode me chamar de reclamona. Para mim isso se chama educar um filho. E vou educar você, gostando ou não!”

As crianças podem até achar ruim os pais pegando no pé na hora de ensinar o que é certo e o que é errado, mas elas se sentem cuidadas, amadas e preferem pais presentes do que pais ausentes. E nas férias, nós ficamos mais presentes. Acho que foi isso que aconteceu com a Juju.

Nestas férias, o nosso convívio foi maior e tenho que admitir que peguei mais no pé dela do que o normal. Sendo mais clara, fui mais chata mesmo. Prefiro ser chamada de chata agora, impondo limites, criando obrigações e cobrando o que eu tenho certeza ser fundamental para o futuro dela.

Pensando melhor, eu não precisava ter exagerado tanto. É que na correria do dia a dia, muitas vezes, falta tempo para olhar mais de perto essas pequenas coisas. Detalhes que nos dias de folga não passam despercebidos e precisam ser corrigidos. Meu marido até tentou:

A Juliana está de férias, pega mais leve” – Repetiu o Sandro, em algumas ocasiões.

Ele tem razão também. Precisamos equilibrar as coisas. Nem 8 nem 80. Dosar as broncas e saber elogiar.  Prometo tentar me conter um pouco mais no próximo feriado prolongado, no Carnaval, mas não vou deixar de educar – Ops, tá bom, “reclamar” (rsrsrsrs).

Vou reclamar na medida do possível, vou tentar encontrar uma medida certa. Afinal, sou mãe. E se quiserem podem me chamar de mãe reclamona, com muito orgulho!

Juliana, me desculpe, é para o seu bem, filha, e um dia você irá me agradecer.

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*Roberta Manreza é mãe, jornalista,  apresentadora do Programa Papo de Mãe e colunista do Portal Papo de Mãe.




Roberta Manreza